Os pitbulls frequentemente geram debates acalorados sobre sua natureza e o papel que desempenham na sociedade. Na última sexta-feira (5), esse tema voltou à tona com toda força. Isso porque a escritora Roseana Murray, de 73 anos, foi atacada ferozmente por três cães da raça, o que resultou na perda de um de seus braços e uma de suas orelhas. Além disso, a poetisa teve o braço esquerdo e seus lábios reconstituídos.
Na matéria a seguir, AnaMaria traz algumas questões importantes sobre os cães da raça pitbull, desde seus instintos até as implicações legais e estatísticas de ataques. Confira a seguir.
INSTINTO E GENÉTICA DOS PITBULLS
Os pitbulls, reconhecidos por sua robustez e determinação, carregam consigo uma reputação complexa. Enquanto são frequentemente descritos como leais e protetores de suas famílias, também são conhecidos por manifestar comportamentos agressivos caso não sejam devidamente socializados e treinados. Seu instinto natural, em grande parte, é moldado pela forma como são criados e tratados por seus tutores.
A base genética dos pitbulls é igualmente diversificada, refletindo uma mistura de várias linhagens caninas, como o bull terrier, o staffordshire bull terrier e o american pit bull terrier. Essa ampla diversidade genética pode influenciar tanto o comportamento quanto as características físicas dos cães da raça.
Eles também são conhecidos por sua inteligência e energia, o que os tornam cães altamente adaptáveis a uma variedade de atividades físicas e mentais. No entanto, se não forem adequadamente socializados desde filhotes e receberem treinamento consistente e positivo, podem desenvolver comportamentos agressivos, especialmente em relação a outros animais e estranhos.
PITBULL É PERIGOSO PARA A SOCIEDADE?
Embora muitos pitbulls sejam animais de estimação amorosos e gentis, é importante reconhecer que eles têm o potencial de representar um perigo, especialmente quando não são adequadamente treinados, socializados ou supervisionados. Os ataques de pitbulls podem resultar em lesões graves e até mesmo morte, como evidenciado por estatísticas preocupantes.
Conforme especialistas em comportamento animal, como veterinários e adestradores, a violência não é uma característica inerente à raça pitbull. Eles afirmam que esses cães podem conviver em harmonia com crianças e outros animais, desde que recebam o devido treinamento e educação por parte de seus tutores.
O veterinário e especialista em comportamento animal Alexandre Rossi, em entrevista à revista Exame, destacou que é importante buscar a ajuda de um adestrador para filhotes de até 90 dias, pois essa ação evita comportamentos violentos no futuro.
“Quando a gente não socializa corretamente os cachorros e não apresenta todos os estímulos, como por exemplo crianças correndo e brincando, idosos com muleta, cães de raças diferentes, a gente pode facilitar esse ataque. Ele vai atacar por medo do desconhecido”, explicou Alexandre.
QUAIS SÃO AS LEIS RELACIONADAS AOS PITBULLS?
As leis relacionadas aos pitbulls variam de acordo com a localidade. Em muitas áreas, há regulamentos específicos que visam controlar a posse e o manejo responsável de pitbulls e outras raças consideradas potencialmente perigosas. Isso pode incluir requisitos de registro, restrições de circulação e obrigatoriedade de seguro de responsabilidade civil para os tutores.
A lei estadual 4.597, de 2005, é uma das medidas mais conhecidas. Ela exige que os cães das raças pitbull, fila, doberman e rottweiler sejam conduzidos por locais públicos com focinheira e guia, e devem estar acompanhados por pessoas maiores de 18 anos. Essas medidas visam garantir a segurança pública e prevenir incidentes relacionados a ataques de cães.
QUAL É A RESPONSABILIDADE DOS TUTORES DE PITBULLS?
Os tutores de pitbulls têm uma série de responsabilidades importantes para garantir o bem-estar do animal e a segurança das pessoas ao seu redor. Isso inclui socializar e treinar seus pitbulls desde cedo, proporcionando-lhes exposição a uma variedade de pessoas, animais e situações para promover habilidades sociais saudáveis.
Além disso, é essencial fornecer cuidados adequados, como alimentação nutritiva, abrigo seguro, exercício regular e cuidados veterinários preventivos. É crucial também que os tutores conheçam e cumpram as leis e regulamentos locais relacionados à posse de pitbulls, incluindo requisitos de licenciamento, registro e restrições de controle de animais. Isso inclui a necessidade de usar focinheira e guia em locais públicos.
A supervisão adequada é fundamental, especialmente ao redor de crianças, outros animais e em locais públicos, para prevenir incidentes indesejados. Além disso, os tutores devem educar a si mesmos e aos outros sobre a raça pitbull, desfazendo estereótipos negativos e promovendo uma compreensão precisa do comportamento e das necessidades desses cães.
ESTATÍSTICAS DE ATAQUES DE PITBULLS
Um levantamento feito pelo jornal O Globo, utilizando os registros de ocorrência da Polícia Civil, revelou em 2022 que, no estado do Rio de Janeiro, nos últimos 12 meses referente ao ano citado, foram registrados 41 incidentes relacionados a cães da raça pitbull sem o uso de coleira ou focinheira.
Isso equivale a um acidente ocorrendo a cada oito dias. Entre os casos reportados estão ameaças, lesões corporais, casos de maus-tratos e omissão de cautela na guarda ou condução de animais, além de situações que representam perigo para a vida ou saúde pública.
Internacionalmente falando, estatísticas reunidas pelo Relatório de Dados de Mercado Gitnux de 2024 revelou porcentagens expressivas em relação aos ataques de pitbulls nos Estados Unidos. Confira a seguir os principais levantamentos:
- 63% das mortes relacionadas com cães nos EUA e Canadá nas últimas quatro décadas foram devido a ataques de pitbull;
- 25% de todos os incidentes agressivos em Denver envolveram a raça pitbull;
- De 2005 a 2017, 284 americanos foram mortos por pitbulls, representando 66% do total de fatalidades;
- 94% dos ataques de pitbulls a adultos deixam a vítima com graves lesões corporais;
- Os pitbulls atribuíram 69% das mortes por mordidas de cães nos EUA em 2019.
Essas estatísticas destacam a importância de uma compreensão cuidadosa e responsável da raça pitbull, bem como da implementação de medidas adequadas para garantir a segurança de todos os envolvidos.
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