AnaMaria conversou com exclusividade com Nathalia Dill para saber como está sendo interpretar Elisabeta, divertida mocinha de Orgulho e Paixão. A atriz reconhece a importância das lutas de figuras femininas, semelhantes à sua personagem, para os direitos que temos hoje. E garante: ainda há muito para ser mudado!
Como tem sido participar de uma novela de época novamente?
Cada trabalho é único. Apesar de já ter feito trama de época, cada história tem sua particularidade. Essa, por exemplo, se passa no início do século XX, traz questões que me interessam muito. Elisabeta, minha personagem, é uma mulher à frente de seu tempo, que questiona os padrões impostos na época e luta pelo seu direito de escolher o que quer para a sua vida. Temos cada vez mais discussões feministas nos holofotes hoje, mas as mulheres vêm lutando por seus direitos há muitos e muitos anos. Graças a essas mulheres do passado – que se fazem tão presentes hoje -, temos direito ao voto, não nos casamos por obrigação… Ainda temos muito o quê conquistar, mas não podemos deixar de lado esse legado. Esse é um trabalho muito especial e estou muito feliz. Elisabeta é uma mocinha que foge do convencional. E isso é desafiador e muito gostoso para o meu trabalho como atriz.
A Elisabeta, dentro dos limites da época, é uma mulher à frente do tempo. Você percebe que muitas das questões abordadas por ela (como a pressão pelo casamento) continuam permeando as mulheres na sociedade?
Sim, claro! Essa é uma trama de época com questões muito contemporâneas. Ou com questões que existem há séculos e ainda não evoluímos o suficiente e, por isso, são contemporâneas (risos). Mas temos muito o quê evoluir. Essa questão do casamento, por exemplo, ainda é algo para refletirmos. Não somos mais obrigadas a nos casar por imposição da família, apesar de ainda acontecer em alguns lugares, infelizmente. Mas, mesmo que não seja uma regra, parece que existe uma cobrança velada sobre isso. A mulher que não se casa sempre é questionada. Assim como aquela que decidiu não ter filhos. Ainda vemos mulheres como figuras que precisam casar e ter filhos. E não existe regra! Não somos obrigadas a nada! Nossas leis também levam para esse caminho retrógrado. A mulher, por exemplo, tem direito à licença-maternidade. O pai, não! A sensação que se tem é de que essa é uma obrigação exclusiva da mãe. E não é. Uma das lutas feministas é justamente essa: os pais também deveriam ter licença, porque ele é uma figura que está ali não para “ajudar”, mas para cuidar do filho que colocou no mundo. Ainda temos muito para caminhar. Feminismo fala sobre direitos iguais, sobre respeito, e não sobre a mulher roubar o lugar do homem.
Como tem sido a parceria com o Thiago Lacerda? Como vocês se prepararam para viver esse romance?
Tem sido muito bom trabalhar ao lado do Thiago. A gente já fez uma novela juntos [Alto Astral, em 2014] e foi um trabalho muito feliz. Ele é um ator parceiro, que entra em cena para somar. É um cara generoso! Nós aprendemos sobre os comportamentos do período, sobre como nos portar, como era viver naquela época… Além disso, estudamos muito o texto, o Marcos [Bernstein, autor] tem um texto muito rico em detalhes. Tivemos uma preparação antes das gravações que foi muito bacana para entendermos o universo dos nossos personagens.