Velson D’Souza vive um momento de glória: ele retorna aos palcos como o grande comunicador Silvio Santos, na produção musical ‘Silvio Santos Vem Aí’. O artista, que viveu 10 anos nos Estados Unidos antes de retornar ao Brasil, traz no currículo peças teatrais, musicais, novelas, como Cristal, Revelação e Vende-se Um Véu de Noiva, do SBT, além da participação no quadro Jogo dos Pontinhos, do Programa Silvio Santos, estreitando ainda mais os laços com seu homenageado.
Após muito estudo e pesquisa, a construção do musical vai além da simples imitação. Velson precisou achar formas de dar vida a um personagem real, que todos conhecem frente às câmeras, mas desconhecem fora delas. E tirou de letra!
Confira a entrevista completa:
Como surgiu a oportunidade de interpretar o Silvio Santos?
Sempre gostei de imitar o Silvio, como uma brincadeira entre amigos. No final de 2018, recebi uma ligação de Marília Toledo [produtora, autora e diretora do musical] contando que talvez fizesse a produção de um musical sobre a vida dele, e me perguntou se eu toparia o desafio de interpretá-lo no musical.
A partir daí, o que eu fazia como imitação e brincadeira tomou outro rumo. Apesar de, na época, ter sido apenas um contato, eu sabia que teria que passar por uma bateria de testes a distância – foi o que aconteceu.
Durante os dez anos em que vivi nos Estados Unidos, recebi algumas propostas para voltar ao país, mas nenhuma outra me pareceu tão ideal quanto essa. Realmente, não pensei duas vezes.
Qual o principal desafio na construção do personagem?
Humanizar o personagem, afinal sou ator, e não imitador. Me interessava muito mais o desafio de realmente “ser” o Silvio Santos no palco do que só assumir sua forma física. Eu pesquisei e li muito sobre a vida dele, assisti vídeos, resgatei memórias pessoais e mergulhei de cabeça em sua história, fugindo ao máximo da caricatice e preservando seus trejeitos com naturalidade. Foi um processo intenso, de muito estudo, buscando encontrar o ser humano Silvio Santos – e tem dado certo!
Conte sobre sua relação com o Silvio Santos, a família Abravanel e o SBT.
Eu conheci o Tiago Abravanel no teatro, em 2004. Nessa época, eu nem sabia que ele era neto do Silvio, e ficamos muito amigos. Eu frequentava a casa dele, pude conhecer a Cíntia, sua mãe, que considero como uma das minhas ‘madrinhas do teatro’. Ela sempre me deu ótimos conselhos, por conhecer muito o meio, e a minha relação com a família começou ali.
Estreitamos os laços com outros espetáculos, como o Avoar e O Poeta e as Andorinhas. Anos depois, começou minha história com o SBT. Integrei o elenco da novela Cristal, e, tempos depois, a Iris Abravanel, após assistir o espetáculo A Sessão da Tarde Ou Você Não Soube me Amar, convidou alguns atores para fazer testes para a trama Revelação. Fui um deles e passei!.
Depois fiz Vende-se Um Véu de Noiva e fui convidado pelo Silvio para integrar a turma do quadro Jogo dos Pontinhos, onde passei a ter um contato diário com ele. O Silvio sempre foi um homem extremamente generoso e simples. Um gênio. Fiquei no quadro por uns seis meses, e fui fazer mestrado em Interpretação nos Estados Unidos.
De forma direta ou indireta, a família Abravanel sempre esteve presente no meu crescimento profissional, e sou muito grato a eles por tudo.
Chegou a fazer algum tipo de laboratório com a família ou pessoas próximas ao Silvio?
Para a preparação, não conversei nem com ele e nem com ninguém da família. O máximo que tive foi um papo bem informal com o Tiago. Mas ter convivido com o Silvio nas gravações do Jogo dos Pontinhos me ajudou muito. Pude conhecer melhor o apresentador dos bastidores, longe das câmeras.
Qual a importância de ser escolhido para contar essa história no palco?
Considero uma enorme responsabilidade e me cobro muito para fazer jus à história do Silvio. É uma honra para mim! Poder retratar parte da trajetória de superação desse homem, humano e visionário, que saiu do zero e construiu um império, revolucionando a TV brasileira, gerando milhões de empregos e proporcionando visibilidade a diversos artistas, é um presente. O Silvio transformou a minha vida no passado e, agora, anos depois, transforma novamente, e de uma forma inexplicável.
Planos para o futuro…
Tenho o grande sonho de ter uma família e continuar trabalhando com o que amo. Quero muito voltar a fazer novelas, séries e filmes no Brasil. Sou produtor e roteirista e tenho alguns projetos de séries…