Alguns produtos que fazem parte do dia a dia parecem inofensivos, mas podem afetar a saúde íntima, interferir no prazer sexual, causar infecções e trazer muita dor de cabeça a longo prazo. Para ajudar a manter a vagina sempre saudável e bem cuidada, AnaMaria Digital conversou com a obstetriz, Mariana Betioli, fundadora da marca Inciclo, que aponta seis itens que devem ser mantidos bem longe dela em seu cotidiano. Confira!
1- SABONETES COMUNS
De acordo com Mariana, não devemos lavar a vagina com sabonetes comuns para não causar irritação e desequilibrar o pH. Ela destaca que é preciso limpar a região do jeito certo, mas nunca na parte interna, afinal, a vagina é autolimpante. Desta forma, a higienização é feita somente na vulva, que é a área externa. Apenas com água e dedos já é possível limpar bem entre os lábios internos e externos.
“Se quiser, dá para usar um pouquinho de sabonete na vulva e na parte do monte de vênus, onde nascem os pelos. Após a limpeza, é só enxaguar bem para tirar todo o sabonete e secar direitinho”, orienta Betioli. “Mas é importante usar sabonetes neutros. Aqueles de glicerina ou feitos para os bebês são os mais indicados.”
2- DUCHAS
Ao mesmo tempo que é essencial higienizar a região íntima, essa limpeza não deve ser feita em excesso. A profissional explica que duchas vaginais, por exemplo, retiram a proteção porque desequilibram a flora vaginal e podem levar bactérias da vulva para a parte interna.
Ela afirma que esse tipo de prática tem a ver com o mito de que a vagina tem um cheiro ruim e precisa ser lavada a todo momento. “Não é coincidência ir na farmácia e ter uma prateleira cheia de produtos de higiene íntima feminina, com aroma de flores e doces. E não existe nada parecido para os homens porque é algo culturalmente enraizado.”
Mariana afirma que a região íntima tem um odor particular, mas que é absolutamente normal. “Você só deve se preocupar quando ele for muito forte e acompanhado de coceira ou ardor. O mesmo vale para a ocorrência de corrimentos”, acrescenta.
3- CALCINHAS DE TECIDO SINTÉTICO
Renda, elastano, lycra e microfibra estão entre os materiais mais usados na fabricação de roupas íntimas. Mas atenção: nem todos são recomendados porque abafam a região. “É importante manter a vulva arejada. Portanto, devemos evitar usar roupas apertadas, como calças jeans e, se possível, preferir sempre calcinhas de algodão ou tecido respirável para ajudar na transpiração da região”, ressalta.
Dica: para quem tem problemas com umidade, dormir sem calcinha ajuda bastante, uma vez que melhora a ventilação, evita o acúmulo de fungos e o surgimento de casos de candidíase, por exemplo.
4- ABSORVENTES DESCARTÁVEIS
Outro produto que você pode eliminar são os absorventes descartáveis. Você pode optar por alternativas como o coletor menstrual, o absorvente de pano e a calcinha absorvente, que são mais saudáveis para a região íntima e para o meio ambiente.
Tanto os tipos externos quanto os internos não são os mais indicados. “Absorventes externos, assim como o protetor diário, possuem camadas plásticas que não permitem a passagem de ar, criando um ambiente úmido e quente. Junto a isso, o sangue que fica em contato com a vulva começa a entrar em decomposição, o que também aumenta o risco de problemas”, afirma a obstetriz.
Já os absorventes internos, quando inseridos no canal vaginal, acabam sugando não só o sangue, mas também toda a umidade da vagina, favorecendo a proliferação de bactérias indesejadas. Já o coletor menstrual é feito de silicone hipoalergênico, um material inerte e sem substâncias químicas, que não oferece riscos para a saúde feminina, assim como os modelos de calcinhas absorventes e absorventes de pano que possuem tecidos respiráveis com tratamento antimicrobiano.
5 – COMIDA
Sexo com doces pode até ser divertido nos filmes, mas o preço que pagamos depois não compensa. Sorvete, chantilly, leite condensado, chocolate, vegetais, legumes ou qualquer outra comida não devem ser introduzidos ou passados na vagina.
“Sabemos que, durante a relação sexual, as pessoas buscam inúmeras formas de se estimular e tornar a transa diferente. Mas, ao usar alimentos que (certamente) não foram feitos para a prática, você cria um risco de contaminação. As consequências disso são diversas, como possíveis reações alérgicas e mais infecções vaginais”, diz Mariana.
6 – QUÍMICOS EM GERAL
Desodorantes, lenços umedecidos, hidratantes, lubrificantes cheios de químicos e outros. Todos esses produtos, quando inseridos na vagina, podem causar irritações e até dermatite na vagina. “O uso desses itens não é benéfico. A vulva é muito delicada e tem uma fina camada gordurosa protetora que o lenço umedecido, por exemplo, acaba removendo. Isso pode ressecar, irritar, causar coceiras e corrimentos incomuns. Químicos, de forma geral, são inimigos de uma boa saúde íntima”, garante a especialista.
Mariana orienta que é fundamental conhecer o próprio corpo, até para observar padrões e perceber quando algo não vai bem. “A saúde da mulher como um todo ainda é rodeada de tabus, e é necessário desconstruir isso. Não deixe de se consultar com uma ginecologista de confiança, fazer exames regulares e acompanhar de perto a sua saúde íntima”, conclui.