O podcast A Louca dos Gatos parte de uma experiência íntima para abrir um debate profundo sobre a convivência entre humanos e felinos. Criado por Stefania Fernandes, o programa usa a própria trajetória da apresentadora – da mudança de cidade ao resgate de dezenas de gatos – como fio condutor para investigar o que é afeto, o que é exagero e o que realmente ajuda um gato a viver bem dentro de casa.
A seguir, seis temas centrais da temporada, com os principais aprendizados e as vozes que acompanham a narradora nessa investigação.
1. Quando os gatos chegam
A jornada de Stefania começa já com um teste: mudar de estado levando dois gatos e, em seguida, organizar o resgate de mais de 20 felinos em um sítio. O que nasceu como uma ação pontual transformou-se no projeto @miau.more, voltado para resgates, castração e conscientização sobre guarda responsável. A experiência levanta a pergunta que persegue muitos tutores, gatos são mais felizes dentro de casa ou livres na natureza? A resposta, discutida com veterinários e voluntários, passa por cuidados, segurança e adaptação do ambiente.
“Os animais domésticos sentem emoções, como os humanos. A própria ciência se manifestou sobre isso. Em 2014, o Manifesto de Cambridge disse que cães, gatos, bovinos, ovinos e cavalos têm todo o aparato neural que justifica a consciência plena e todas as emoções que a gente conhece.”, diz Sabina Scardua, médica veterinária especializada em terapias complementares e comunicação com animais.
2. Adotei um gato… e agora?
Ao decidir adotar dois gatos, Stefania avaliou questões práticas, como custos e cuidados durante viagens, mas não anteviu a profunda transformação emocional que viria. Ela descreve o impacto afetivo, as críticas recebidas e os questionamentos sobre humanização do animal e busca, junto a uma psicanalista, entender se trata o gato como filho ou se a intensidade do vínculo é apenas outra forma de amor. A conclusão aponta para responsabilidade e consciência sobre os limites entre cuidado e projeção humana.
“O gato em relação ao cachorro é um animal semidomesticado. Cachorro se submete mais aos homens. Homens se submetem mais aos gatos”, afirma Isabela Coudry, médica veterinária sistêmica e terapeuta.
3. Como integrar um novo gato: expectativas x realidade
Trazer uma nova gatinha para casa desafiou todas as previsões de Stefania, abalando relações pessoais e expondo fragilidades no processo de adaptação. Profissionais do mundo pet e uma psicanalista acompanham a narrativa, que detalha as etapas, as frustrações e as estratégias tentadas. A mensagem é clara: unir gatos desconhecidos exige tempo, protocolo e, muitas vezes, aceitar que nem sempre haverá harmonia imediata.
“Quando a gente une gatos que não se conhecem, a gente põe tudo junto e espera que eles dividam esse ambiente de forma harmônica. Mas nem sempre isso é possível”, observa Isabella Martins, médica veterinária que estuda o comportamento felino.
4. Sentimentos dos tutores influenciam os gatos?
A convivência conturbada levou Stefania a notar que o próprio estado emocional interferia no comportamento dos animais. O episódio descreve exercícios de integração – uso de petiscos, músicas, almofadas com aroma de lavanda, divisórias e, em alguns casos, medicação prescrita – e como a tensão do tutor agravou a situação. A abordagem inclui a visão de uma bióloga comportamental que também atua como psicanalista, para apoiar o aspecto humano do conflito.
“Numa primeira visita, o que eu vejo sempre é um tutor precisando de ajuda. Então, eu busco entender o nível de consciência dessa pessoa com relação ao comportamento felino e sua expectativa quanto à adaptação.”, relata Valéria Zukauskas, bióloga, comportamentalista e psicanalista.

5. Doença e luto
O adoecimento de Gris, um dos gatos de Stefania, é o episódio mais sensível da temporada. Ela relata o processo de cuidar, a angústia das decisões e a experiência do luto quando a doença se agrava. Uma psicóloga especializada em luto por perda animal oferece orientações práticas para lidar com a culpa, o arrependimento e a necessidade de cuidar de si durante e após a doença do pet.
“No momento da partida do animal, nove entre 10 tutores sentem culpa. A maioria se questiona. Essa revisão do que ele fez ou não fez pelo animal faz parte do processo de luto.”, explica Patrícia Vidal, psicóloga e psicoterapeuta especializada em luto pela perda animal.
6. Do que os gatos realmente precisam?
No encerramento da temporada, Stefania reúne profissionais para definir prioridades do bem-estar felino: ambiente enriquecido, respeito à individualidade e compreensão das necessidades instintivas da espécie. A conclusão é que amar um gato também significa aceitar que ele é diferente, ajustar o lar às demandas naturais e aprender sobre si mesmo no processo.
“A gente precisa entender que o pet é de uma espécie diferente. É preciso buscar compreender as necessidades daquela espécie, porque é inconsciente a nossa vontade de fazer o animal se adaptar à nossa realidade.”, afirma Juliana Damasceno, bióloga, mestre e doutora em psicobiologia com especialização em comportamento e bem-estar felino.
A Louca dos Gatos é um documentário em áudio que mistura relato pessoal, investigação jornalística e entrevistas com especialistas. como veterinários, biólogos, comportamentalistas, terapeutas e psicanalistas.
Resumo:
A Louca dos Gatos usa uma experiência pessoal para explorar, com ajuda de especialistas, os desafios da convivência felina, desde resgates e adaptações até doença e luto. O podcast oferece informações práticas sobre gatificação do lar, protocolos de integração e suporte emocional para tutores.
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Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!






