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Últimas Notícias / Tragédia

Viúva de Ricardo Boechat divulga texto comovente escrito pelo marido

O jornalista faleceu no início deste mês após a queda de um helicóptero

Da Redação Publicado em 24/02/2019, às 12h40 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Veruska recitou a crônica do marido em uma missa em sua homenagem. - Reprodução/ Instagram
Veruska recitou a crônica do marido em uma missa em sua homenagem. - Reprodução/ Instagram

Duas semanas após a morte do marido, Veruska Seibel Boechat compartilhou, em suas redes sociais, um texto emocionante escrito por Boechat. 

Durante uma celebração em memória do marido, no último sábado (23), ela dedicou a escritura à todos que têm dado apoio à ela e sua família.

Confira o texto na íntegra!

“Dizem os sábios que os primeiros registros a respeito do amor surgiram ainda na pré-história. Os estudiosos admitem que, em algum momento, por volta de 1.500.000 antes de Cristo, esse sentimento sublime aflorou no coração de nossos mais remotos ancestrais, ou foi por eles, então, percebido. 

Desde então, a força do amor vem inspirando os homens em suas mais profundas crenças e criações. Sua densidade infinita levou-nos à devoção de deuses, concebidos ante a certeza de que algo tão elevado só poderia ter surgido de instância divina. Na nossa escala de valores, naquilo que cultivamos, geração após geração, ele é a fonte e a razão da própria vida. 

Sem o alimento que ele fornece, nem religiões, nem artes, nada, enfim, existiria. Esse protagonismo, entretanto, merece uma provocação. O tempo nos fez, também, evoluir. E aquilo em que nos transformamos permite que nos perguntemos se o amor, a despeito do tanto que é e sempre foi, seria, de fato, a mais elevada expressão do que somos como espécie. 

Será o amor o sentimento que mais nos caracteriza? Aquele que melhor nos distingue dos outros seres da Natureza? Se ele surge espontaneamente; se não depende de nossas decisões quando floresce ou morre, pode, então, estar no topo dos valores que reverenciamos? Nada contra o amor, claro. 

Sou um apaixonado crônico. Mas penso que essa primazia não cabe a ele e, sim, à solidariedade. Este é, também, um sentimento. E um sentimento que não existe sem o amor. Mas a solidariedade vai além. É o sentimento associado à ação. É o que floresce como amor, porque somos o campo fértil dessa semente, mas que prospera se estendemos a mão ao próximo, àquele que precisa de nós. 

É o ato racional, e, por isso mesmo, essencialmente humano. É o gesto de estender a mão, de acolher o semelhante, de dividir o pão. Sermos solidários é demonstrar capacidade de transformar o amor em atos. É fazermos jus ao que temos de melhor.”