Dizem os astrólogos que o ponto fraco dos piscianos são os pés. Verdade! Desde menina sofro com os meus. Realmente, são a parte fraca do meu corpo. E agora, envelhecendo, reclamo muito mais. Vai daí que estou andando meio troncha e tenho encontrado muita solidariedade por aí.
Todo mundo quer dar a mão para “a pobre velhinha”. Mal sabem eles… Nessa caminhada de “tropeça, mas não cai”, vou ouvindo restos de conversas das pessoas nos celulares que empesteiam as ruas. Ouvi um jovem entusiasmado: “Vai lá, cara, é legal. Você aprende como agir no esquema. É sim, cara, é escola para garoto de programa. Eles ensinam coisas para você ganhar na moleza”. Olhei espantada, mas ele nem me viu. Eita, mundo bom!
Resto de conversa de mãe para filha: “Fica calma, esse canalha não vai te fazer nada. Teu pai já está indo pra aí!”. Apertei o passo para olhar no rosto dessa mãe, assim como quem não quer nada. Ela era uma máscara de medo e revolta. Os filhos… Ôôô, filhos! São a nossa prisão perpétua. E, para reforçar a prisão, para que a gente não sequer queira fugir nunca, eles nos dão netos. Ôôô, netos!
Mas como vale um bom pai! Só quem não teve sabe a tristeza dessa ausência. Como diz minha filha: “É um buraco que não fecha”. Espero que o pai que se encaminhava para exemplar o tal canalha da conversa que ouvi, seja ele quem for, tenha cumprido sua missão de bom pai. E vou continuar manquitolando por aí, escutando restos de conversa.
Fragmentos de conversa pescadas por aí nos fazem refletir sobre a vida e o mundo