Você já parou para pensar em como estimula seus filhos a cuidarem do nosso planeta? Enquanto vivemos em um mundo cada vez mais conectado, a preocupação com os desafios ambientais se torna essencial para que as próximas gerações estejam cientes da importância da proteção ao meio ambiente desde cedo. Afinal, a sustentabilidade e a preservação da natureza dependem do nosso comprometimento diário.
Mas como fazer isso na prática, no dia a dia mesmo? Na família da Fabíola Borges da Silva, mãe de Marina, de 10 anos, por exemplo, todos tentam reduzir a produção de resíduos, fazer a separação de materiais recicláveis, não demorar no banho e fechar a torneira ao escovar os dentes. Segundo a mãe, Marina é muito aberta ao aprendizado e gosta muito de cuidar do próximo, seja uma plantinha ou um animal.
“Então, já sinto que ela está envolvida e preocupada em manter a natureza protegida”, conta. Além disso, outra maneira que encontra para incentivar a filha a se preocupar com questões ambientais e a adotarem hábitos sustentáveis é por meio de documentários que tratam a questão do meio ambiente.
E para falar sobre esse assunto, especialmente às vésperas da Semana do Meio Ambiente, vamos explorar na coluna de hoje diferentes maneiras de estimular nossos filhos a pensarem no planeta e a se tornarem defensores ativos do meio ambiente.
PLANTANDO SEMENTES DE CONSCIENTIZAÇÃO
Desde pequenos, nossos filhos são como esponjas, absorvendo tudo ao seu redor. É fundamental começar a estimular a consciência ambiental desde cedo, através de conversas abertas e educativas sobre a importância da natureza, da biodiversidade e dos recursos naturais. Ao envolvê-los em atividades práticas e lúdicas, podemos ajudá-los a desenvolver um vínculo emocional com o meio ambiente.
Também devemos sempre lembrar que as nossas atitudes falam mais alto do que palavras. Ao modelarmos comportamentos sustentáveis no dia a dia, estamos demonstrando aos nossos filhos como é importante cuidar do meio ambiente. Podemos mostrar-lhes como economizar energia, reduzir o consumo de plástico, reciclar e reutilizar materiais. Essas ações práticas podem inspirá-los a adotar um estilo de vida mais sustentável.
Glorinha Lattinni, da dupla Glorinha e Renato, formada por músicos que compõem canções para todas as idades sobre meio ambiente, preservação, inclusão social, inclusão socioambiental e bem-estar do ser humano de forma universal, acredita que existem muitas formas de gerar curiosidade nas crianças e engajamento sobre o tema.
“Criança já é curiosa por natureza. E se a gente lembrar da nossa criança interior, vamos encontrar as crianças de hoje um pouco dentro de nós. O exemplo é o melhor caminho. Então, a partir do momento que você é esse porto seguro, que exemplifica, que fala sobre o assunto de forma consciente, procura se informar, busca informações, conversa com pessoas que possam gerar conteúdo positivo pra você falar com a sua criança, você está plantando essa semente da conscientização”, diz.
E vai além: “Hoje em dia existem tantas alternativas para reduzir o impacto ambiental. E cuidar do meio ambiente também é cuidar do ser humano, é a empatia, é o buscar algum trabalho social, procurar agir em cima de alguma causa positiva que possa melhorar a vida do outro mostrando isso para a criança, que nós somos capazes, sim, de melhorar a vida do outro. Com campanhas, com doações de roupa, com doações de brinquedo, com doações de livro, doação do seu tempo em algum tipo de prática ou trabalho. Isso tudo vai tornar essa criança mais confiante na vida, no futuro, porque ela vê que há uma continuidade”, diz.
Inclusive, para reforçar essa atitude, uma prática comum em seus shows é fazerem campanhas para quem puder levar doações. “Colocamos no site e quem vê isso são os pais, mas geralmente quem entrega a comidinha, a roupinha, o brinquedo, ou o livro, é a criança. Então, isso daí é exemplo, que muda, engrandece, dá esperança, e faz a criança se sentir parte daquilo ali, parte daquele ato, daquela ação bacana”, conta. Mas é preciso que nós, pais, também fiquemos atentos à responsabilidade que acabamos “empurrando” para nossos filhos. Afinal, como Lattinni costuma dizer, “as crianças de hoje não têm responsabilidade alguma em resolver as besteiras socioambientais geradas por nossos antepassados e adultos presentes no mundo”. E ela tem sua razão!
“Escuto muita gente dizendo que as crianças de hoje estão nascendo mais especiais, mais inteligentes e elas vão resolver essa questão. Mas não é problema das crianças que estão nascendo agora, o que foi feito de errado no passado. Qual é a responsabilidade da criança nisso? Nenhuma! A obrigação do adulto é melhorar e resolver, mesmo que a não tenhamos vivido lá na época dos nossos antepassados, mas a besteira foi feita. Eu sou uma pessoa que vivo esse mundo de irresponsabilidade socioambientais e políticas desde que eu sou criança. E eu até hoje não consegui resolver totalmente, mas escolhi um caminho na minha vida que me permite usar a minha voz, a minha arte, pra isso”, diz. Ou seja: temos que assumir nossos erros. Entretanto, é preciso alertarmos que o futuro do planeta, sim, está nas mãos deles.
Entre as músicas da dupla que podem também ajudar a plantar essa ideia da conscientização, estão “A virada”, que fala sobre o plástico no mar que agora não está só no mar, também está vindo para a água que estamos consumindo; “Viãozinho do Renato”, que as crianças adoram cantar e fala sobre o comportamento da criança em si; tem a “Blá Blá Blá”, composta durante a COP26, para um grupo chamado Famílias pelo Clima, que trabalha muito pela qualificação do ar – eles têm um trabalho bem amplo para melhorar a qualidade do ar das crianças que passam por dificuldades respiratórias em função da poluição, tanto no Brasil como no mundo; entre outras.
O PAPEL E CUIDADOS DAS EMPRESAS
Pensar em consciência com o meio ambiente, sem lembrar que vivemos em um mundo onde o consumo está sempre presente, é uma utopia. Mas é possível, sim, comprar de quem produz da forma que acreditamos ser a correta – que, neste caso, tem a ver com a preocupação com “a nossa casa”.
Antônia Rodrigues, mãe de Nina, de 8 anos, conta que, desde que começou a ler mais sobre o assunto (até porque está cada vez mais sendo falado na mídia) e entendeu que a hora de mudar tem que ser agora, reconsiderou, pela primeira vez, com profundidade, muitos hábitos de sua rotina.
“Sempre me considerei uma preocupada com a questão ambiental. Era daquela que separava lixo quando lembrava, que achava que usar papel reciclado ia ajudar o planeta. Mas a verdade é que, na prática, pouco fazia para realmente mudar. Quando preparava o lanche da escola da Nina, o caminho mais prático era o ziploc; na hora de servir, usava canudos de plástico; ao limpar a casa, aplicava o que tinha de mais forte; ao dormir, cansei de deixar luzes da cozinha acesas. E, convenhamos, essas não são atitudes de uma pessoa realmente preocupada com o futuro do planeta”, conta ela.
Certo dia, explica Antônia, Nina chegou falando sobre uma aula da escola, em que tinham abordado o assunto e que queria separar as coisas dela que não usava para doar. Também não queria mais comer carne, “porque os bichinhos sofriam”; que o banho tinha que ser mais curto, entre outras atitudes. “Naquele momento, me senti uma farsa e vi que era a hora de mudar, não apenas porque o planeta precisa disso, mas também porque a minha filha sofreria as consequências do que fazemos hoje. E aí veio, de novo, da Nina, a ideia de só consumir produtos que pudessem ser reaproveitados ou não causasse tantos danos, de empresas comprometidas, como começar a usar shampoos em barra que não vinham em embalagens plásticas; tomar banhos realmente mais rápidos, dar para ela brinquedos que fossem de alguma forma menos danosos para o planeta etc”, pontua.
E há empresas realmente engajadas nesse caminho, como a Eu amo Papel, especializada em brinquedos feitos 100% com papelão e que tem entre suas propostas trabalhar a sustentabilidade e a preservação ambiental com as crianças – por meio dos brinquedos feitos de papelão, diversos aspectos podem ser trabalhos com as crianças, como sustentabilidade e reciclagem e responsabilidade.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO ALIADA
A educação ambiental desempenha um papel fundamental na formação de crianças conscientes e engajadas. É importante buscar recursos educativos, como livros, documentários, jogos e atividades relacionadas à sustentabilidade. Além disso, participar de eventos com temáticas ambientais, como feiras e palestras, pode ampliar o conhecimento e o interesse de seus filhos sobre o assunto.
Por isso, abaixo, selecionamos algumas sugestões de locais e projetos pelo Brasil para seus filhos começarem esse contato tão importante com a natureza:
Projeto Tamar: O Projeto Tamar é uma organização que se dedica à conservação das tartarugas marinhas no Brasil. Eles possuem unidades em Pernambuco, Sergipe, Bahia, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina. Há, por exemplo, o programa Seja Biólogo Por Um Dia, onde crianças e adultos de todas as idades podem seguir os passos da equipe nos Centros de Visitantes, nas ações de educação ambiental e na veterinária, participando de atividades como o cuidado com as tartarugas, o preparo e alimentação dos animais, e conhecendo o porquê de todo esse trabalho. O programa é oferecido em dois formatos: apenas para o público infantil e para todas as idades – https://www.tamar.org.br/
Parque Villa-Lobos: Localizado na cidade de São Paulo, o Parque Villa-Lobos é um dos poucos espaços públicos de São Paulo que consegue unir lazer, bem-estar, cultura e consciência ambiental. Por lá, é possível fazer uma série de atividades ecológicas para crianças, como trilhas educativas, oficinas de reciclagem, vivências com a fauna e flora local, entre outras atividades que promovem a consciência ambiental – https://www.parquevillalobos.net/
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade: O Instituto Chico Mendes é uma Organização Não Governamental que desenvolve programas, ações e projetos buscando a conservação dos recursos naturais para a melhoria da qualidade de vida dessa e das futuras gerações. Entre os programas do Instituto, há o SISPEA, que é em um método pedagógico e participativo, desenvolvido a partir da transferência de tecnologia social própria, fundamentada em pesquisas e práticas, que aplica a educação socioambiental nas escolas com foco nas comunidades, através da construção e multiplicação de ações práticas, que formem cidadãos e cidadãs conscientes e multiplicadores, promovendo a sensibilização, a reflexão e o diálogo.
O sistema objetiva a resolução de problemas socioeconômicos e ambientais locais, de forma participativa e autônoma, planejando ações com a gestão pública municipal para promoção das políticas públicas de saúde, educação, meio ambiente, infraestrutura e ação social, observando as legislações vigentes como a Política Nacional de Educação Ambiental o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA, e a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos, visando a sustentabilidade de procedimentos na promoção da melhoria da qualidade de vida por meio da conscientização socioambiental, cidadania e a mudança de hábitos. Hoje, o SISPEA está em todas as regiões do País: Norte (Manaus), Nordeste (Ceará, Pernambuco, Bahia e Maranhão), Centro Oeste (Mato Grosso e Goiás), Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro) e Sul (Paraná) – https://institutochicomendes.org.br/
Borboletário de São Paulo: O antigo Borboletário Águias da Serra, que agora se chama Borboletário de São Paulo, é um espaço dedicado à preservação das borboletas e à educação ambiental. Oferece visitas monitoradas para crianças, onde elas podem aprender sobre o ciclo de vida das borboletas e a importância da conservação dos habitats naturais, além de outras atividades com contato com o meio ambiente – http://borboletariodesaopaulo.com.br/
Jardim Botânico do Rio de Janeiro: Os visitantes podem passear a pé ou de carro elétrico pelas aleias e ver plantas de diversos países, conhecer as estufas (Orquídeas, Bromélias, Samambaias e Plantas Insetívoras) e os jardins e coleções temáticos, como o Jardim Japonês, criado em 1935 a partir da doação de 65 exemplares de plantas típicas japonesas. O Jardim Botânico é um espaço encantador que oferece programas educativas para crianças, como o Domingo no Jardim, com diferentes atividades voltadas para esse público – https://www.instagram.com/jardimbotanicorj/
Museu do Meio Ambiente: Localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Museu do Meio Ambiente é um espaço dedicado à educação ambiental. Com exposições interativas e atividades educativas, as crianças podem aprender sobre temas como biodiversidade, sustentabilidade e preservação dos ecossistemas. Fechado para reformas em 2021, está com reinauguração prevista para esse ano.
Parque Nacional da Tijuca: O Parque Nacional da Tijuca é uma área de preservação ambiental localizada no Rio de Janeiro (RJ). Com trilhas, cachoeiras e mirantes, o parque oferece oportunidades para as crianças explorarem a natureza e aprenderem sobre a importância da conservação das florestas tropicais. Crianças com até 12 (doze) anos de idade incompletos desde que acompanhadas de um adulto, estão isentas de pagamento – https://www.icmbio.gov.br/parnatijuca/guia-do-visitante.html
AquaRio: Com 26 mil m² de área construída e 4,5 milhões de litros de água, o AquaRio é o maior Aquário Marinho da América do Sul. O local oferece uma experiência educativa única para as crianças. Além de conhecerem uma variedade de espécies marinhas, os visitantes podem participar de atividades interativas e aprender sobre a importância da conservação dos oceanos – https://www.aquariomarinhodorio.com.br/o-aquario/
Museu do Amanhã: Embora não seja exclusivamente focado em projetos ambientais, o Museu do Amanhã, localizado na região portuária do Rio de Janeiro, aborda temas como sustentabilidade e mudanças climáticas. As crianças podem explorar exposições interativas e participar de atividades que promovem a reflexão sobre o futuro do planeta. E esta semana, especificamente, vai acontecer o evento SEMEIA, entre os dias 5 e 11 de junho, que tem uma programação especial que vai abordar as questões ambientais de maneira criativa – Instagram.
Horto Botânico: O Horto Botânico do Rio de Janeiro, localizado dentro do Parque da Quinta da Boa Vista, no bairro Imperial de São Cristóvão, pertence ao Museu Nacional e conta com um espaço verde que oferece trilhas ecológicas, exposições botânicas e programas educativos para crianças. Os visitantes podem aprender sobre a flora nativa da região, bem como sobre os esforços de preservação e restauração do ecossistema. A área destina-se ao cultivo de plantas e a estudos botânicos e zoológicos para a realização pesquisas e demonstrações práticas – https://museunacional.ufrj.br/index.html
Projeto Meros do Brasil: O Projeto Meros do Brasil é uma iniciativa voltada para a conservação dos peixes da família Mero. Através de atividades educativas e de mergulho recreativo, as crianças podem aprender sobre a importância desses peixes para os recifes de coral e os ecossistemas marinhos – https://www.merosdobrasil.org/noticias2/100-meros-do-brasil
Parque Estadual da Pedra Branca: O Parque Estadual da Pedra Branca é uma grande área de conservação localizada na cidade do Rio de Janeiro. Com trilhas, cachoeiras e mirantes, o parque oferece oportunidades para as crianças explorarem a natureza e aprenderem sobre a importância da preservação das áreas naturais – http://www.inea.rj.gov.br/biodiversidade-territorio/conheca-as-unidades-de-conservacao/parque-estadual-da-pedra-branca/
Instituto Gremar: O Instituto Gremar é uma organização que atua na reabilitação de animais marinhos, especialmente aves e tartarugas marinhas, na região de São Paulo. Eles oferecem programas educacionais e atividades interativas para crianças, como visitas ao centro de reabilitação, palestras sobre conservação marinha e participação em campanhas de limpeza de praias – https://gremar.org.br/servicos/educacao-ambiental
Projeto Albatroz: O Projeto Albatroz, que tem o patrocínio da Petrobrás, trabalha com a conservação de aves marinhas, especialmente albatrozes e petréis, na região do Rio Grande do Sul. Eles possuem diferentes programas onde são realizadas atividades de educação ambiental, como palestras, oficinas e visitas à base do projeto – https://projetoalbatroz.org.br/
Instituto Baleia Jubarte: O Instituto Baleia Jubarte, localizado na Bahia, promove a conservação das baleias e dos golfinhos. Eles têm um programa de Educação Ambiental que atua de maneira ampla e voltada aos mais diferentes públicos, de estudantes a turistas e comunidades locais, para levar a informação sobre as baleias, o ambiente marinho e suas necessidades de conservação. Os Espaços Baleia Jubarte, mantidos pelo Projeto na Praia do Forte e em Vitória (ES), são centros informativos e educativos e também servem como espaços de atividades comunitárias e realização de eventos culturais.
A Arte, em especial a música, Esporte e Cultura Tradicional são também instrumentos de conscientização que utilizam em suas ações. Eventos como a Festa da Baleia Jubarte da Praia do Forte e a Semana Cultural da Baleia Jubarte de Caravelas atingem grandes públicos com a mensagem da conservação marinha de maneira alegre e integrada às tradições locais. Através de atividades nas escolas, visitas monitoradas aos Espaços Baleia Jubarte, e da Plataforma Digital Jubarte Educativa que foi desenvolvida em parceria com os professores das comunidades do litoral Sul da Bahia, o projeto contribui para que a Educação Ambiental faça parte do dia-a-dia dos estudantes – https://www.baleiajubarte.org.br/o-projeto