Centenas de brasileiros retornaram ao Brasil entre agosto e setembro deste ano pelo Programa de Retorno Voluntário (VRS, em inglês), oferecido pelo Reino Unido. O governo britânico permite que imigrantes ilegais optem por voltar aos seus países de origem com passagens aéreas custeadas e assistência financeira.
Como parte do acordo, estas pessoas não podem retornar em até cinco anos. Uma das participantes que aceitou as condições foi Ana Claudia Morais, que recebeu um incentivo de 3 mil libras (cerca de R$ 22 mil) para deixar o país.
De acordo com o jornal britânico ‘The Guardian’, mais de 600 brasileiros foram deportados do Reino Unido em três voos secretos do governo, entre agosto e setembro deste ano. Entre os imigrantes ilegais que retornaram ao Brasil, estavam 109 crianças.
Deportados ou não? Entenda o Programa de Retorno Voluntário
Ao veículo, o governo britânico ressaltou está intensificando as medidas contra a migração ilegal. De acordo com o Ministério do Interior britânico, órgão responsável pelas políticas de migração, 8.308 retornos forçados e voluntários foram feitos entre julho e setembro de 2024.
No entanto, ainda há uma polêmica sobre o modelo dos retornos aos países. Destes, a maioria (6.247) foi classificada como voluntária. Por outro lado, organizações que protegem os direitos de imigrantes latino-americanos no Reino Unido expressaram preocupação com o número.
“Estamos preocupados com o aumento acentuado nos retornos voluntários de brasileiros no último ano”, afirmou a organização Coalition of Latin Americans in the UK (Coalizão de Latino-Americanos no Reino Unido) em comunicado publicado pelo ‘Guardian’.
O caso de Ana Paula
Ao g1, Ana Paula explicou a chegada e saída do Reino Unido. Ela afirma ter desembarcado, em 2021, para trabalhar e conseguir dinheiro para construir uma casa no Brasil. Ela atuou como faxineira durante três anos, até que descobriu a gravidez e decidiu voltar.
A brasileira soube da possibilidade da assistência financeira pelo retorno voluntário: “Eu entrei em contato com a embaixada britânica, pedi a ajuda e eles me responderam com a passagem de volta e o suporte financeiro”. O governo local enviou uma proposta de 3 mil libras, e a brasileira deveria retirar a quantia assim que chegasse ao país natal.
“Eles não falaram que isso era uma deportação, até porque tinha até um ‘prêmio’, mas também não nos disseram qual seria a diferença entre quem aceitou o retorno voluntário de quem era pego ilegal no país e, por isso, deportado.”
Segundo o ‘The Guardian’, os voos para os imigrantes ilegais eram secretos. A informação bate com o relato de Ana Paula, que afirma ter sido enviada em um voo comercial e com poucos participantes do programa. “Eles separavam as pessoas, colocavam no máximo quatro pessoas por voo, em voos comerciais. Não eram voos fretados.”
Segundo o Itamaraty, “não se trata de deportação, e sim de decisão voluntária dos participantes de aderir à iniciativa britânica”. Ainda de acordo com o órgão, 230 mil brasileiros vivem no Reino Unido atualmente. É a segunda maior comunidade brasileira na Europa, atrás somente de Portugal, com 513 mil.
Leia mais
- ‘Rei e rainha da creatina’: conheça os empresários investigados por adulteração de suplementos
- Acidentes domésticos com crianças crescem nas férias escolares: como prevenir?
- Após cogitar eutanásia, Maurício Kubrusly reaparece na TV e emociona com luta contra demência