Eles são fiéis, carinhosos e, muitas vezes, os melhores ouvintes que uma criança pode ter. Mas a relação com os animais vai além da fofura: pesquisas já mostram que conviver com pets influencia diretamente o desenvolvimento emocional, social e até cognitivo de crianças e adolescentes.
“Os animais de estimação são percebidos como um porto seguro, ajudam a regular as emoções, oferecem rotina e estabilidade. Em alguns contextos, isso pode ser ainda mais importante, por exemplo, quando a dinâmica em casa é estressante ou quando a criança está passando por dificuldades emocionais”, explica Renata Roma, psicoterapeuta e pesquisadora da University of Saskatchewan, no Canadá.
Emoções sob controle
Ter um pet pode ser uma forma prática de ensinar autorregulação emocional. Quando a criança se sente triste ou ansiosa, o contato com o animal funciona como válvula de escape e espaço de acolhimento.
Além disso, os pets trazem previsibilidade: o horário da ração, o passeio e os cuidados diários criam uma rotina que transmite segurança não apenas ao animal, mas aos cuidadores..
Segundo Renata, esse vínculo também contribui para o desenvolvimento social. “O animal pode ser esse espaço seguro, estável e sempre presente, a quem a criança recorre em busca de conforto. Esse vínculo não só contribui para o desenvolvimento emocional, mas para o social, já que pode abrir caminhos para interações com outras pessoas”, explica.
O que dizem os estudos
Pesquisas internacionais reforçam essa percepção. Um levantamento feito nos Estados Unidos revelou que 63% das casas com bebês de até 12 meses já tinham um pet, e na Austrália observou-se aumento de 10% na presença de animais em famílias com filhos em idade escolar. Mais do que companhia, os bichinhos se mostraram aliados em questões de saúde mental e física.
Um estudo da Universidade da Austrália Ocidental acompanhou 4 mil crianças e concluiu que aquelas que conviviam com cães tinham menos problemas de comportamento social, eram mais ativas fisicamente e passavam menos tempo em telas.
Já outras pesquisas apontam que a simples presença de um cachorro na sala de aula ajudava crianças a cometer menos erros em tarefas de memória e concentração.
Mais do que amigos
Para muitos pequenos, o pet é quase um irmão, aquele que ouve segredos, acompanha nas brincadeiras e nunca julga. Essa relação fortalece a empatia, já que a criança aprende a reconhecer e respeitar as necessidades de outro ser vivo.
Além do aspecto emocional, os animais oferecem oportunidades de socialização. O simples ato de passear com um cachorro pode gerar interações entre famílias e vizinhos, criando laços comunitários.
Já em ambientes delicados, como casas de acolhimento, estudos mostram que pets podem ajudar a estreitar a relação entre cuidadores e crianças.
O vínculo também desperta a curiosidade natural: crianças que convivem com animais desde cedo tendem a reconhecer melhor expressões e comportamentos dos bichos, construindo uma compreensão mais profunda da natureza.
Benefícios que os pets trazem para o desenvolvimento
- Emocional: ajudam a reduzir estresse e ansiedade, além de transmitir sensação de segurança.
- Social: facilitam interações e ensinam empatia e responsabilidade.
- Cognitivo: estimulam foco e concentração em atividades.
- Físico: promovem movimento e brincadeiras, reduzindo tempo de tela.
- Familiar: podem atuar como elo de união em lares com rotinas mais estressantes.