A União Nacional dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) disse, em nota, que os assassinatos do indigenista brasileiro, Bruno Araújo Pereira, e do jornalista britânico, Dom Phillips, configuram ‘crime político’. A organização também afirmou que já havia acionado as autoridades sobre as movimentações criminosas responsáveis pelo sumiço e homicídio dos dois homens.
Segundo a Univaja, as mortes devem ser tratadas como crime político, já que Bruno pertencia à entidade como ativista, e que a causa de suas mortes se devem pela investigação que faziam na região contra a pesca ilegal: “Ambos eram defensores dos direitos humanos e morreram desempenhando atividades em benefício de nós, povos indígenas.” Diz a nota oficial.
Além de cobrar a persistência das investigações, a organização também revelou que já havia denunciado a quadrilha de pescadores e caçadores profissionais que Dom e Bruno investigavam, mas que nada foi feito na ocasião:
“Enviamos uma série de ofícios com informações qualificadas ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Fundação Nacional do Índio (Funai). Nesses ofícios, indicamos a composição de uma quadrilha de pescadores e caçadores profissionais, vinculados a narcotraficantes, que ingressam ilegalmente em nosso território para extrair nossos recursos e vendê-los nos municípios vizinhos. Fornecemos informações através de nossas denúncias às autoridades competentes. Mas as providências não foram tomadas com a devida rapidez.”
REPERCUSSÃO
Além de muitas personalidades famosas terem expressado indignação sobre o caso, como Monica Iozzi e Anitta, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, se manifestou com falas consideradas polêmicas algumas vezes. Em seu último comentário, o presidente disse que há indícios de que ‘fizeram alguma maldade’ com eles.
Apesar da fala ter sido amplamente criticada pela falta de um posicionamento mais assertivo, a maioria dos internautas parecem ter certeza quanto ao verdadeiro lado de Bolsonaro.
Em meio a desmontes na Funai e PLs facilitando a caça e a pesca em locais de preservação, o chefe de estado disse em entrevista, no último dia 7, que os ativistas estariam em uma “aventura não recomendada”, e relativizou a situação de ativistas e jornalistas na região. Tais declarações vêm sendo condenadas nas redes sociais.