Desenhos animados sempre colocaram cães e gatos como rivais, e algumas vezes até como inimigos quase mortais. Porém, a realidade pode ser outra! Para quem deseja ter ambos como pets, a notícia é boa: é possível ter cachorro e gato juntos.
Mas como fazer isso de maneira segura para ambos? É o que AnaMaria te conta. Para descobrir, convidamos a médica-veterinária Marina Meireles, comportamentalista do centro veterinário Nouvet, em São Paulo, que explica como introduzir os animais domésticos e evitar problemas.
Inicialmente, é importante desmistificar a ideia de que os pets são inimigos naturais. Porém, são espécies distintas e com hábitos igualmente diferentes — ou seja, alguns cuidados extras precisam ser tomados. O que não significa que cachorro e gato não possam conviver juntos.
O recomendado é que a apresentação dos pets seja feita com ambos ainda na fase filhote. De acordo com a especialista, o intervalo ideal para os cães é entre 4 a 16 semanas, e de 4 a 9 semanas para os gatos. Esse período é crítico para a socialização dos animais.
Nesta fase, os animais estão mais receptivos a novos estímulos, portanto a chance de sucesso na adaptação nesse caso é potencialmente maior, como explica Meireles. Ainda assim, a iniciação requer alguns cuidados.
“Os filhotes ficariam em ambientes separados da casa para poderem primeiro se adaptar ao ambiente, aos membros humanos da família e, quando já estiverem minimamente confortáveis, ao “irmão” canino ou felino”, acrescenta a médica veterinária.
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Já tenho um cachorro e quero adotar um gato. Como fazer?
Agora que você já sabe o período ideal de apresentação dos animais, o ideal é que busque fazer dessa forma. Por outro lado, nem sempre é possível. Como exemplo, há casos de pessoas que já têm um cachorro, mas querem adotar um gato. Como fazer?
De acordo com a veterinária comportamentalista, o ideal é que seja semelhante à apresentação de filhotes. O cachorro e o gato devem ficar separados até que o felino explore e se adapte ao ambiente. Então, a apresentação ao cão pode ser realizada. Isso porque os felinos costumam levar mais tempo para se adaptar a mudanças, especialmente se tratando de um ambiente novo.
Além disso, algumas medidas de segurança devem ser tomadas:
- Ofereça ao gato rotas de fuga;
- Mantenha o cão na guia;
- Utilize muitos petiscos, carinhos e reforçadores durante as primeiras interações;
- Nunca force uma situação desconfortável.
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E o caso inverso, quando a pessoa já é tutora de um felino e deseja adotar um cão? Também é possível manter cachorro e gato juntos desta maneira. Entretanto, o cuidado na hora de apresentar o cão recém-chegado deve ser ainda maior, conforme a especialista.
“O novo membro na família representará uma mudança drástica na rotina e nas possibilidades de circulação desse gato pela casa. Os tutores devem se atentar para que o gato tenha ambientes ao qual o cão não tenha acesso (prateleiras ou locais elevados, por exemplo), garantindo que ele possa se afastar caso fique desconfortável”, explica.
Outros cuidados necessários
Além dos cuidados de segurança, é importante prestar atenção no aspecto comportamental dos animais. Cães e gatos possuem comportamentos e hábitos completamente: “Portanto é importante que o tutor respeite as particularidades de cada espécie”, explica a especialista.
Como exemplo, ela cita a preferência dos gatos, que costumam gostar de comer sozinhos e longe de outros animais. Por isso, a companhia canina pode ser desagradável para ele durante a refeição. Os felinos podem preferir um ambiente mais reservado, como locais elevados.
“Além disso, a caixa de areia deve ser posicionada de modo que o cão não tenha acesso, para evitar que o felino se sinta acuado e deixe de usar a caixa”, reforça Marina.
Sinais da relação entre cachorro e gato
Feita a apresentação e a introdução da relação entre o cachorro e gato, deve-se observar em que pé ambos estão. Os animais dão sinais claros quando estão confortáveis — e também quando não estão. E é papel do tutor garantir que tudo está bem entre os amigos de quatro patas.
Segundo a especialista, sinais de que a adaptação vai bem incluem interações afiliativas, como deitar-se próximos um ao outro, buscar a companhia do outro e brincar, além de apresentar comportamentos relacionados ao relaxamento, como brincar, comer, circular pela casa, etc.
Do contrário, os sinais importantes que indicam problemas na adaptação são diferentes entre cachorros e gatos. Os felinos deixam de comer, beber água ou fazer as necessidades na caixa, por exemplo. Buscar esconderijos ou ficar “entocado” a maior parte do tempo são outros sinais de que não estão confortáveis em circular pela casa na presença do cão.
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Os cães também buscam isolamento e distância do companheiro felino. Eles também podem passar a demonstrar sinais de agressividade. Normalmente, eles são maiores e mais fortes que os gatos, então podem gerar problemas maiores. “Além disso, qualquer alteração clínica, como vômitos, diarreia, alterações na urina, etc., pode ser reflexo de que a adaptação está sendo fonte de estresse no animal.
Marina alerta que, caso seu cachorro e gato não se deem bem, o primeiro passo é buscar ajuda especializada, como de um veterinário comportamentalista, adestrador e/ou comportamentalista de
felinos: “Os profissionais muitas vezes atuam em conjunto, de modo a ajustar o ambiente, a rotina e as demandas da família. Isso possibilita uma reintrodução positiva e a criação de novos vínculos”.
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