Black Phone 2 promete mais do que sustos: traz reflexões profundas sobre fé e espiritualidade. A visão dos criadores aposta no poder do terror como ponte para o cristianismo.
Para os roteiristas, ao assistir a filmes assustadores, o público assume crenças cristãs mesmo sem perceber — e é aí que o horror revela algo maior.
Por que o cristianismo está tão presente nos filmes de terror?
Segundo C. Robert Cargill, co-roteirista de Black Phone 2, toda plateia “vira cristã” ao assistir um filme de terror. A ideia é que, diante do medo, as pessoas recorrem automaticamente a conceitos como céu, inferno, Bíblia e diabo — ainda que fora das telas não sigam nenhuma religião.
Isso ocorre porque o cristianismo está enraizado na mitologia do terror: o público entende que cruzes afastam demônios, que orações funcionam contra possessões e que o inferno é um destino real. Essas referências já fazem parte do imaginário coletivo, independentemente da fé individual.
Dica rápida: Mesmo sem um discurso religioso explícito, muitos filmes usam símbolos cristãos porque o público já reconhece e aceita essas regras — tornando a experiência ainda mais imersiva.

Exemplos de crenças cristãs que o público aceita sem questionar
- Demônios podem possuir corpos e serem expulsos com orações.
- A Bíblia é vista como ferramenta de proteção contra o mal.
- O inferno é compreendido como destino legítimo para almas corrompidas.
- Objetos religiosos, como crucifixos, funcionam como escudo sobrenatural.
Essas crenças aparecem em dezenas de produções, desde os clássicos como O Exorcista até títulos recentes como Invocação do Mal. A naturalidade com que o público aceita essas ideias torna o horror um espaço ideal para discutir fé, mesmo sem parecer didático.
Black Phone 2 usa o terror para falar de esperança e amor
O diretor Scott Derrickson acredita que o terror atual é o novo drama do cinema. Segundo ele, enquanto outros gêneros perdem público, os filmes assustadores ganham espaço para explorar emoções profundas, como o medo da morte e o amor incondicional entre irmãos.
No caso de Black Phone 2, o foco está na ligação entre Finn e Gwen, personagens que enfrentam um assassino sobrenatural com coragem e união. Para os roteiristas, esse vínculo é uma expressão de amor cristão — mesmo em um cenário de puro horror.
Atenção: Derrickson afirma que o terror permite inserir mensagens positivas, como fé e redenção, sem parecer moralista. Isso torna o gênero mais rico e emocionalmente potente.
Curiosidades que mostram o lado espiritual do filme
- O roteirista e o diretor são cristãos declarados. Derrickson frequentou campos de inverno cristãos conservadores na infância e rejeitou muitos dos ensinamentos específicos dessa tradição religiosa, mas mantém sua fé cristã como inspiração criativa.
- Black Phone 2 aborda o inferno como lugar real, mas com sensibilidade narrativa — o filme não é explicitamente um ‘filme de fé’ no sentido evangelical, apesar dos temas cristãos profundos que carrega.
- O mal retratado no filme representa uma crítica aos falsos moralistas.
- Há elementos de redenção e sacrifício que refletem valores cristãos.
Esses detalhes transformam o longa em mais do que uma história de terror. Ele passa a ser uma obra que, por trás dos sustos, provoca reflexão sobre o bem, o mal e o que move nossas escolhas diante do medo.







