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Morre Rebecca Cheptegei, atleta das Olimpíadas de Paris que teve corpo incendiado pelo namorado

A maratonista ugandesa Rebecca Cheptegei, que disputou as Olimpíadas de Paris, é a terceira atleta assassinada no Quênia desde outubro de 2021

Guilherme Giagio
por Guilherme Giagio

Publicado em 05/09/2024, às 17h00

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A maratonista teve 80% do corpo queimado após ataque de Dickson Ndiema Marangach, que também se feriu no crime. - Foto: WMTRC 2021/Thailand
A maratonista teve 80% do corpo queimado após ataque de Dickson Ndiema Marangach, que também se feriu no crime. - Foto: WMTRC 2021/Thailand

A corredora Rebecca Cheptegei, de 33 anos, morreu no início desta quinta-feira (5). A atleta de Uganda, que disputou as Olimpíadas de Paris, teve o corpo incendiado quatro dias antes, no Quênia. O responsável pelo crime é Dickson Ndiema Marangach, o ex-namorado.

Kimani Mbugua, diretor da UTI do Moi Teaching and Referral Hospital (MTRH), afirmou que a maratonista "morreu por volta das 5h30". De acordo com ele, os ferimentos atingiram a maior parte do corpo, o que levou à falência de múltiplos órgãos: "A esperança de recuperação era pequena", confessou.

O crime contra Cheptegei

O principal suspeito, Dickson Ndiema Marangach, invadiu a residência de Rebecca Cheptegei no domingo (1º). No momento, ela estava na igreja com as filhas. Quando retornou à casa, em Endebess, no Quênia, a 25 km da fronteira com Uganda, foi atacada pelo ex-namorado.

Segundo o jornal 'The Standard', ele jogou gasolina no corpo da atleta ugandesa e ateou fogo. As duas filha da maratonista, de 9 e 11 anos, presenciaram o crime. Rebecca, que terminou a maratona das Olimpíadas de Paris na 44ª posição, teve mais de 80% do corpo queimado.

"Fizemos o nosso melhor, mas não tivemos sucesso", lamentou Mbugua. Ainda de acordo com as informações do veículo local, o agressor também sofreu ferimentos. Dickson teve 30% do corpo queimado e segue na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do mesmo hospital. 

A polícia do Quênia, responsável pelas investigações, descreveu os dois como "um casal que constantemente tinha discussões familiares". Segundo Joseph Cheptegei, pai da vítima, o crime foi motivado por uma discussão a respeito de um terreno.

A Federação de Atletismo de Uganda lamentou o caso: "Lamentamos profundamente em anunciar o falecimento de nossa atleta Rebecca Cheptegei nesta manhã, vítima de violência doméstica. Como federação, condenamos tais ações e clamamos por justiça. Que sua alma possa descansar em paz.”

Violência doméstica e feminícidio no Quênia

O Quênia é um país marcado pela violência doméstica e feminício. De acordo com dados do próprio governo local, 34% das meninas e mulheres entre 15 e 49 anos já sofreram violência física. A pesquisa, de 2022, mostra que mulheres casadas são vítimas mais frequentes: 41% delas.

A preocupação se estende aos países vizinhos. O relatório da ONU Mulheres e do Escritório da ONU, também de 2022, afirmou que os países africanos registraram coletivamente o maior número de assassinatos de mulheres,

Cheptegei é a terceira esportista de destaque a ser marta na Quênia nos últimos três anos. Em outubro de 2021, a corredora queniana Agnes Tirop, de 25 anos, foi encontrada morta com ferimentos de faca na própria casa. Em abril de 2022, Damaris Mutua, 28, também foi encontrada morta em Iten, no leste do país. Em ambos os casos, os companheiros foram acusados pelos assassinatos. 

Kipchumba Murkomen, ministro dos Esportes do Quênia, descreveu a morte de
Cheptegei cama uma perda "para toda a região: "Essa tragédia é um lembrete de que devemos fazer mais para combater a violência de gênero em nossa sociedade, que nos últimos anos tem se manifestada de forma mais intensa nos círculos esportivos de elite", .

O marido da esportista de destaque, Ibrahim Rotich, acusado pelo crime, ainda não foi julgado.