O documentário ‘Pra Sempre Paquitas’, produzido pelo Globoplay, trouxe à tona um lado sombrio da fama infantil, revelando um cenário de abusos e humilhações sofridos pelas jovens assistentes de palco de Xuxa Meneghel. As gravações inéditas de desabafos das Paquitas, realizadas em 1994, expõem um quadro perturbador de práticas abusivas, com destaque para as atitudes da diretora Marlene Mattos.
As fitas cassete revelaram um turbilhão de emoções e sofrimentos reprimidos pelas jovens Paquitas. As gravações, que inicialmente tinham como objetivo a criação de uma peça teatral, se tornaram um documento histórico, expondo as verdadeiras faces por trás da imagem inocente transmitida pela televisão. As ex-assistentes de palco relatam as humilhações e abusos psicológicos sofridos durante os anos em que trabalharam no ‘Xou da Xuxa’.
As acusações contra Marlene Mattos
As denúncias contra Marlene Mattos são contundentes. As Paquitas relatam ter sido submetidas a humilhações constantes, como ser chamadas de “putinhas” e obrigadas a se despir em reuniões individuais. A pressão por um corpo perfeito e a vigilância constante sobre suas vidas pessoais eram constantes.
Os depoimentos de Roberta, Juliana Baroni, Flávia Fernandes e Catu, apresentados no documentário, revelam uma prática recorrente e perturbadora no meio artístico: o assédio moral, disfarçado sob a justificativa de uma avaliação estética.
“Sempre tinha essa questão de, em janeiro, ela querer ver o corpo da gente… Mas aí é uma situação delicada que eu não gostaria nem de falar. Isso é chato”, disse Roberta no documentário. “Eu não estava indo para a reunião para tirar a roupa. Eu não estava de sutiã aquele dia. E eu falei: a blusa também? E ela disse: a roupa toda”, contou Catu.
“Nada justifica esse assédio moral, que a gente veio entender anos depois. A gente achava que era assim que funcionada a TV”, desabafou Juliana, também no documentário.
As consequências psicológicas dos abusos sofridos pelas Paquitas são evidentes nos depoimentos. Muitas delas levaram anos para compreender a gravidade do que haviam passado e buscar ajuda profissional. A sensação de culpa e vergonha, comum em vítimas de abuso, as silenciou por muitos anos.
A cultura do silêncio e a normalização do abuso
As Paquitas revelam que a cultura da época contribuiu para a normalização dos abusos. A pressão por resultados e a busca pela perfeição física eram comuns no meio artístico, e as jovens acreditavam que as humilhações eram parte do processo. A figura de autoridade de Marlene Mattos e a busca pela aprovação de Xuxa contribuíram para que as meninas se sentissem impotentes diante das situações.
‘Pra Sempre Paquitas’ abre espaço para um debate importante sobre a proteção de crianças e adolescentes que trabalham na indústria do entretenimento. Além disso, a série serve como um alerta para que situações semelhantes não se repitam no futuro.
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