Sabia que é possível realizar um transplante capilar com pelos do próprio corpo? A técnica, inclusive, foi adotada por David Brazil em sua mais recente cirurgia de implante. Para entender melhor essa história, AnaMaria Digital conversou com o promoter e jornalista, além do médico responsável pelo procedimento, Baltazar Sanabria, sobre como é realizada a cirurgia.
Segundo o especialista, existem duas técnicas principais para a realização do transplante capilar:
- Técnica FUT: uma faixa de cabelo entre 1,5 cm e 2 cm é retirada da parte de trás da cabeça; sendo realizada uma dissecção dos folículos um por um para que esses cabelos sejam implantados na região desejada posteriormente
- Técnica FUE: os folículos são retirados um por um por meio de micro-cortes com menos de 1 mm, de maneira que não se forma uma cicatriz
O dermatologista explica que cada uma delas apresenta vantagens e desvantagens: o FUT é uma técnica mais antiga e o paciente acaba ficando com uma cicatriz que limita cortes de cabelo baixos. Além disso, o pós-operatório é mais doloroso e limitante em relação ao retorno às atividades físicas. Já o FUE, que é mais recente e menos invasivo, tem como vantagens não apresentar cicatriz e um pós-operatório mais rápido, no qual o paciente consegue voltar para a atividade física depois de uma semana, não tem dor no pós-operatório e volta a trabalhar em menos de 48 horas. No entanto, a desvantagem é que, na grande maioria das vezes, é necessário raspar a cabeça.
“Tem outras técnicas surgindo recentemente dentro do FUE, que é o FUE sem raspar e o FUE body hair. Na primeira, a técnica é a mesma, mas traz a opção para pacientes com resistência a raspar a cabeça, como mulheres ou homens que trabalham com a imagem em público. Já a segunda permite fazer a técnica tirando também pelos da barba, do peito e de outras partes do corpo para o transplante. Inclusive, foi essa técnica que a gente utilizou no David Brasil”, explica.
Conforme o jornalista, ele acabou unindo o útil ao agradável, pois pôde tirar pelos da barba para cobrir uma parte do cabelo que apresentava falhas. Por já ter realizado entre quatro e cinco transplantes capilares, ele não possuía mais fios disponíveis na cabeça para a cirurgia, conforme explica Baltazar.
MAS O PELO NÃO VOLTA A CRESCER?
Não. O médico explica que, ao retirar um folículo da região, é como se ele fosse “replantado” em outro lugar: “O que a gente faz é tirar o folículo com a raiz de um lugar para implantar em outro, como uma planta mesmo. Como eu tirei com a raiz esse cabelo, ele não vai mais nascer ali”.
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ENTÃO ESSA É A MELHOR TÉCNICA?
Não necessariamente. Apesar de ser mais recente e menos invasiva, tudo depende do caso de cada paciente e de suas necessidades. “No caso do David Brazil, com uma história de transplantes prévios e sem mais uma área doadora na cabeça, o FUE body hair funcionou melhor, pois conseguimos usar a barba como material”, explica.
Por outro lado, pacientes com uma vasta área doadora no couro cabeludo não precisam passar pelo procedimento de retirar pelos do corpo. E aqueles com uma calvície muito extensa ou gravíssima podem ter que associar a técnica de retirada de couro cabeludo com a técnica de retirada do corpo também.
QUEM PODE E QUEM NÃO PODE FAZER TRANSPLANTE?
O dermatologista explica que o transplante é uma opção de tratamento para algumas doenças de couro cabeludo e outras regiões com pelo, como a barba e a sobrancelha. “Mas a principal indicação, sem dúvida, é a calvície. Homens e mulheres com calvície em um estágio moderado ou avançado são os principais candidatos a realizar a cirurgia de transplante capilar”, explica.
Pessoas que possuem cicatrizes ou queimaduras nas áreas com pelos também se encaixam no tratamento. Além disso, existem outros tipos de alopecia para os quais o transplante pode servir, como para mulheres que têm o hábito de amarrar o cabelo muito forte ou fazer trancinhas e acabam desenvolvendo alopecia por tração. Mas, de forma geral, a maioria das pessoas que buscam o tratamento são homens: “De cada dez pacientes operados, nove são homens e uma mulher”.
Por outro lado, existem doenças autoimunes que são um empecilho para a realização do procedimento. “Tais como algumas doenças inflamatórias de couro cabeludo, como alopecia areata, alopecia fibrosa de frontal e líquen plano pilar. Na alopecia areata, por exemplo, o próprio organismo ataca a raiz do folículo fazendo com que esse fio caia. Então, o transplante de cabelo também vai ser atacado e será perdido da mesma maneira. Existem outros tipos de tratamento para fazer aquele cabelo que foi perdido voltar, não tem a necessidade de realizar cirurgia”, explica o médico.
COMO É O PÓS-OPERATÓRIO?
David Brazil conta que teve um pós-operatório tranquilo com o acompanhamento de uma dermatologista. “O pós foi maravilhoso, tive uns probleminhas de pele, mas é normal. No final deu tudo certo”, revela. De acordo com Baltazar Sanabria, apesar da técnica FUE ser menos invasiva, existe, sim, uma cicatriz, mesmo sendo imperceptível. Desta maneira, pode ser que alguns pelos tenham uma inflamação temporária, a chamada foliculite, algo que não limita a vida do paciente.
Tanto que o jornalista já pensa em fazer outro transplante para se livrar de mais pelos na barba. O especialista diz que é possível realizar a cirurgia com pouco tempo de intervalo: “A gente consegue fazer em sequências de dias seguidos, com intervalo de três meses, seis meses e um ano. Não tem uma regra”.
QUANTO CUSTA O PROCEDIMENTO?
O preço do transplante capilar depende da técnica utilizada, do profissional que irá realizá-la e da área a ser preenchida, além de outros fatores que também variam entre pacientes. No geral, porém, o procedimento pode custar entre R$ 20 mil e R$ 60 mil.