A ansiedade canina é uma condição que tem gerado cada vez mais preocupação em tutores em todo o mundo. E não à toa: a condição é cada vez mais frequente. De acordo com um estudo da Universidade de Helsinque, na Finlândia, 3 em cada 4 cães apresentam sintomas relacionados.
O Brasil, terceiro maior país em população de pets, com 149 milhões de animais, reflete essa tendência. Em entrevista ao Opinion Box, 81% dos tutores consideram seus pets como parte da família. A princípio, o apego parece benéfico. Afinal, carinho nunca é demais, não é mesmo?
Na verdade, depende. É que a ‘humanização’ em excesso também tem seus perigos. O hábito os afasta de seus instintos naturais e pode gerar dependência do tutor — uma das consequências disso é a ansiedade canina. Marina Meireles, veterinária comportamentalista do Nouvet, centro veterinário hospitalar de São Paulo, explicou o problema.
A ansiedade canina
O quadro de ansiedade canina pode se manifestar de diferentes formas, como ansiedade de separação, falta de rotina e até alterações causadas por mudanças bruscas. Quando não tratada, o quadro pode gerar outros problemas de saúde, incluindo transtornos gastrointestinais e comprometimento do sistema imunológico.
A doença pode surgir por diferentes gatilhos, e a dependência excessiva do tutor é uma das causas mais comuns. Neste caso, cães que vivem em ambientes onde a atenção constante é o padrão estão mais suscetíveis, principalmente quando eles não têm tantos estímulos.
Isso ocorre pelo acúmulo de energia, que se transforma em estresse e ansiedade. Mudanças bruscas no ambiente ou na rotina também são gatilhos importantes. Alguns exemplos:
- Chegada de um novo pet ou bebê;
- Mudança de casa;
- Perda de um membro da família;
“Nesse cenário, o tutor deve considerar a adaptação gradual do pet aos cheiros (no caso do novo pet ou chegada de um bebê) e ambientes (nova casa). Para isso, vale consultar um veterinário comportamentalista que orientará como fazer essas habituações”, explica Marina.
Sintomas da ansiedade canina
Os sintomas da ansiedade canina podem ser sutis, mas é fundamental que os tutores estejam atentos a sinais comportamentais e físicos. Entre os sinais mais comuns estão:
- Latidos excessivos ou fora de contexto;
- Medo e apatia ou, ao contrário, hiperatividade;
- Lambedura excessiva do corpo;
- Falta de apetite ou compulsão alimentar;
- Destruição de objetos e móveis;
- Salivação em excesso;
- Marcação de território pela casa.
Ao primeiro sinal atípico que o tutor identificar, o pet deve ser levado ao veterinário para consulta. O diagnóstico será feito por meio do histórico do pet e de um check-up clínico para descartar outras doenças e problemas que possam estar causando o problema”, explica Marina.
Ignorar os sinais de ansiedade canina pode levar a problemas mais graves, incluindo o agravamento de questões comportamentais e danos à saúde física do animal. Por isso, identificar os sintomas precocemente e buscar ajuda especializada são passos essenciais para garantir a qualidade de vida do pet.
O tratamento contra a ansiedade canina
Já para o tratamento contra a ansiedade canina, a recomendação é contar com um especialista comportamental, que avaliará cada caso de maneira individual. De maneira geral, as indicações vão desde terapias e técnicas à ação conjunta com medicamentos.
“Hábitos já conhecidos e saudáveis nunca falham”, reforça a especialista do Nouvet, que dá dicas de estratégias eficazes para solucionar o comportamento ansioso do pet, como estimular brincadeiras com enriquecimento ambiental e cumprir com as rotinas de passeios e alimentação.
“Além disso, também vale avaliar diversificar o ambiente onde o cão passa o tempo, oferecendo novos espaços e brinquedos, assim como oferecer recompensas que estimulam o instinto de caça e faro”, finaliza Meireles.