Sou fã de documentários, séries e podcasts que retratam crimes reais. Fico intrigada para entender a mente de um psicopata – e por isso, a série Monstros me atrai tanto. Desde a primeira temporada, é notável a humanização dos assassinos, a tentativa de entender as crenças, ilusões ou percepções daquele ser humano que comete tamanhas atrocidades. Chamo de humanizar o ato de tornar humano, não de romantizar, longe disso.
Em sua primeira temporada, Monstros abordou a vida do serial killer Jeffrey Dahmer, que chocou os Estados Unidos nos anos 80-90. Dahmer assassinou dezessete homens e garotos, entre 1978 e 1991, praticando estupros, necrofilias e até canibalismo.
Na segunda temporada foi a vez de abordar o caso dos irmãos Menendez, que assassinaram de maneira brutal os pais. Tamanho foi o sucesso da série que os réus até tentaram recursos para se livrarem das suas condenações. Felizmente, tudo foi arquivado e eles continuam na cadeia.
Chegamos em Ed Gein
A terceira temporada – a mais chocante na minha opinião – é a de Ed Gein. Ed era tão psicótico que seus assassinatos inspiraram dezenas de outros assassinos em séries, que se comunicavam com ele por cartas após ele ser “preso” em uma instituição de saúde, contando atrocidades.
Sem contar as inspirações para o cinema. Sua história inspirou nada menos do que o filme Psicose, de Alfred Hitchcok. Inclusive, durante Monstros, Hitchcok aparece criando seu filme e expõe sua frieza e loucura psíquica.
O Massacre da Serra Elétrica e O Silêncio dos Inocentes também foram inspirados em crimes de Ed. Pude até mesmo ver um pouco do Hannibal em seus crimes e feitos. Absolutamente incrível e chocante. Confesso que a trilogia do Dr. Hannibal Lecter [(Dragão Vermelho (1981), O Silêncio dos Inocentes (1988) e Hannibal (1999)] sempre esteve nos meus top 10 de filmes de suspense/terror. Mas em minha ignorância, jamais pensei que estariam ligadas a Ed Gein. Quando percebi, durante Monstros, borboletas voaram bem fundo em minha barriga.
Bates Motel, série da Netflix que retrata a vida de Norman Bates, se tornou ainda mais interessante para mim, principalmente pela brilhante atuação de Freddie Highmore, que fala igualzinho a Ed. Um show à parte!
Dois Eddies
Ed Gein viveu entre 1906 a 1984 nos Estados Unidos. Além dos assassinatos, ele desenterrava cadáveres para interagir com eles, vesti-los como a sua mãe, transar, usar suas peles para fazer cadeiras, sofás e luminárias.
Já os vivos que caíam em seu território, ele assassinava com serra elétrica ou arma de fogo. Ele colecionava suas partes, como as vulvas das mulheres. Há quem diga ainda que ele comia algumas outras partes (e até que serviu carne humana para seus vizinhos).
Mas a série vai além. Ela retrata um Ed sofredor, que queria aceitação da mãe, impiedosa durante toda sua vida. Ao se descobrir um assassino, após anos de terapia quando já está preso na clínica (ou, na época, hospício), Ed sofre. É quando recebe o diagnóstico de esquizofrênico, começa a tomar o remédio disponível na época e suas alucinações terríveis (e que o instigavam a matar) acabam.
E nós, expectadores, ficamos entre Ed assassino brutal e Ed filho sofredor, uma verdadeira criança em busca de amor, torcendo até mesmo por sua redenção no final – o que, obviamente não acontece, pois [spoiler alert!] ele morre de câncer de pulmão, após passar a vida toda preso.
A série tirou meu ar em vários momentos, me incomodou e surpreendeu. Recomendo aos fortes!
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1493, de 31 de outubro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.








