A tecnologia evoluiu a passos largos, e a nova ferramenta de inteligência artificial do Google, a Veo 3, é uma prova clara disso. Com ela, basta digitar uma frase e, em instantes, o sistema gera um vídeo completo, com personagens fictícios, cenários detalhados, vozes personalizadas e até sotaques.
Diferente de outras soluções mais simples, a Veo 3 impressiona pela naturalidade das expressões e pela precisão das falas. O especialista em IA Brunno Sarttori explica que a ferramenta é capaz de transformar qualquer comando de texto em um roteiro audiovisual envolvente. Ou seja, você escreve e ela dirige, grava e edita.
Além disso, é possível ajustar emoções, tom de voz e até inserir trilhas sonoras ou efeitos com comandos básicos. Com isso, as possibilidades se ampliam não só para criadores de conteúdo, mas também para o entretenimento, a publicidade e até o jornalismo.
Vídeos de IA surpreendem pela qualidade e realismo
Em uma reportagem exibida pelo Fantástico no último domingo (8), um simples comando de texto gerou uma cena ambientada na Paris do século XIX, no momento da construção da Torre Eiffel. Outra sequência mostrou um ET sendo entrevistado em plena praia carioca, opinando com bom humor sobre o preço do açaí.
Esses exemplos mostram o quanto os vídeos de IA podem ser criativos e realistas. Personagens como a apresentadora fictícia Marisa Maiô viralizaram nas redes com tiradas cômicas tão naturais que muita gente acreditou que se tratava de um programa verdadeiro.
No entanto, por trás dessas produções existe uma mente humana criativa. O roteirista Raony Philips, criador da personagem Marisa, reforça que o toque humano ainda é indispensável. “Sem o texto, sem a construção da piada, a tecnologia sozinha não teria o mesmo impacto”, afirma.
Como identificar um vídeo gerado por inteligência artificial?
Apesar do encantamento que os vídeos de IA podem provocar, é importante manter um olhar crítico. Afinal, quanto mais realistas essas produções se tornam, mais difícil é distinguir o que é verdadeiro do que foi criado por máquina.
Para ajudar nesse desafio, pesquisadores da Unicamp estão desenvolvendo uma tecnologia capaz de detectar vídeos falsos. O sistema analisa elementos como expressões faciais, iluminação e detalhes em diferentes quadros do vídeo. Segundo o professor Anderson Rocha, “em muitos casos, só outra inteligência artificial é capaz de perceber a falsificação”.
Essas ferramentas já estão sendo usadas em investigações oficiais, mas precisam ser constantemente atualizadas, especialmente com o avanço da Veo 3 e outras tecnologias semelhantes. É, como dizem os próprios pesquisadores, um verdadeiro jogo de gato e rato.
Veo 3 exige limites éticos e uso consciente
Diante de tantas possibilidades, surgem também algumas preocupações. Para evitar abusos, as empresas que desenvolvem essas ferramentas impõem barreiras éticas. Segundo o professor Arlindo Galvão, comandos que envolvem violência, discursos de ódio ou fake news são automaticamente bloqueados pela plataforma.
Ainda assim, o uso da Veo 3 exige responsabilidade. Criadores e usuários precisam ter consciência do impacto que esses vídeos podem gerar. É essencial refletir: a produção vai informar, entreter ou confundir? Vai colaborar ou desinformar?
Mesmo artistas, como Raony, têm receios sobre como a IA pode afetar seus trabalhos. Porém, ele também vê o lado positivo: “É preciso entender como funciona, para saber como usar a nosso favor.”
Resumo:
A Veo 3 chegou para revolucionar a forma como produzimos e consumimos vídeos. Com poucos cliques, é possível gerar conteúdos emocionantes e realistas, mas o uso consciente e o olhar crítico seguem sendo essenciais. Antes de acreditar em tudo o que vê na tela, questione. Afinal, nem tudo o que parece real foi, de fato, feito por pessoas.
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