Fidelidade, apoio, companheirismo, sexo ativo, compreensão, consenso sobre a educação dos filhos… São muitas as coisas que os
parceiros esperam um do outro. Porém, nem sempre é possível se ter tudo ao mesmo tempo. “A tendência é colocarmos a nossa
felicidade nas mãos do companheiro, em vez de também batalharmos por ela”, diz Dora Gurfinkel Haratz (RJ), psicanalista e
psicoterapeuta de casais. “A relação deve ser feita de suplementação e não de complementação. É impossível manter alguém
100% feliz”, conclui. O psicanalista e terapeuta de casais Luiz Hanns (SP), autor do livro A Equação do Casamento (Ed. Paralela, R$ 42,90), reuniu as cinco principais queixas que levam à infelicidade dos casais. Analise em qual situação você e o seu amor se encontram e aprendam como evoluir na questão. A boa notícia é que dá para retomar as rédeas do relacionamento e “salvar” a união ou ter clareza de que não há mais futuro a dois. Nas situações a seguir, Hanns afirma que, se as partes levarem mais do que nove meses para ajustar os ponteiros, o ideal é buscar ajuda profissional.
Falta de sintonia sexual
Envelhecimento, rotina, filhos… Tudo conspira contra o erotismo, levando à perda de desejo. A solução é falar sobre sexo.
Projeto de reforma: escolha uma hora calma e puxe o assunto. “Devemos entender o motivo da perda da sintonia sexual: o clima não esquenta porque vocês estão sobrecarregados, porque o visual anda desleixado, ou há algum problema fisiológico? Vire o jogo
reservando um tempo só para vocês. Estimulem o sexo com elementos afrodisíacos. Que tal se beijar e se abraçar mais?
União em crise
Estão preocupados com a convivência? Ótimo: isso significa que a vida a dois tem potencial. A vontade de recuperar o que se “quebrou” é sinal de que o casamento pode melhorar.
Projeto de reforma: estabeleça um diálogo para descobrir quais são as áreas problemáticas na relação e esclarecer, sem cobranças, se os objetivos estão alinhados. Ele não está muito interessado na conversa? Você pode começar o trabalho sozinha. Crie uma “lista
vermelha” com os tipos de comportamento que você tem e que incomodam o seu parceiro e uma “lista verde” com as atitudes que ele gosta em você. A partir daí, passe a evitar os alertas vermelhos e invista mais nos verdes. Seja persistente! Em pouco tempo o seu par vai notar a mudança e começar a lhe retribuir com atitudes amáveis e positivas.
Sem encanto
Vocês se dão bem, mas acabou a empolgação. Esse sintoma é mais comum do que você pensa. Muito cuidado para não se afastarem demais e, dessa forma, perderem a conexão.
Projeto de reforma: o casamento fica morno geralmente quando acaba a paixão – de acordo com os especialistas, depois de dois anos. “Nessa hora, se o casal não mantém interesses em comum, a relação tende a esfriar ainda mais”, explica a psicóloga Heloisa Schauff (SP). O jeito é entrar no mundo um do outro. Acompanhá-lo, envolver-se nas atividades dele ou apenas vibrar por ele já é
solução. “Para uma relação dar certo, é importante conviver com a individualidade de cada um e criar projetos a dois”, lembra. Que tal por em prática a ideia de correrem juntos no parque?
Parceiro difícil
Ele é insensato, autoritário, egoísta? Esse tipo de pessoa geralmente não tem autocrítica e não se dispõe a mudar. Se o seu companheiro não for agressivo, é possível tentar conviver em paz. Mas, atenção: você tende a atuar sozinha, já que ele faz o tipo durão.
Projeto de reforma: antes de entrar de cabeça nas estratégias adiante, coloque em ação as dicas de resgate da união em crise. Assim, você testa o quanto está disposta a mudar a maneira como se sente, pensa e age para viver mais satisfeita com o parceiro. “Às vezes só você enxerga que a pessoa é difícil. Isso não significa que ela realmente seja”, explica Dora. Então, avalie se não é o caso de rever o seu ponto de vista. Depois pontue claramente por que quer continuar com ele – tem medo de ficar sozinha, valoriza a concepção de família, acha que não vai conseguir se sustentar? Se quiser seguir em frente, invista nas atitudes que ele admira
em você e não provoque os comportamentos grosseiros dele. Cada vez que ele tiver uma reação contrária ao que você gostaria, tente contornar conflitos previsíveis, mude o foco, vá respirar ou fazer qualquer coisa que lhe dê prazer. Não se vitimize e saiba dar limites quando necessário – com firmeza e afetuosidade. E lembre-se do seu propósito de união. Com a melhora do relacionamento, você poderá negociar pequenas e progressivas mudanças.
Traição
Você foi traída. Apesar do enorme abalo, dá para sobreviver e aprofundar a relação. Tudo vai depender dos seus valores, do
contexto e do caráter dele.
Projeto de reforma: tente, primeiro, entender o que houve e desvendar o momento em que o caso ocorreu. Depois, compreenda o seu sentimento – deseja superar e resgatar a união, vingar e punir o seu par ou se separar? É importante rever seriamente as suas
concepções sobre casamento e os seus valores éticos. “Não é simples decidir se cabe voltar ou não. Será sempre um recomeço,
pois houve uma quebra da confiança”, afirma Heloisa. O psicanalista Luiz Hanns diz que a segunda chance geralmente passa por seis fases: arrependimento, punição, esclarecimento, recompensa, perdão e retorno da confiança. Quem traiu tem que aprender a conviver e quem foi traído não pode se isolar dizendo que precisa ser reconquistado.