A traição ainda é um dos temas mais polêmicos quando se fala em relacionamentos, mas um novo levantamento mostra que a forma como as pessoas lidam com esse tipo de situação está mudando. De acordo com um relatório global da plataforma Ashley Madison, feito em parceria com a YouGov, 43% dos brasileiros afirmam que poderiam perdoar um parceiro infiel — um índice acima da média global, que é de 34%.
O estudo analisou dados entre 2019 e 2024, com entrevistas realizadas em países como Brasil, Estados Unidos, Alemanha e México. No Brasil, as mulheres aparecem como as mais dispostas ao perdão: 46% delas dizem que dariam uma segunda chance, contra 40% dos homens.
Por que as pessoas traem?
Entre os brasileiros que admitiram já terem sido infiéis — 32% dos homens e 23% das mulheres — os motivos variam. Enquanto os homens citaram a busca por novidade como principal razão, as mulheres apontaram a carência de atenção e afeto. Curiosamente, quase um quinto dos entrevistados acredita que uma traição pode até fortalecer o relacionamento, reacendendo o desejo pelo parceiro original.
No cenário global, a realidade não é tão diferente. Cerca de 29% das pessoas que vivem relacionamentos monogâmicos confessam já ter traído. Falta de conexão emocional, insatisfação sexual e desejo por novas experiências estão entre os fatores mais mencionados.
Infidelidade e autoconhecimento
Entre os usuários da própria Ashley Madison, 63% relataram que a infidelidade teve um efeito positivo, levando-os a refletir sobre o que realmente desejam. Em alguns casos, os relacionamentos se tornaram mais abertos e honestos. Para 21% dos entrevistados, a experiência ajudou a valorizar mais o parceiro oficial, enquanto 18% afirmam ter se tornado mais transparentes sobre suas necessidades emocionais.
A terapeuta Tammy Nelson, autora do livro Open Monogamy, explica que as mulheres estão assumindo um papel mais ativo na hora de buscar satisfação pessoal. Segundo ela, há um movimento crescente de mulheres que não aceitam viver relacionamentos frustrantes, seja no campo sexual ou emocional.
O papel da cultura pop e da tecnologia
Séries como Big Little Lies e The Affair têm trazido à tona debates sobre fidelidade, mas 50% dos entrevistados acham que a mídia exagera nos aspectos negativos. Já a tecnologia também entra nessa equação: com aplicativos e redes sociais, o acesso a novas conexões ficou mais fácil — o que pode aumentar as tentações e, ao mesmo tempo, dificultar a manutenção de vínculos duradouros.
A pandemia de Covid-19, com suas tensões e longos períodos de convivência forçada, também foi apontada como um fator que impactou diretamente os relacionamentos, levando algumas pessoas a repensarem seus limites e modelos afetivos.
Cada relação, uma história
O estudo aponta que, embora o estigma da traição ainda exista, muitos já reconhecem que os relacionamentos são complexos e não seguem um único padrão. Para alguns casais, o perdão pode significar uma nova chance de reconexão e aprendizado — mesmo após a quebra de confiança.
Resumo:
Uma pesquisa global revelou que 43% dos brasileiros seriam capazes de perdoar uma traição, com as mulheres liderando esse índice. A infidelidade ainda é cercada de tabus, mas o estudo mostra que, para muitas pessoas, ela pode gerar reflexões, reconexão e até melhorias no relacionamento principal. Fatores como carência, desejo por novidades e influência da cultura pop ajudam a explicar esse comportamento.
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