A relação entre o hábito de ingerir vinho com a saúde cardiovascular é alvo de debates e estudos há muitos anos. Enquanto algumas pesquisas apontam os possíveis benefícios, outros discordam quanto aos efeitos positivos do álcool. Mas afinal, tomar vinho faz bem para o coração mesmo?
Antes de mais nada, é importante ressaltar que, mesmo os estudos que apontam benefícios, referem-se ao consumo moderado de vinho. Portanto, o alto consumo de bebidas alcoólicas é prejudicial em qualquer circunstância, podendo gerar problemas graves, como dependência, obesidade e câncer.
Porém, ainda restam dúvidas sobre o impacto da bebida alcoólica na saúde cardiovascular. Vinho faz bem para o coração? Em qual quantidade? Para isso, AnaMaria convidou o médico cardiologista Roberto Yano, especialista em Estimulação Cardíaca Artificial pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.
O especialista confirmou que há estudos que sugerem que o vinho, especialmente o tinto, traz benefícios para a saúde cardiovascular. De acordo com ele, isso ocorre graças aos polifenóis presentes no líquido, como o resveratrol, que é encontrado na casca das uvas, e os flavonóides.
Os compostos têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Assim, oferecem muitos benefícios, como:
- Auxílio na proteção das artérias;
- Redução do colesterol ruim (LDL);
- Aumento do colesterol bom (HDL);
- Prevenção da formação de placas de gordura nas artérias;
- Melhoria na elasticidade dos vasos sanguíneos.
Tais efeitos, quando combinados, ajudam a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, como explica Yano, que reforça: “Mas esses benefícios podem se converter em efeitos negativos se o consumo se tornar excessivo”.
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Um artigo publicado na revista da Associação Médica Norte-Americana (Jama), por outro lado, discorda de que o vinho faça bem. Outros pesquisadores atestam os benefícios do resveratrol, mas acreditam que sejam provenientes da uva, e não da bebida: “Seria impossível conseguir isso com vinho tinto”, diz Dennis Bruemmer, do Departamento de Cardiologia da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos.
Tomar vinho faz bem, mas e outras bebidas?
Vinho, cerveja e cachaça são bebidas distintas, apesar de todas possuírem álcool. Logo, não é porque o vinho faz bem que outras bebidas também terão o mesmo efeito positivo. Tendo como exemplo a cerveja, que possui menos polifenóis — e não carrega a mesma capacidade antioxidante e anti-inflamatória.
A diferenciação também ocorre quando a comparação é feita com a cachaça, que possui um teor alcoólico maior do que o vinho. “Em geral, os vinhos quando consumidos com moderação são os que apresentam os melhores benefícios à saúde”, explica Yano.
Também há diferenças entre os tipos de vinho. De acordo com o cardiologista, o vinho tinto é o mais indicado para ter benefícios à saúde cardiovascular, pois estima-se que tenha até 10 vezes mais polifenóis que o vinho branco, por exemplo.
Qual consumo de vinho recomendado?
Quando o especialista fala sobre consumo excessivo, inicia-se uma dúvida: qual é o consumo máximo recomendado? O primeiro passo é entender que cada organismo é único, com uma sensibilidade distinta para álcool ou qualquer outra substância.
Porém, de maneira geral, o consumo máximo de álcool aceito por dia é de 30g. No caso do vinho tinto, recomenda-se que o consumo não ultrapasse 150 ml por dia para as mulheres e 300 ml por dia para os homens. Ou seja, tomar mais de duas taças de vinho por dia já é prejudicial à saúde.
Os riscos do consumo excessivo de álcool para a saúde
Além disso, há casos em que o consumo de álcool deve ser zero. Segundo Yano, cada caso deve ser analisado individualmente por um profissional especializado. Um corte parcial ou até mesmo total depende de uma série de fatores, como a condição de saúde da pessoa.
Entre os grupos de pessoas que não devem ingerir a substância, estão as grávidas. Já os diabéticos ou portadores de arritmias cardíacas, por exemplo, devem ao menos reduzir o consumo.
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