O que faz um filme ter cara de Sessão da Tarde? A trama leve que embala as tardes ao lado de um bolo com café? A estética solar, o final feliz garantido ou, talvez, o carisma de seus personagens, interpretados por atores populares? Eddie Murphy é uma presença carimbada nas películas que carregam essa essência. Só por isso, A Última Missão, comédia lançada em agosto deste ano no catálogo da Amazon Prime Video, já teria exibição garantida nas tardes da TV Globo.
Quem assiste a um longa estrelado por Murphy quer rir. É só lembrar os clássicos do ator para justificar essa expectativa: Um Príncipe em Nova York, Um Tira da Pesada, O Professor Aloprado, Dr. Dolittle e muitos outros títulos do comediante, todos com o mesmo DNA: a comédia leve americana. A expectativa é de um filme que, assim como os anteriores, traga diversão despretensiosa para toda a família.
A trama e o desempenho dos protagonistas
O filme acompanha Russell, personagem de Eddie Murphy, um motorista de carro-forte prestes a se aposentar. Ao lado de seu colega de trabalho Travis, interpretado por Pete Davidson, ele se envolve em uma tremenda roubada. A dupla é forçada por uma gangue a participar de um assalto a banco. A mistura de comédia e ação não é minha favorita, mas confesso que, quando me arrisco no gênero, costumo me divertir. No entanto, mesmo com perseguições, tiroteios e muita correria, o filme se torna cansativo.
A dinâmica entre os protagonistas é artificial. A dupla de Russell e Travis não tem química e a atuação chega a soar irritante, especialmente os trejeitos de Pete Davidson, o que é uma pena. Embora o roteiro tentasse ser uma comédia de erros, a falta de conexão entre os dois atores prejudica o ritmo e o humor, deixando a sensação de que tem algo faltando.
Vale a pena investir o seu tempo?
As cenas de perseguição são bem executadas e proporcionam momentos emocionantes, mas, infelizmente, o filme se resume a mais um título genérico de assalto, com muita gritaria e palavrões. A direção não parece ter encontrado um foco: não agrada totalmente aos fãs de filmes policiais, nem ao público que curte comédia leve ou o bom e velho besteirol americano.
A sensação é de que, apesar do potencial, o filme se perde na tentativa de agradar a todos, e o resultado final é um longa esquecível. Não assistiria novamente e, sinceramente, quase desisti antes dos créditos subirem. O brilho dos filmes de comédia que tanto amamos, neste caso, não se acende.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (5 de setembro). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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