Na pele da enfermeira Estela, em Êta Mundo Melhor!, Larissa Manoela emocionou os telespectadores ao retratar uma crise de ansiedade em plena cena. A sequência exibida na novela das seis gerou comoção, despertou empatia e, mais do que isso, expôs uma pauta urgente: como anda a nossa saúde mental?
Apesar de fictício, o episódio representado por Estela escancarou um drama bem real — o Brasil lidera o ranking mundial de transtornos de ansiedade, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quase 10% da população convive com esse diagnóstico. Diante desse cenário, a cena da atriz foi como um espelho: refletiu a dor silenciosa de milhões de brasileiros que sofrem, muitas vezes, em silêncio.
Larissa Manoela tá muito artista num papel bem dramático e cheio de mistérios
A gente tá vendo o amadurecimento dela a cada novo personagem #ÊtaMundoMelhorpic.twitter.com/agK7p6cgJz
— Angélica (@Angelicacrd) July 10, 2025
Entenda como a ansiedade afeta o corpo e a mente
O psiquiatra Rafael Almeida explica que a ansiedade, embora natural em momentos de alerta, torna-se um problema quando se instala de forma constante. “É como se o corpo entrasse em estado de emergência diante de um inimigo invisível. O coração acelera, a respiração muda, a sensação é de que algo muito ruim vai acontecer, mesmo sem motivo concreto”, descreve.
Segundo ele, essa resposta extrema é um mecanismo antigo de sobrevivência, herdado da pré-história. O problema é que, hoje, ela pode ser ativada por gatilhos simples, como uma notificação de celular ou uma cobrança fora do horário de trabalho. “Vivemos em um mundo hiperconectado, onde descanso virou luxo e a urgência é constante”, pontua o especialista.
A personagem de ‘Êta Mundo Melhor!’ e a vida real
Ao mostrar Estela fragilizada em cena, a novela das seis contribuiu para normalizar a conversa sobre saúde mental. Para o psiquiatra, esse tipo de exposição é essencial para que mais pessoas reconheçam seus sintomas e busquem ajuda. “Nunca se falou tanto sobre saúde mental, mas também nunca estivemos tão adoecidos. A dor emocional não pode ser tratada como frescura, mas também não deve ser apenas medicalizada”, alerta.
A crise de Estela, apesar de encenada por Larissa Manoela, poderia ser vivida por qualquer um de nós. Afinal, quem nunca se sentiu sobrecarregado, no limite, com vontade de fugir de tudo? Reconhecer essas emoções é o primeiro passo para o cuidado — e a personagem ajudou milhares de pessoas a se enxergarem.
Por que precisamos falar sobre ansiedade hoje?
Rafael ressalta que a ansiedade não nasce apenas de uma falha química no cérebro. “O ambiente em que vivemos tem papel decisivo. Pressões sociais, cobranças excessivas, falta de apoio emocional e estresse contínuo moldam nosso corpo e mente. Isso já foi provado pela epigenética”, afirma.
Ou seja, se o corpo sofre, o contexto também precisa mudar. Não adianta tratar a ansiedade só com medicamentos se o ambiente continua adoecendo. Por isso, o especialista recomenda uma abordagem integrada: psicoterapia, mudanças no estilo de vida e, quando necessário, o uso de medicamentos com acompanhamento médico.
Cuidar da mente é uma atitude coletiva
Além do tratamento individual, Rafael defende que cuidar da saúde mental é uma responsabilidade coletiva. “Não é algo que se resolve sozinho. Precisamos de políticas públicas, educação emocional desde cedo, ambientes de trabalho mais saudáveis e apoio mútuo”, destaca.
É nesse ponto que as novelas podem colaborar — como fez Êta Mundo Melhor! — ao jogar luz sobre um tema sensível e estimular o diálogo. A cena de Estela provocou reflexões, comentários nas redes sociais e, principalmente, despertou compaixão.
A importância de acolher e não julgar
Infelizmente, ainda existem muitos estigmas em torno da saúde emocional. Por muito tempo, quem sofria com ansiedade era visto como fraco ou dramático. Hoje, o risco é o oposto: achar que qualquer tristeza precisa de remédio. “Precisamos de equilíbrio. Nem banalizar o sofrimento, nem patologizar cada emoção”, resume o especialista.
A grande lição que Larissa Manoela trouxe com sua atuação é justamente essa: a importância de olhar com empatia, escuta e cuidado para quem está à nossa volta. Às vezes, um gesto de acolhimento faz toda a diferença.
O que podemos aprender com a novela das seis
Seja na ficção ou na realidade, reconhecer os sinais de uma crise emocional é fundamental. Falta de ar, tremores, taquicardia, sensação de morte iminente e dificuldade de concentração são alguns dos alertas de uma crise de ansiedade. Ao notar esses sintomas em si mesma ou em alguém próximo, buscar ajuda médica é sempre o melhor caminho.
Como destacou Rafael: “Cuidar da mente é cuidar do próprio futuro. E talvez o futuro da humanidade dependa da nossa capacidade de transformar ansiedade coletiva em sabedoria compartilhada”.
A atuação de Larissa Manoela ajuda a quebrar o silêncio
A cena protagonizada por Larissa Manoela, que dá vida à personagem Estela na novela das seis, foi mais do que um momento marcante da trama: foi um alerta necessário. Em tempos de tanta correria, dar atenção ao que sentimos é um gesto de coragem — e de autocuidado.
Resumo: A crise de ansiedade vivida por Estela em Êta Mundo Melhor! tocou o público e abriu espaço para conversas importantes sobre saúde mental. A atuação sensível de Larissa Manoela trouxe à tona uma dor comum entre os brasileiros e reforçou a necessidade de escuta, acolhimento e mudanças coletivas. Afinal, cuidar da mente é um compromisso com o presente — e com o futuro.
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