Você já ouviu falar em telemedicina veterinária? Assim como no atendimento profissional com os humanos, tudo é feito de maneira virtual. O paciente do mundo animal, logicamente acompanhado de seu tutor, de um lado da tela, e o especialista do outro.
A princípio, pode até soar estranho, mas a modalidade parece ter chegado para ficar. Em 2022, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) regulamentou a prática nas atividades e serviços médico-veterinários, garantindo respaldo legal para a utilização dos recursos.
A promessa da telemedicina veterinária, com suas consultas e diagnósticos de maneira virtual, é democratizar e facilitar o acesso. É que o avanço tecnológico abriu um leque de possibilidades que torna o atendimento veterinário acessível àqueles em regiões distantes ou incapazes de serem atendidos presencialmente com frequência.
CFM regulamenta telemedicina no Brasil
Porém, como nem tudo são flores, a telemedicina veterinária também carrega algumas ressalvas. Afinal, como identificar problemas de saúde e recomendar o melhor tratamento para animais, à distância, se eles não se comunicam como os humanos?
Myrian Iser, docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Newton Paiva, falou sobre a novidade e a capacidade da modalidade virtual revolucionar o mercado. À AnaMaria, ela explica que é preciso um equilíbrio entre o atendimento presencial e o remoto.
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Telemedicina veterinária: pode ou não pode?
Antes de tudo, ela explica que as consultas presenciais seguem prioritárias na área. O motivo para isso é a necessidade de uma avaliação clínica completa: “Especialmente considerando que os pacientes veterinários não conseguem verbalizar seus sintomas”, reforça.
“A modalidade funciona muito bem para a avaliação de laudo de exames de imagem, porém, quando falamos de consultas, a opção presencial continua sendo a melhor opção. Assim como em atendimentos pediátricos, os animais não sabem expressar o que estão sentindo, e muitas vezes a distância impossibilita o diagnóstico”, acrescenta Iser.
Além disso, é necessário um contato frente a frente antes da possibilidade de um atendimento virtual. De acordo com a especialista, o conhecimento prévio do paciente por parte do médico-veterinário é essencial para um atendimento eficaz.
“A decisão de optar pela telemedicina deve sempre ser pautada pela premissa de não causar maleficência ao paciente, garantindo assim que o cuidado à distância seja tão eficaz quanto possível”, explica Myrian, que reforça que a modalidade não abrange situações de urgência e emergência.
Os benefícios da telemedicina veterinária
Por outro lado, a especialista também destaca os benefícios da modalidade. Para ela, a teleinterconsulta, que é a troca de informações entre os profissionais da área, pode ser crucial para casos mais complexos e que necessitam de uma segunda opinião especializada.
O avanço tecnológico também permite o destaque de outras modalidades da telemedicina veterinária:
- Telediagnóstico;
- Teletriagem;
- Teleorientação;
- Telemonitoramento.
Isso porque a interpretação à distância dos resultados dos exames radiográficos, tomografias e ressonâncias magnéticas é facilitada pela alta qualidade das imagens. Desta forma, a emissão de laudos ocorre de forma mais rápida e eficiente.
A avaliação inicial, feita pela triagem virtual, e o acompanhamento contínuo de pacientes com condições crônicas, com o telemonitoramento, também tornam-se mais práticos. A facilidade faz com que veterinários de diferentes localizações obtenham diagnósticos mais assertivos.
Além da praticidade e comodidade, a telemedicina veterinária também oferece benefícios na comunicação. Isso porque, ao contrário do atendimento por telefone, em que só a voz é transmitida, pacientes e profissionais conseguem se ver, facilitando a captação de expressões faciais, linguagem corporal e comunicação visual.
Por fim, Iser destaca um benefício dentro da profissão. Segundo a especialista, a telemedicina veterinária tem incentivado a especialização profissional, permitindo que veterinários busquem aprimoramento em áreas específicas sem as barreiras geográficas.
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