A sopa de cobra é um prato que se tornou popular na China no século XVIII. Na gastronomia há sempre alguém com o hábito de comer algo que podemos não gostar e até mesmo abominar. Desde a presença de animais, como nesse caso, da cobra, muitas populações pelo mundo comem de maneira distinta à nossa. Normalmente a receita leva até cinco tipos diferentes de carne de cobra.
Essas diferenças na gastronomia são uma questão cultural, um valor constituído por hábitos (muitas vezes milenares) de ingestão de algum alimento por condições geográficas, históricas e religiosas, ou até mesmo de acesso. Como por exemplo os mexicanos, que se deliciam com um fungo levemente doce que contamina as plantações de milho nas épocas de chuva e é uma iguaria no país. Já os indígenas amazônicos comem os viscosos e pequenos mojojoys, como são conhecidas as larvas escondidas por besouros nos caules de palmeiras da floresta.
Os muçulmanos não comem carne de porco e os hindus consideram uma vaca tão sagrada que ela não pode ir parar no prato em nenhuma condição. Já em Hong Kong, a sopa de cobra é um prato consumido há séculos. A receita teve origem no sul da China, em uma região hoje conhecida como Guangdong, no século 3 a.C.
Em sua criação, era um prato de luxo apreciado pelas elites econômicas pelo seu poder medicinal, sobretudo, mas também por ser um alimento capaz de espantar o frio dos invernos rigorosos. O consumo da sopa de cobra só se tornou popular em todo o país no século XVIII, como um dos pratos tradicionais de Hong Kong, onde ainda hoje há dezenas de restaurantes que são especializados em seu preparo.
O QUE REALMENTE VAI NA SOPA DE COBRA?
Conhecida em cantonês como se gang, normalmente a receita leva até cinco tipos diferentes de carne de cobra, nunca apenas um, como manda a tradição, já que a combinação delas é que cria o poder curativo do prato. Primeiro a pele é retirada e limpada para remover as entranhas, então a carne é geralmente cozida com ossos de porco, cabeças de peixe, cortes de frango e especiarias, criando uma sopa bem espessa.
Ela também pode levar cogumelos, comuns nos meses mais frios, e algum crocante para adicionar certa textura: de wontons fritos a biscoitos de arroz. Em alguns restaurantes que servem a receita, a apresentação é feita com pétalas de crisântemo e capim-limão, e pode ser servida com arroz e legumes.