Sinto, mas não dá pra falar
de flores. Os tempos não
estão para isso – mesmo
em uma revista suave como
AnaMaria. Sou velha. São 81
anos na estrada da vida. Era
menina quando via meu pai
ficar roxo de raiva contra a
ditadura de Getúlio Vargas.
E, claro, não entendia nada.
Cresci com essa palavra dentro
de mim, quieta. Mas sentia
que um dia entenderia que
diabo era aquilo. Adulta, ela
me foi apresentada. Um golpe
de estado e o Brasil caiu nas
garras da… ditadura! Entendi
o ódio de meu pai. Me assusta,
hoje, poucas pessoas saberem
o que o Brasil passou. Quantos
morreram, foram torturados e
tiveram seu corpo desaparecido!
Ditadura é o sistema
político no qual você perde
todos os seus direitos. Eleições
são banidas, o Congresso é
fechado e você anda em companhia
da morte. Esse nosso
Congresso atual não presta? É
melhor com ele do que sem ele.
Me assusta muito o rumo que
as coisas estão tomando. Me
sinto na obrigação de alertá-
la, para não se deixar enganar
nesse momento difícil que o
Brasil está passando. E nem
acreditar em oportunistas que
pregam pela internet e nos
protestos de rua a volta da
ditadura. Acredite em mim,
já vi esse filme: ele não tem
graça. Ele é um terror! Sim,
concordo, nosso país está uma
vergonha. Uma quadrilha
de colarinho branco da mais
baixa categoria se apossou do
Brasil. Não podemos ignorar
de forma alguma. Temos que
nos unir, nos informar, sair
para as ruas sem violência. E
gritar a plenos pulmões: ditadura
nunca mais!
você perde todos os seus direitos. Eleições
são banidas, o Congresso é fechado…”