O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos é celebrado em 14 de outubro. A data visa divulgar e conscientizar sobre a importância do protocolo, essencial para qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas ou incuráveis. Embora fundamental, o tema ainda carrega muitas dúvidas.
Afinal, o que são os cuidados paliativos, e quando eles devem ser aplicados? Fernanda Callegari, médica intensivista do Hospital de Transição Revitare, reforça que os cuidados paliativos se concentram no controle dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida, enquanto o tratamento curativo visa erradicar ou controlar a progressão da doença.
Porém, eles não são contrários. A ideia é que eles caminhem juntos, proporcionando o melhor atendimento possível ao paciente, independentemente do estágio da doença: “Caso a doença piore e o tratamento deixe de ser curativo, o paciente segue com os cuidados paliativos”, explica a médica.
A abordagem multidisciplinar envolve uma equipe de médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, garantindo uma atenção integral ao paciente desde o início: “Os cuidados paliativos podem ser introduzidos desde o diagnóstico de uma doença grave, gerenciando sintomas e oferecendo suporte emocional”.
E não só apenas para sintomas físicos, como dor e falta de ar, mas também oferece apoio psicológico e espiritual.O auxílio ainda se entende além dos pacientes, chegando às suas famílias, para todos lidarem com o impacto emocional da doença da melhor forma possível.
No Brasil, 625 mil pessoas precisam do método de tratamento, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Pacientes com câncer, Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla estão entre os maiores beneficiados. A influenciadora Isabel Veloso, vítima de câncer e que está grávida, é uma delas.
Mitos sobre os cuidados paliativos
Um dos principais questionamentos sobre os cuidados paliativos é quando eles devem ser introduzidos no tratamento. Para Fernanda, assim que um paciente for diagnosticado com uma condição grave ou avançada ele já pode ser iniciado.
A falta de conhecimento sobre o tema também gera uma série de mitos e mal-entendidos. Muitas vezes, há a crença de que os cuidados paliativos só são necessários quando “não há mais nada a ser feito”, em referência à suposta indicação para pacientes em fase terminal.
No entanto, essa é uma visão equivocada: embora sejam frequentemente associados a esse estágio, eles são aplicáveis desde o início do diagnóstico de uma doença grave, independentemente da expectativa de vida, conforme a médica intensivista explica.
Outra ideia errada é que esses cuidados são limitados a pacientes com câncer, quando, na verdade, podem beneficiar pessoas com uma ampla variedade de condições, como doenças cardíacas, pulmonares e neurológicas.
Por fim, muitos também crêem que os cuidados paliativos implicam em desistir do tratamento. “Cuidados paliativos podem coexistir com tratamentos curativos. “O foco é no alívio dos sintomas e na qualidade de vida, sem necessariamente interromper os tratamentos que buscam a cura”, ressalta Fernanda Callegari.
Resistência aos cuidados paliativos
Apesar dos benefícios, não é raro que pacientes e familiares neguem a ideia dos cuidados paliativos. Para a especialista, essa resistência pode surgir por diversos motivos, como:
- Medo da morte;
- Mal-entendidos sobre o que os cuidados paliativos envolvem;
- Crença de que aceitar esses cuidados significa desistir da luta contra a doença.
Nesses casos, Fernanda defende a escuta ativa dessa família, somada a`validação de sentimentos: “Dar espaço para que pacientes e familiares expressem suas preocupações e medos. Ouvir atentamente pode ajudar a identificar a raiz da resistência. Mostra empatia e compreensão”.
Experiência positiva com os cuidados paliativos
Por fim, Callegari destaca a experiência mais marcante que teve com os cuidados paliativos. Acompanhe o relato da especialista:
“Foi quando conseguimos proporcionar o controle do sintoma de dor para uma paciente e isso, fez com que ela pudesse se despedir da família e da cachorrinha que era sua companheira de vida. A paciente pode compartilhar seus últimos dias ao lado de quem amava com qualidade.
Esse tipo de experiência ressalta como os cuidados paliativos podem transformar não apenas a vida do paciente, mas também a dinâmica familiar. A reflexão que fica é que todos vamos morrer, mas a questão é como isso vai acontecer. Fico feliz por poder proporcionar dignidade até o último dia dos meus pacientes”.
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