Marcelo de Jesus dos Santos, ex-vocalista da banda Gurizada Fandangueira, foi um dos réus ouvidos na última quinta-feira (9) no caso da boate Kiss. Ele, os dois sócios do estabelecimento e o auxiliar da banda respondem pelo homicídio de 242 pessoas no incêndio em janeiro de 2013. No depoimento, o cantor contou a sua versão dos acontecimentos.
O rapaz foi o responsável por erguer o artefato pirotécnico que deu início ao fogo na boate. Segundo ele, o uso de fogos de artifício não era incomum nas apresentações. “Era usual. Todo mundo sabia, nunca foi escondido de ninguém”, afirmou.
Sobre o incêndio, Marcelo descreveu que tudo começou quando a banda tocava a música ‘Amor de Chocolate’, de Naldo. O cantor recebeu o artefato, que foi acionado durante o refrão da canção, quando ele ergueu a mão.
“Fiz a coreografia. Tirei a mão, o Luciano [auxiliar da banda] tirou a luva de mim, guardou, continuamos tocando (…) No que olhei tinha uma bola, uma chama assim que nem a de fogão. No que eu olhei ali já vinha rapaz com extintor”, disse.
Jesus dos Santos afirmou que largou o microfone e pegou o extintor, gritando ‘fogo’ para quem estava próximo. “Eu disse: ‘vou apagar’. Na minha cabeça, eu ia apagar. Tive uma chance só de apagar o fogo e a chance que eu tive, eu não consegui. O extintor não funcionou”.
Nesse momento, o ex-vocalista disse ter perdido a consciência e ter sido retirado da boate Kiss por seu irmão, Márcio, que também tocava na banda. Marcelo foi levado ao estacionamento do supermercado ao lado, onde também estavam as vítimas fatais da tragédia.
“Quando olhei, estava no meio das pessoas mortas”, desabafou durante o depoimento.
RESULTADO
Está prevista para esta sexta-feira (10) a divulgação do resultado do julgamento dos quatro réus pelo incêndio da boate Kiss, no Foro Central de Porto Alegre (RS). Após isso, as defesas poderão recorrer da decisão, porém as penas só poderão ser modificadas a partir da realização de um novo júri.