O furacão Helene, o mais mortal dos Estados Unidos desde 2005, trouxe consigo uma questão antiga: por que os furacões têm nomes femininos? A tradição de nomear tempestades tropicais não é nova, mas a suposta predominância de nomes femininos chama a atenção.
A prática começou ainda durante a Segunda Guerra Mundial. Só que, ao contrário do que muita gente acredita, os nomes dos furacões não são homenagens a vítimas dos desastres naturais ou políticos. Naquela época, combatentes do exército norte-americano escolhiam nomes de suas namoradas, esposas ou mães.
Os furacões com nomes femininos foram regra durante anos. Até que isso mudou, na década de 70, com a chegada dos nomes masculinos. A Organização Meteorológica Mundial (WMO) adotou o sistema para equilibrar a percepção pública.
Ou seja, embora os nomes femininos sejam frequentemente associados a grandes furacões, como Katrina (2005), Irma (2017) e Helene (2024), a ideia de que furacões sempre carregam nomes de mulheres não é mais compatível com a realidade há décadas.
Como os nomes de furacões são escolhidos?
A OMM seleciona os nomes de furacões com antecedência e reutiliza listas rotativas a cada seis anos— ou seja: a lista de 2019 será reutilizada em 2025. O uso de nomes, ao invés de números ou termos técnicos, ajudam nos alertas.
As nomenclaturas escolhidas devem ser simples, curtas e fáceis de pronunciar, também a fim de facilitar a conscientização, preparação, e contenção de riscos. Por isso, não há nomes com as letras Q, U, X, Y ou Z, que não dispõem de muitos nomes fáceis disponíveis, na lista no Oceano Atlântico.
São 21 nomes, organizados em ordem alfabética e alternando entre masculinos e femininos. A escolha dos nomes abrange a diversidade linguística das regiões afetadas pelos furacões, com exemplos em inglês, espanhol e francês para tempestades no Atlântico.
Há ainda outras regras para os nomes de furacões: se um furacão causar danos significativos ou resultar em um número elevado de mortes, seu nome é “aposentado” e substituído por outro, em respeito às vítimas.
Isso explica por que nomes como Katrina, que virou Kátia. e Sandy, que virou Sara, nunca mais serão reutilizados. Joaquin (2015) Irma (Caribe, 2017) Maria (Caribe, 2017) Florence (2018) Mitch (Honduras, 1998) Tracy (Darwin, 1974) Mangkhut (Filipinas, 2018) são outros aposentados.
Vale reforçar que as regras citadas acima são válidas para a lista das tempestades listadas pelos Estados Unidos. Atualmente, os nomes mudam de acordo com a região dos ciclones. Em alguns locais, usa-se nomes de flores, animais, personagens históricos e mitológicos e alimentos.
Machismo afeta na mortalidade?
Um estudo da Universidade de Illinois, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2014, mostrou que furacões com nomes femininos causam mais mortes em comparação aos masculinos. A discrepância é atribuída ao fato de que tempestades com nomes de mulheres são levadas menos a sério, resultando em menor preparação por parte da população.
Os pesquisadores analisaram furacões que atingiram os EUA entre 1950 e 2012, com exceção do Katrinna, pela mortalidade acima dos demais, e descobriram que, em média, cada furacão masculino causava cerca de 15 mortes, enquanto os femininos resultavam em aproximadamente 42.
Veja abaixo a lista de nomes de furacões para a temporada de 2024:
- Alberto
- Beryl
- Chris
- Debby
- Ernesto
- Francine
- Gordon
- Helene
- Isaac
- Joyce
- Kirk
- Leslie
- Milton
- Nadine
- Oscar
- Patty
- Rafael
- Sara
- Tony
- Valerie
- Wiliam