Na
luta contra a esclerose múltipla, Claudinha, como é conhecida a comediante de
46 anos, tem sido uma adversária dura na queda. Foram anos de tratamentos à
base de remédios com efeitos colaterais até, finalmente, encontrar o caminho mais
adequado para conter o avanço do problema: um transplante de células-tronco.
Apesar de ter vivido momentos
delicados após o procedimento, os resultados dos exames comprovam uma melhora
do quadro. Graças a isso, a intérprete tem certeza: valeu a pena encarar o
desafio! Em entrevista à AnaMaria,
ela fala sobre suas conquistas e planos para o futuro:
Onde você vive atualmente?
Estou internada na clínica Cevisa [cevisa.org.br], no interior de
São Paulo, desde outubro do ano passado e vou permanecer aqui até junho, depois
volto para o Rio. É um local maravilhoso, agitado. Acordo todos os dias às 6
horas da manhã e começo as atividades. Faço fisioterapia, hidroginástica, pilates,
massagens… É uma rotina puxada! Mas vou feliz da vida, superanimada.
Você pode dizer
que o seu transplante foi bem-sucedido?
Graças a Deus, fiz os exames e estou muito melhor. Existe uma
escala que mede os impactos da esclerose na vida do paciente [quanto maior o
número, pior o estado de saúde]. Eu regredi vários pontos [Em 2010, a média foi
9. Depois do transplante, 7. Agora, 5]. Não tenho mais depressão nem problemas para
falar. Inclusive, já voltei a decorar textos. Isso tudo é muito bom! Está
faltando melhorar o equilíbrio do corpo, mas com os exercícios físicos ele logo
estará melhor.
Após o
transplante você ficou reclusa. Como foi essa experiência?
Triste, muita solidão. Rezava todos os dias, pois sabia que
passaria. Sou animada e não podia fazer nada, ficava muito tempo parada.
E a sensação de voltar
à vida social?
É ótima! A gente só sente falta daquilo que não tem. Hoje, meu
relacionamento com a família e amigos está melhor porque nossa convivência é mais intensa.
Como foi o
assalto que sofreu em julho de 2016?
Um trauma grande. Quebrei o tornozelo e não pude colocar o pé no
chão durante dois meses! A violência com que aconteceu gerou uma perturbação
emocional…
Voltará a atuar?
Já estou gravando para meu canal do YouTube [Claudia Rodrigues
Show], mas vai ao ar no segundo semestre.
Sua filha está
com você?
A Iza [14 anos] mora comigo na clínica. Ela está amando o
interior! Isso me surpreendeu, pois não sabia se uma carioca da gema gostaria
da mudança… Ela fica superempolgada ao ver a mãe melhorando. Tem sido parceira, me apoiado em tudo… Nós vamos estrear uma peça
juntas. Ela tem talento para a comédia, está na veia. Nós não vivemos uma sem a outra.
E as amizades?
Tenho cinco amigos com quem posso contar. Por mais que não queira,
eles vêm até mim. Às vezes, falo: “Gente, na boa, me larguem”, mas não adianta
[risos].
Seu estado de
espírito hoje é mais otimista?
Totalmente! É como se eu não tivesse mais esclerose múltipla,
mesmo com sequelas. Me sinto vitoriosa, venci essa doença. Hoje, consigo fazer tudo, sououtra pessoa, com
mais ânimo de viver.
E sua
espiritualidade ficou fortalecida?
Claro! Na clínica, temos muita leitura bíblica, e um pastor
explica de tudo. Além disso, sou católica praticante. Vou à missa todo sábado,
faço orações diariamente. Sinto que preciso falar com Deus, isso faz muita diferença. Ele é tudo na minha vida e foi graças a
ele, minha filha, a equipe médica e a Adriane [Bonato, amiga e empresária] que consegui vencer a
esclerose.
Que ensinamentos
tira disso tudo?
Depois do transplante estou mais paciente, as pessoas estão até estranhando.
Tento amar o próximo e ajudar os outros, porque sei que nada vem de graça. Uma
mão lava a outra. Devemos ser pessoas do bem, sempre.
Relembre a história de Claudinha!
2000: Ela sentiu formigamento durante uma apresentação. Ao investigar, descobriu que estava com esclerose múltipla. Seu drama só se tornou público em 2006.
2007: Iniciou as gravações da terceira temporada de A Diarista (Globo), mas, como não conseguia memorizar as falas de Marinete, interrompeu o trabalho.
2010 – 2012: Outros surtos da doença aconteceram, deixando-a com visão turva, falta de equilíbrio e memória, e fala arrastada.
2013: Fez a última grande participação na Globo, como Ofélia, no Zorra Total. Depois disso, apenas aparições esporádicas.
2015: No final do ano, se submeteu ao transplante de células-tronco, que retira as células doentes do corpo e as substitui por novas, saudáveis. Para isso, fez quimioterapia e raspou os cabelos.
2016: Após um tempo isolada para restabelecer a imunidade, internou-se na clínica Cevisa (Engenheiro Coelho – SP), em outubro. Ela permanece até hoje lá.