Cara leitora, sou tão atenta à vida que chego a dizer que eu a monitoro. Qualquer coisa, por mais simples, me chama a atenção. Quero saber o que é, para que serve, os prós e contras daquilo… Esse jeito de ser me foi muito útil na minha profissão como apresentadora. Dificilmente precisei de uma ficha para entrevistar alguém – observar a vida me deu uma vivência muito grande das coisas do mundo e também me ensinou a conhecer as pessoas.
Por isso, se tem uma coisa que me deixa indignada, é gente que não se interessa por nada. Que só sabe olhar em torno do próprio umbigo! Eis um exemplo: toda sexta-feira, passo por uma rua que vai dar no mercado onde faço compras. Nela, começaram a construir, há uns nove meses, um prédio de bons 15 andares.
Como em toda construção, o mapa do inferno se instalou! Sujeira, barulho, trânsito. Agora o tal edifício já está pronto. Sábado, eu passava diante dele e vi um homem dizer para sua mulher: “De onde surgiu esse prédio? Gente, eu nem reparei que estavam construindo aqui!”
Entendeu, cara leitora? Ele, vizinho do prédio construído, não percebeu! Das duas uma: ou é aquele que se desliga de tudo e se aliena para não ter que participar ou é daqueles que só se preocupam com os seus. Meu filho, minha mulher, minha casa, meu carro… O resto não tem nada a ver comigo. Infelizmente, faço parte da grande família humana. Ainda vejo as coisas ao meu redor. Aliás, isso às vezes me traz muito problema. Mas prefiro ser assim.