Uma reportagem do Notícias da TV retratou um processo contra a Record pela demissão de autores de novelas, nesta quarta-feira (31). O motivo é que os trabalhadores teriam sofrido intolerância religiosa após se recusarem a virarem evangélicos – assim como Edir Macedo, dono da emissora e líder da Igreja Universal do Reino de Deus.
Quem levou o caso à Justiça foi Paula Richard, que exige indenização de R$ 5,6 milhões pelo suposto preconceito religioso. Além dela, Emílio Boechat, Camillo Pelegrini, Joaquim Assis, Cristiane Fridman também teriam sido demitidos pelo mesmo motivo.
Segundo ela, o problema teria começado quando a filha de Edir Macedo passou a comandar formalmente a produção de novelas da Record. Com isso, Cristiane Cardoso demandou que todos os escritores estivessem alinhados com a Universal para produzirem tramas bíblicas.
“A relação de trabalho da autora com membros da Igreja, seja na produção ou com as colaboradoras que foram inseridas na sua equipe, sempre foi amena; entretanto, ao que tudo indica, a já mencionada Sra. Cristiane Cardoso estava determinada a ter apenas membros da Igreja Universal escrevendo na Record TV”, diz o argumento de Paula.
O processo indica que Paula Richard sempre respeitou as diversas crenças, assim como os colegas demitidos. No entanto, a prioridade dos autores era fazer novelas religiosas sem enfoque direto para uma igreja – o que teria sido impedido por Cristiane Cardoso.
Outro trecho aponta: “Esse aspecto é ainda mais evidenciado quando se verifica que todos os roteiristas profissionais que trabalhavam na Record e não são membros da Igreja Universal foram demitidos. Hoje, somente a Sra. Cristiane Cardoso e membros da referida Igreja escrevem e atuam como roteiristas da Record”.
Vale destacar que a filha de Edir Macedo ocupa publicamente o posto de diretora de Dramaturgia, mas já corrige os roteiros das produções bíblicas nos bastidores desde 2015. Para Paula, a intenção de Cristiane é ‘formar uma nação cristã’ substituindo todos os profissionais do audiovisual por membros da Igreja Universal.
Procurada pelo Notícias da TV desde a última segunda-feira (29), a Record TV, Edir Macedo e Cristiane Cardoso não se pronunciou sobre as acusações da ex-funcionária até o momento de publicação da matéria.