Carla Cristina Cardoso, que deu vida à engraçada Lulu, em Bom Sucesso, na Globo, começou a carreira na Oficina de Criação de espetáculo com apenas 20 anos. Desde pequena, ela sabia o que queria: interpretar! “O teatro dá sentido à vida”, afirma.
No palco, ela já brilhou nos espetáculos Anti-Nelson Rodrigues e Dona Flor e Seus Dois Maridos; e no musical Favela. Já na televisão, estreou em 2014 na novela Em Família.
A partir daí, não saiu mais das telas. Atuou também em Os Suburbanos, série no Multishow, levando o público a gargalhadas ao interpretar a divertida moradora de comunidade, Gisleine.
Aliás, proporcionar alegria ao outro é o que a encanta: “Fazer as pessoas rir é o que eu mais gosto. É uma sensação indescritível e gratificante poder animar a vida de alguém pelo menos por alguns minutos”, fala orgulhosa.
Fez ainda sucesso em A Regra do Jogo, como a debochada empregada Dinorah. Sua mãe, Iracema, foi quem a inspirou para compor a personagem, já que também foi empregada doméstica.
Em 2018, integrou o elenco do humorístico Zorra, interpretando vários papéis. A atriz ainda marcou presença em Malhação: Vidas Brasileiras, como Yasmin. Em breve, interpretará Valeska, uma investigadora da Polícia Federal no filme Segunda-Feira.
Dona de uma alegria contagiante e autoestima elevada, recentemente, ela se submeteu a uma cirurgia de redução de seios: “Sempre adorei ter peitão, mas vinha sofrendo de fortes dores na coluna. Saúde em primeiro lugar!”, revelou.
À AnaMaria, a atriz revela que bom humor, alegria e disposição são os combustíveis da sua vida.
Você já precisou retirar o útero. Como encarou a questão?
Sim, precisei mesmo. Encarei como algo necessário para a preservação da minha saúde, porque viver é bom demais! Fiz a retirada de cinco miomas bem gigantes, e um deles grudado ao útero. Meu médico, doutor Pacheco, que é especialista nessa área e já salvou vários úteros de pacientes, me aconselhou a retirar. Mesmo sonhando com a maternidade, aceitei para não ter problemas e surpresas no futuro. E, conversando abertamente com meu médico, ele falou que eu poderia ser mãe de outra forma, adotando uma criança, por exemplo. E é isso mesmo! A vida toda eu sonhei em adotar… Tudo certo!
Fale mais sobre a ideia da adoção…
Na verdade, sempre pensei nisso, desde os meus 15 anos. Já andei pesquisando para saber como adotar irmãos. Também fico atenta às possibilidades de conhecer crianças de outros estados. Meu sonho é ser mãe de gêmeos, e não tem esse negócio de recém-nascido, ruivo, branco… Não tenho exigência. O mais importante é ter alguém para dar amor! Você completou 45 anos há poucos meses.
Como você lida com o avançar da idade?
Muito bem, porque, para mim, idade é só número. Energia e mente são essenciais para massagear o avanço do tempo. Amo cada ano vivido e não tenho muita neura com a idade mesmo. Me sinto maravilhosamente bem. Cuidar da mente é o combustível do alto-astral e da jovialidade. Como se costuma dizer, mente sã, corpo são.
Você fez recentemente uma cirurgia de redução de mama. Foi por estética ou questão de saúde?
Saúde total. Vinha sofrendo calada da coluna havia anos, e não conseguia um intervalo para tentar resolver a questão. Em setembro, meus exames estavam ótimos, então, meu cirurgião incrível e cuidadoso, doutor Alexandre Vial, deu o ok, e eu resolvi fazer. Claro que a estética muda e é bem-vinda. Mas sempre adorei ter peitão e meus seios nunca foram problema para nada, a não ser para a coluna. Então, foi necessário.
Está feliz com o resultado?
Muito feliz e gritando gratidão o tempo todo. A cirurgia me ajudou a não ter mais noites e dias com dor. Ganhei ainda mais qualidade de vida. Esteticamente falando, também estou um nojo [gargalhadas]. Agora, só quero comprar sutiã tomara que caia e roupas que deixam as costas nuas [risos]. Brincadeiras à parte, a redução dos seios veio para evitar um problema mais grave. O procedimento foi a solução para preservar a anatomia da coluna. Faço questão de repetir: sempre amei ter peitão. Usava roupas que empoderavam os seios, mas não suportava mais conviver com tanta dor. Foi uma questão de cuidar da saúde. E isso é o principal sempre. O restante é consequência!
Você também emagreceu após a cirurgia…
Sim, perdi mais de 7 kg com todo o processo de redução dos seios, graças também a uma cirurgia no abdômen e à dieta que segui depois de realizar o procedimento. Eu estava gordinha para a novela. Dois meses depois que acabou, veio a quarentena. Em julho, senti que poderia ter passado do limite e segurei a alimentação. Fiz uma dieta em casa e, em setembro, operei. Tirei 5 kg só de peito, e fiz cirurgia de abdômen, que me fez perder mais 2 kg. Com isso tudo, ainda emagreci um pouco mais por ter mantido uma dieta para ter uma recuperação melhor.
Como você tem vivido e sentido a pandemia? Acredita que todos sairão transformados?
A minha fé e positividade me seguram muito. Na verdade, tenho segurado a onda da mente, porque foi muito difícil. Eu moro sozinha, e cada dia era um desafio para ocupar e descobrir o novo normal. Passei por decepções pessoais, que eu não esperava, e isso me assustou. Acho que quase todos sairão transformados, para melhor ou para pior. Mas o valor à vida precisa ser respeitado, pois quem faleceu por causa da Covid-19 não teve escolha…
Quais os projetos para 2021?
São vários [risos]. Já comecei a gravar um trabalho novo. Entrei o ano com o pé direito! Quero também voltar para a autoescola e, finalmente, dirigir. Pretendo ainda voltar para o inglês, viajar, estudar e trabalhar muito [risos]!
Depois de interpretar Lulu em Bom Sucesso, você afirmou que é possível alcançar a realização, mesmo sendo diferente. Você já sofreu preconceito?
Sim, muito possível, com talento, vocação e determinação. Já sofri preconceito – e preconceito disfarçado, que é o pior. Mas eu geralmente dou a volta por cima, não me deixo contaminar pela maldade. Aliás, inverto a situação e gero incômodo com meu talento, que, graças a Deus, ninguém pode me tirar. Só Deus mesmo!
Você já foi julgada pela cor da pele?
Já! A mensagem que deixo aqui aos preconceituosos de plantão é que eles não mudam o que você é. Por isso, digo sempre: não se deixe contaminar pelo preconceito. Essas pessoas têm um ‘pré’ na vida e perdem muito tempo com isso. Somos todos iguais. Infelizmente, o racismo é cultural e os preconceituosos precisam de tratamento. Eles vão para o mesmo lugar, o mesmo buraco. O coveiro vai usar a mesma pá, a mesma terra, o mesmo cimento… Então, vamos viver em harmonia!
Realizar trabalhos em que o intuito é levar o humor ao outro é o que mais encanta você? Qual o significado da alegria em sua vida?
Sim, me deixa muito feliz mesmo. A alegria alivia a tristeza, e isso já é um motivo para comemorar. Ser feliz é uma obrigação.