Manoel Carlos, renomado autor de novelas, foi diagnosticado com Parkinson há seis anos e, desde então, leva uma vida tranquila, longe da fama. Conhecido por suas obras emocionantes e envolventes, Maneco, como é carinhosamente chamado, agora enfrenta os desafios de viver com uma condição que impacta significativamente a qualidade de vida. O mal de Parkinson é uma doença neurodegenerativa crônica que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo e não tem cura, sendo caracterizada por sintomas como tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e dificuldades na coordenação motora.
A seguir, AnaMaria aborda o que é e quais as causas do Parkinson, sintomas, diagnóstico, tratamento e como a vida de Manoel Carlos tem sido afetada por essa condição, além de proporcionar uma compreensão mais ampla sobre a doença que atinge tantas pessoas no Brasil e no mundo. Confira.
Doença de Parkinson: o que é?
O mal de Parkinson é uma condição neurodegenerativa crônica e progressiva que afeta o sistema nervoso central, especificamente as áreas do cérebro responsáveis pelo controle dos movimentos. Ela ocorre devido à degeneração e morte de neurônios na substância negra do cérebro, que produzem dopamina, um neurotransmissor essencial para a coordenação motora.
A diminuição dos níveis de dopamina resulta em sintomas motores característicos, como tremores, rigidez muscular, bradicinesia (lentidão dos movimentos) e instabilidade postural. Além desses, a doença também pode causar sintomas não motores, como distúrbios do sono, depressão, ansiedade e alterações cognitivas.
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Causas do parkinson
O mal de Parkinson é multifatorial, ou seja, não tem uma única causa, mas resulta da interação de diversos fatores genéticos e ambientais. Veja a seguir as principais causas do Parkinson:
- Genética: embora a maioria dos casos de Parkinson seja esporádica, sem uma causa genética clara, cerca de 10-15% dos pacientes têm um histórico familiar da doença. Mutações em genes específicos, como SNCA, LRRK2, PARK2, PARK7, e PINK1, foram identificadas em algumas famílias e estão associadas a formas hereditárias da doença. Essas mutações podem influenciar a produção e a função das proteínas no cérebro, contribuindo para a degeneração neuronal;
- Fatores ambientais: a exposição a certas toxinas ambientais tem sido associada ao aumento do risco de desenvolver o mal do Parkinson. Substâncias como pesticidas, herbicidas, e solventes industriais podem danificar os neurônios produtores de dopamina no cérebro. Além disso, viver em áreas rurais e beber água de poço também tem sido correlacionado com um maior risco, possivelmente devido à maior exposição a essas toxinas;
- Envelhecimento: a idade é o maior fator de risco para o Parkinson. A maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 60 anos. Com o envelhecimento, o número de neurônios dopaminérgicos naturalmente diminui, e a capacidade do cérebro de lidar com danos e estresse oxidativo se reduz, aumentando a vulnerabilidade à doença;
- Inflamação e estresse oxidativo: inflamação crônica e estresse oxidativo no cérebro são considerados fatores importantes na patogênese do mal do Parkinson. O estresse oxidativo causa danos às células nervosas, enquanto a inflamação pode exacerbar a neurodegeneração. Esses processos podem ser desencadeados por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida;
- Disfunção mitocondrial: as mitocôndrias são as usinas de energia das células. Em pessoas com Parkinson, há evidências de que as mitocôndrias nas células cerebrais não funcionam corretamente, levando a uma produção inadequada de energia e aumento do estresse oxidativo. Isso pode contribuir para a morte dos neurônios dopaminérgicos.
Embora ainda não haja cura para o mal de Parkinson, a compreensão dessas causas ajuda na busca por tratamentos que possam retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Pesquisas contínuas estão sendo realizadas para explorar novas terapias e intervenções que possam abordar as diversas causas subjacentes do Parkinson.
Mal de Parkinson: sintomas
Os sintomas do mal de Parkinson variam em intensidade e progressão de uma pessoa para outra, mas geralmente incluem uma combinação de sinais motores e não motores. Confira os principais sintomas associados à doença:
Sintomas motores
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Tremor em repouso: um dos sintomas mais característicos é o tremor, geralmente começando em uma das mãos. Esse tremor ocorre quando a pessoa está em repouso e diminui quando ela está realizando uma ação;
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Rigidez muscular: a rigidez ou aumento da resistência ao movimento afeta principalmente os músculos dos braços, pernas e tronco, resultando em movimentos limitados e dor muscular;
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Bradicinesia: a lentidão dos movimentos voluntários torna tarefas simples, como caminhar ou levantar-se, demoradas e difíceis. Isso pode levar a uma expressão facial reduzida, conhecida como “face em máscara”;
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Instabilidade postural: a perda do reflexo de equilíbrio aumenta o risco de quedas e dificulta a manutenção da postura ereta.
Sintomas não motores
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Distúrbios do sono: incluem insônia, sono fragmentado, pesadelos e movimentos involuntários durante o sono (distúrbio comportamental do sono REM);
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Dificuldades cognitivas: em estágios avançados, alguns pacientes podem desenvolver demência, apresentando dificuldades de memória, concentração e julgamento;
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Depressão e ansiedade: mudanças de humor, incluindo depressão e ansiedade, são comuns e podem ocorrer em qualquer estágio da doença;
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Problemas autonômicos: a disfunção do sistema nervoso autônomo pode causar hipotensão ortostática (queda da pressão arterial ao se levantar), constipação, problemas urinários e disfunção sexual;
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Distúrbios olfativos: perda ou redução do olfato (anosmia) pode ser um dos primeiros sinais da doença, ocorrendo anos antes dos sintomas motores;
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Dor e sensibilidade: muitos pacientes relatam dores musculares, articulares ou neuropáticas, além de uma maior sensibilidade ao frio ou calor;
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Fadiga: a sensação persistente de cansaço ou falta de energia, mesmo após um descanso adequado, é um sintoma comum.
Reconhecer esses sintomas é crucial para o diagnóstico precoce e o manejo eficaz do mal de Parkinson. Tratamentos e terapias estão disponíveis para aliviar muitos desses sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Tratamentos mal de Parkinson
O tratamento para a doença de Parkinson é multidisciplinar e tem como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Embora ainda não haja cura para a doença, diversas opções terapêuticas estão disponíveis para ajudar os pacientes a manterem-se ativos e independentes.
Tratamentos medicamentosos:
- Levodopa: é o medicamento mais eficaz e amplamente utilizado no tratamento da doença de Parkinson. A levodopa é convertida em dopamina no cérebro, ajudando a melhorar os sintomas motores. Muitas vezes é combinada com carbidopa para reduzir os efeitos colaterais e aumentar sua eficácia.
- Agonistas dopaminérgicos: esses medicamentos mimetizam a dopamina no cérebro e incluem pramipexol, ropinirol e bromocriptina. São usados em estágios iniciais da doença ou como complemento à levodopa.
- Inibidores da MAO-B: medicamentos como selegilina e rasagilina retardam a degradação da dopamina, aumentando sua disponibilidade no cérebro;
- Inibidores da COMT: entacapona e tolcapona são exemplos de inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT), que prolongam o efeito da levodopa;
- Anticolinérgicos: são usados para tratar tremores, mas têm efeitos colaterais significativos, especialmente em idosos, incluindo confusão e alucinações;
- Amantadina: pode ajudar com a discinesia (movimentos involuntários) que às vezes resulta do uso prolongado de levodopa.
Tratamentos não medicamentosos:
- Fisioterapia: a fisioterapia é fundamental para manter a mobilidade, força e flexibilidade. Exercícios específicos ajudam a melhorar a postura, o equilíbrio e a coordenação;
- Terapia ocupacional: auxilia os pacientes a manterem a independência nas atividades diárias, ensinando técnicas e adaptando o ambiente para facilitar as tarefas;
- Fonoaudiologia: pode ser útil para melhorar a fala e a deglutição, que podem ser afetadas pela doença;
- Psicoterapia: ajuda a lidar com a depressão, ansiedade e outras mudanças emocionais que podem acompanhar o Parkinson.
Ainda há a opção de um tratamento cirúrgico, que é a Estimulação Cerebral Profunda (DBS), uma opção para pacientes que não respondem bem aos medicamentos. Um dispositivo implantado envia impulsos elétricos a áreas específicas do cérebro para reduzir os sintomas motores.
Pessoas com mal de Parkinson, como o autor Manoel Carlos, podem viver vidas plenas e produtivas com o apoio adequado. Manter uma rotina de exercícios regulares, uma dieta equilibrada e uma boa rede de suporte social são essenciais. A adaptação do ambiente doméstico e o uso de dispositivos assistivos podem ajudar a preservar a independência.
A gestão dos sintomas exige uma abordagem personalizada, frequentemente ajustada à medida que a doença progride. Por isso, o acompanhamento regular com uma equipe médica especializada é fundamental para monitorar a eficácia do tratamento e ajustar as terapias conforme necessário.
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