Desde que a Netflix divulgou a sinopse, a expectativa para o lançamento de ‘Os Donos do Jogo’ já era grande. Afinal, quem poderia imaginar uma produção sobre violência, traição, ambição e o lado obscuro do jogo do bicho? Quando a série chegou, no último dia 29 de outubro, a repercussão foi maior ainda.
Em poucos dias de estreia, ‘Os Donos do Jogo’ já figurava no Top 5 global da Netflix, sendo a produção de língua não inglesa mais assistida da plataforma no momento. A repercussão rendeu, inclusive, a confirmação de uma segunda temporada.
Muitos elogiaram a ousadia de colocar esse universo, considerado um crime no Brasil, como centro da narrativa. Outros reclamaram de já terem visto tramas parecidas que abordam a máfia – aqui podemos citar ‘Narcos’, protagonizada por Wagner Moura —, disputas familiares, jogos de poder e traições. Mesmo assim, a curiosidade pelo tema falou mais alto.
Ganha na técnica e enredo
Criada por Heitor Dhalia, Bernardo Barcellos e Bruno Passeri, a história gira em torno de Profeta (André Lamoglia), um jovem ambicioso que tenta ascender na hierarquia do contrabando do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Para isso, ele se envolve com famílias poderosas — os Moraes, Guerra, Fernandez e Saad — e mergulha num conflito de poder marcado por traições, alianças frágeis, violência e disputas mortais.
O elenco reúne nomes como Mel Maia, Giullia Buscacio, Juliana Paes, Chico Díaz e o rapper Xamã. Eles, talvez, sejam uma das partes mais positivas da produção. Mel e Giullia, por exemplo, dão vida a irmãs rivais com diálogos em que é possível sentir a tensão dentro de casa. Não à toa, as cenas entre as atrizes já viralizaram nas redes sociais. Outro destaque é Juliana Paes que, com sua bagagem e peso dramático, aparece como uma figura de autoridade e crueldade contida.

A trilha sonora, a ambientação carioca, das favelas aos salões, e a produção visual também recebem aplausos pela qualidade. A direção de Dhalia e a produção investem em ambientação urbana realista, com locações que reforçam o clima de tensão e decadência, além de uma fotografia que privilegia sombras, conflitos e contrastes.
Realidade à tona
Para mim, a série ganha pela coragem de trazer o submundo do Rio à tona e por entregar uma história que se assemelha muito com a realidade, especialmente por denunciar o funcionamento da contravenção, o sistema de “maquininhas, bets e pontos”. A trama também não se limita à violência, mas expõe a corrupção, a fragilidade de personagens, e como o dinheiro sujo se entrelaça com o cotidiano de muitos.
É claro que ‘Os Donos do Jogo’ traz bastante violência no enredo. No entanto, ao meu ver, isso já era de se esperar, pois é algo que, inevitavelmente, cerca o tema. Para quem esperava algo mais sutil ou com maiores reflexões sociais, a série pode soar agressiva ou “crua demais”. Porém, o que ela faz é tentar fazer um retrato do universo do jogo do bicho no Rio de Janeiro que, por mais que possa estar carregado de estereótipos negativos, não está recheado do clichê da esperança.
Se você gosta de dramas intensos e cheios de intrigas, ‘Os Donos do Jogo’ é para você. A série não tenta reinventar o gênero (não espere nada de diferente dos dramas de máfia, traição, poder e sangue), mas é envolvente e, muitas vezes, cruelmente honesta.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (5 de dezembro). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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