O uso de celular na escola sempre foi um tema polêmico. Agora, voltou a ser alvo de debates: após o Ministério da Educação anunciar a proibição dos aparelhos no ambiente escolar, uma pesquisa do Datafolha revelou a opinião dos papais e mamães.
De acordo com o levantamento, a maioria é favorável à proibição tanto nas salas de aula quanto no recreio. Veja números da pesquisa:
- Entre os brasileiros acima dos 16 anos, 62% são a favor;
- Entre os que têm filhos de até 12 anos, o índice sobe para 65%.
Por outro lado:
- 43% dos pais de crianças de até 12 anos afirmam que os pequenos possuem um celular próprio;
- Com os pais de filhos já adolescentes, o número sobe para 50%.
A pesquisa do Datafolha sobre o uso de celular na escola entrevistou 2.029 pessoas, de 113 municípios, entre 7 e 8 de outubro. Segundo o instituto, a margem de erro geral é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
É prejudicial ou ajuda? O papel do celular na educação
Embora a preocupação sobre os efeitos negativos seja generalizada, há quem defenda o uso moderado de celulares nas escolas. A opinião é que os dispositivos podem ser uma ferramenta poderosa no apoio ao ensino, especialmente em um contexto de crescente digitalização.
Essa facilidade seria promovida por meio de aplicativos educativos, acesso rápido a informações e a possibilidade de integração de novas tecnologias ao processo pedagógico. A familiaridade dos mais novos com a tecnologia facilitaria o processo de aprendizado, tornando-o mais dinâmico e atrativo
Além disso, os smartphones facilitariam a denúncia de possíveis casos de assédio, bullying, abuso e outros. No início do mês, a Polícia Civil abriu investigação contra um professor acusado de assediar um aluno de 11 anos. Outras alunas teriam registrado o abuso em um vídeo.
Por outro lado, os desafios são evidentes, com o uso indiscriminado de celulares causando um efeito oposto. Estudos apontam que o uso excessivo de dispositivos móveis pode prejudicar a concentração dos alunos, reduzir o tempo dedicado ao estudo e promover comportamentos como o cyberbullying e a distração digital.
- De acordo com a Universidade de Stavanger, da Noruega, scrollar um site, em vez de virar a página de um livro físico, atrapalha a memória e prejudica a habilidade de interpretação;
- Segundo Universidade Harvard, dos EUA, o excesso de tecnologia gera prejuízos na comunicação, problemas no sono e até atrasos no desenvolvimento cognitivo.
No início do ano letivo norte-americano, o The New York Times publicou sobre uma “nova onda de restrições” legais no país. Segundo a reportagem, 70% dos professores do ensino médio dizem que a distração dos alunos com o telefone é um “grande problema”.
Em setembro, o ministro Camilo Santana falou sobre o projeto de lei: “Na nossa avaliação, uma ‘recomendação’ seria muito frágil. Nosso objetivo é oferecer às redes de ensino segurança jurídica para que possam implementar as ações que estudos internacionais já apontam como mais efetivas, no sentido do banimento total [dos celulares nas escolas]”.
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