A escritora chilena Isabel Allende está completando 80 anos de vida nesta terça-feira (2). Tendo se tornado a escritora da língua espanhola mais lida no mundo e uma das principais da América Latina, Allende é uma daquelas pessoas que possuem uma vida extraordinária. Ela comemorou este aniversário com reflexões sobre o que viveu e a consciência de envelhecer.
Isabel nasceu na década de 1940 e foi criada para ser o oposto do que se tornou: jornalista e escritora, feminista, dona de uma fundação de ajuda às mulheres (a Fundação Isabel Allende), perseguida e exilada durante o regime de Pinochet, que acometeu o Chile durante quase 20 anos, e um símbolo de resistência.
“Fui criada para ser mãe e esposa de alguém. Então, sair desse ambiente foi um ato de rebelião e de muita sorte, porque se não tivesse sido acompanhado de sorte não estaria aqui”, revelou para o UOL Universa, em coletiva sobre o lançamento da série sobre a sua vida, ‘Isabel, a História íntima da Escritora Isabel Allende’, lançada no canal LifeTime no último dia 29.
Na mesma ocasião, Isabel abordou o papel que diversas mulheres tiveram para que se tornasse o que é hoje. Allende citou sua mãe, sua avó, as mulheres que trabalharam em sua casa, permitindo que tivesse tempo para escrever, e as mulheres que sua fundação ajuda.
“Uma das coisas que me deu mais felicidade em ser mulher é a companhia e a solidariedade de outras. Não somos rivais. Isso é uma história que os homens inventaram. Somos companheiras, irmãs. Uma mulher sozinha é muito vulnerável. Mas unidas somos invencíveis”, disse ela em castelhano.
80 ANOS
Em seu Instagram, a autora publicou seus pensamentos sobre tudo o que viveu e a idade em que chegou: “Este ano de 2022 coincidem dois aniversários significativos para mim: completo 80 anos, um número que assusta os jovens, mas que eu gosto muito, e 40 anos da publicação do meu primeiro romance, ‘A Casa dos Espíritos’. A vida passou voando. Parece que foi ontem que me pus a escrever uma frase na cozinha de nosso apartamento em Caracas: “Barrabas chegou à família pelo mar””, começou ela, fazendo referência ao seu primeiro livro, publicado durante o exílio em 1982.
“Respeito a idade, confesso que me sinto com 60, mas agora tenho mais consciência de que me resta pouco neste mundo e quero aproveitar profundamente cada dia”, continuou ela em sua reflexão.
Por fim, Isabel agradeceu a todos os que fizeram de sua vida uma história digna de livros, já que suas maiores publicações foram baseadas em suas próprias experiências e impressões. É o caso do romance ‘Paula’, narrado através de cartas que ela mesma escreveu enquanto esperava a morte de sua filha Paula no hospital.
“Desejo agradecer de todo o coração aos meus leais leitores em tantos idiomas, as minhas agentes e editores, aos meus amigos e em especial a minha pequena família, pela ajuda e carinho com que sempre me trataram”, finalizou ela.