O Brasil tem mais de 164 milhões de animais de estimação, segundo dados da Abinpet, mas nem todo tutor está preparado para receber um bichinho em casa. Muitas vezes, a decisão é movida pela emoção ou pela aparência do pet, sem considerar aspectos práticos da rotina. O resultado pode ser frustrante para a família e doloroso para o animal, que acaba sendo devolvido ou negligenciado.
Segundo Renata Roma, psicoterapeuta e pesquisadora da University of Saskatchewan, no Canadá, pensar antes de adotar é um gesto de cuidado. “Escolher um pet compatível com o perfil da família é essencial, porque isso garante o bem-estar das pessoas e também do próprio animal. É importante considerar a rotina da casa: quanto tempo a família passa fora, quanto tempo terá para dedicar aos exercícios e cuidados, além das demandas de atenção que cada espécie ou raça pode ter”, explica.
Avalie antes de adotar
- Espaço físico: cães de grande porte precisam de quintal ou passeios longos, enquanto animais menores, como gatos e roedores, se adaptam melhor a apartamentos.
- Rotina da família: pets que demandam mais interação, como cães filhotes, precisam de tempo e paciência para educação e socialização. Já animais mais independentes, como peixes ou alguns roedores, podem ser uma opção para quem passa muito tempo fora de casa.
- Expectativa de vida do animal: enquanto cachorros podem ultrapassar 15 anos de convivência, hamsters vivem cerca de dois. É importante considerar como a vida da família pode mudar nesse período e se haverá condições de cuidar do pet em todas as fases.
Compatibilidade com crianças
Quem tem filhos pequenos precisa levar em conta tanto a idade das crianças quanto o porte do animal. “Um pet muito pequeno pode correr riscos ao ser manipulado por crianças menores”, lembra Renata.
Cães maiores, por outro lado, exigem força e responsabilidade de um adulto ou adolescente na hora dos passeios. Pensar nessa combinação evita acidentes e contribui para uma convivência mais segura.
Evitando frustrações e devoluções
Olhar apenas para a aparência não é suficiente. Pesquisar sobre temperamento, nível de energia, cuidados de saúde e custos de manutenção faz toda a diferença. “É fundamental pesquisar sobre as necessidades específicas de cada animal, conversar com especialistas, entender as características antes da escolha. Isso aumenta muito as chances de um ‘casamento’ que realmente dê certo entre família e animal de estimação”, reforça Renata.
Cães filhotes, por exemplo, exigem meses de paciência até aprenderem a fazer necessidades no lugar certo.
Já gatos podem demorar para se adaptar a um novo ambiente e precisam de enriquecimento ambiental.
Quando essas questões não são consideradas, cresce a chance de devolução. “Evita-se frustrações e situações comuns, como a devolução do animal quando a família percebe que não consegue lidar com a realidade. E isso é doloroso tanto para as pessoas quanto para o próprio animal”, completa Renata.
Compromisso de longo prazo
Adotar um pet é assumir um compromisso que envolve tempo, dedicação e recursos financeiros. Consultas veterinárias, vacinas, alimentação adequada e brinquedos fazem parte da rotina. Também é preciso considerar o que acontecerá em períodos de viagem: hotéis especializados, pet sitters e familiares dispostos a ajudar devem estar no radar antes mesmo da adoção.
Checklist da adoção consciente
- Por que quero ter um pet? Companhia, hobby, segurança ou outro motivo?
- Tenho espaço adequado em casa para o animal viver com conforto?
- Minha rotina permite dedicar tempo aos cuidados e brincadeiras?
- Estou pronto para arcar com despesas de saúde, alimentação e acessórios?
- Tenho com quem deixar o pet quando viajar ou precisar me ausentar?
- Pesquisei sobre a expectativa de vida e as necessidades da espécie ou raça?
- Estou preparado para lidar com bagunça, adaptação e treinamento diário?
- Tenho paciência para educar o animal com consistência e carinho?
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1488, de 26 de setembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.