Boa notícia para os noveleiros de plantão! O novo folhetim das seis, ‘Nos Tempos do Imperador’, começa a ser exibida nesta segunda-feira (9), após um longo período de reprises no horário das 18h por causa da pandemia. A trama narrará os eventos entre 1856 e 1870, boa parte do Segundo Reinado, comandado por D. Pedro II – período decisivo para o Brasil que conhecemos hoje: afinal, foi nele que a escravidão teve fim, sem dar nenhum direito aos recém-libertos, e os grandes fazendeiros deram lugar aos grandes industriais na discussão de temas relevantes ao país.
A história destacará, segundo a autora, Thereza Falcão, “a relação dele [Pedro II] com ensino, cultura, patrocínio à ciência”. Para a escritora, o imperador pode ser considerado “o maior brasileiro de todos os tempos”.
Antes da novela, porém, AnaMaria Digital, com a ajuda de Aventuras na História, decidiu resgatar as aulas de história e levantar 5 pontos que você deve relembrar para acompanhar o lançamento da TV Globo!
GOLPE DA MAIORIDADE
Desde que D. Pedro I abdicou o trono e partiu para Portugal com o intuito de acalmar os moradores do país europeu – que estavam exigindo que o rei assumisse a coroa depois que o pai, D. João VI, faleceu -, o Brasil foi comandado pelas regências, já que D. Pedro II ainda era menor de idade. Este fato inflou revoltas por todo o país, exigindo o fim da monarquia e o início de uma era republicana.
Além disso, os partidos liberal e conversador estavam uma intensa disputa: enquanto o primeiro exigia que os estados tivessem maior autonomia em sua própria administração, o segundo queria manter o poder centralizado na capital, o Rio de Janeiro.
Segundo Marcos Costa, em ‘A História do Brasil Para Quem Tem Pressa’, a solução para acalmar todos os ânimos e instalar um consenso em torno da Monarquia foi o Golpe da Maioridade, que adiantou em 5 meses a coroação de D. Pedro II. O esquema foi armado pelo Partido Liberal, que acreditava que os conflitos do país seriam resolvidos pelo novo Imperador.
D. Pedro II quando jovem. (Crédito: Museu Imperial)
NOVO MUNDO
Uma das figuras centrais do período com D. Pedro II no trono foi Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Recém-chegado da Europa e com a cabeça recheada de ideias, o aristocrata abriu 17 empresas com o apoio de investidores ingleses, entre elas bancos, estradas de ferro, a maior fábrica do país, uma fundição, uma companhia de mineração, empresas de comércio exterior, mineradoras e usinas de gás.
Os empreendimentos chamaram a atenção do imperador, que sentia a necessidade de diversificar a economia do país. Afinal, boa parte das exportações do Brasil eram de cana-de-açúcar ou café. Qualquer colapso nas plantações traria um problema grande a economia; além disso, se o país quisesse crescer, ele precisava apostar em novas possibilidades.
Foi o Barão de Mauá que ajudou D. Pedro II a negociar com os traficantes de escravos para conseguir dar seguimento a lei Eusébio de Queirós, que extinguia o tráfico negreiro no Brasil. Para isso, o empresário fundou o Banco do Brasil e transformou os traficantes em ‘agiotas’.
Assim, a Inglaterra, a maior interessada na abolição da escravidão do país, já que queria transformar os escravos em consumidores de seus produtos, ficou satisfeita, investindo mais no Brasil. Além disso, os recursos que eram usados para a compra de escravos passaram a ser voltados a diversificação da economia.
A consequências foi um verdadeiro surto desenvolvimentista: em 1852, inaugurou-se a primeira linha telegráfica, no Rio de Janeiro; em 1854, abriu-se o tráfego da primeira linha de estrada de ferro no país. Neste momento, a elite urbana começa a se sobressair e a contestar os interesses da elite rural.
GUERRA DO PARAGUAI
A Guerra do Paraguai teve início em 1864, após o aprisionamento de uma embarcação brasileira, que navegava pelo rio Paraguai em direção a Cuiabá, e a invasão do Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul). Na época, os paraguaios queriam vingança após o Brasil ter invadido o Uruguai em batalha contra os blancos, aliados do presidente paraguaio Solano López. Ele é o ditador que o personagem de Selton Mello se refere nas chamadas da novela.
Para D. Pedro II, porém, havia um elemento importante da política interna no contexto da guerra. Segundo Marcos Costa, o imperador vai tentar firmar seu genro, o Conde d’Eu (marido de Princesa Isabel), no trono. Gastão de Orleans e Bragança, seu nome verdadeiro, era mal visto pela elite brasileira por ser francês e ter um pensamento liberal, diferentemente do conservadorismo da elite cafeeira.
Em 1869, Duque de Caxias toma Assunção, capital do Paraguai, e Solano López foge. A guerra se encerraria um ano depois, em março de 1870, com a morte do ditador e o Exército brasileiro sob o comando de, justamente, o Conde d’Eu.
D. Pedro com a esposa, Teresa Cristina, e as filhas, Princesa Isabel e Princesa Leopoldina. A mais velha acabaria se casando com Gastão de Orleans e Bragança, o Conde d’Eu. O imperador também teve dois filhos meninos, que morreram antes dos dois anos de idade | Crédito: eBiografia
FIM DA ESCRAVIDÃO
A escravidão foi um tema bastante importante durante todo o período do Segundo Reinado. Além da pressão inglesa para a transformação do trabalho escravo em assalariado – com claros interesses econômicos -, a maior parte do mundo já via a prática com maus olhos, inclusive setores da elite brasileira. Ainda assim, os fazendeiros escravocratas se opunham ferozmente ao estabelecimento da lei.
Por baixo dos panos, a Princesa Isabel, que assumiu o trono quando o pai fez uma viagem para a Europa, começou um intenso processo de imigração. Para Marcos Costa, intenção era garantir mão de obra após a abolição da escravidão, que já estava nos horizontes da monarca. As elites estavam preocupadas, já que o marido da princesa, Conde d’Eu, acabou com a prática depois de apenas um ano comandando o Paraguai.
Os próprios escravos, por meio dos quilombos e de irmandades religiosas, também buscavam sua alforria na Justiça. O processo todo ocorreu de forma bem contida, só acabando em 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea. Antes disso, outras leis já haviam sido criadas, como a Lei de Terras, do Ventre Livre e do Sexagenários.
Princesa Isabel no Paço Imperial momento após assinar a Lei Áurea (Crédito: Ismael Bento/Wikimedia Commons)
O 15 DE NOVEMBRO
A abolição da escravidão vai dividir o país. De um lado, os grandes fazendeiros, revoltados com a decisão; de outro, a elite liberal, que, por necessidades econômicas ou não, concordavam com a princesa. Junto disso, o imperador se desgastou também com a Igreja e com os militares, insatisfeitos desde o fim da Guerra do Paraguai.
O Marechal Deodoro da Fonseca já possuía grande influência sobre os demais colegas de farda. Insatisfeito com o ministro da época, Visconde de Ouro Preto, o militar marchou ao lado de companheiros e declarou que o ministério estava demitido. Para ele, pararia por aí – na ocasião, o Marechal até declarou que os direitos do Imperador seriam respeitados e garantidos.
No entanto, a sondagem de Gaspar Silveira Martins, desafeto histórico do Marechal, para o cargo de ministro chegou ao ouvido do republicano Benjamin Constant. Com o impulso decisivo, Deodoro cedeu às pressões dos republicanos – por um “capricho pessoal”, como afirma Marcos Costa – e resolveu pela instauração da República, assumindo o cargo de primeiro presidente.
Assim, chegou ao fim o reinado de D. Pedro II e o período de Monarquia no Brasil. O antigo imperador embarcou com a família dois dias após a Proclamação da República e morreu em um hotel em Paris, França, no dia 5 de dezembro de 1891, em consequência de uma pneumonia.