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Taís Araújo fala sobre transição capilar: ''Não lembrava do meu cabelo sem química''

Taís Araújo relembra processo de transição capilar: ''Questão de identidade muito forte''

Juliana Ribeiro Publicado em 27/02/2020, às 08h00

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Taís Araújo falou sobre o processo de sua transição capilar - Rede Globo/ Divulgação
Taís Araújo falou sobre o processo de sua transição capilar - Rede Globo/ Divulgação

Quem vê Taís Araújo ostentando os cachos como a advogada Vitória, da novela da TV Globo ‘Amor de Mãe’, nem imagina tudo o que ela já passou para ter de volta o seu visual natural. 

A atriz conta, por exemplo, que foram muitos anos passando química para deixar os fios sempre lisos. “Nem lembrava de como meu cabelo era sem isso”, conta a atriz, em entrevista para AnaMaria Digital.

Neste bate-papo exclusivo, a estrela fala sobre seu processo de transição capilar, revela como se sente ao ser apontada como fonte de inspiração de outras mulheres na mesma situação e ainda dá dicas para quem deseja ter os cachos naturais de volta.

“O negócio é que muitas de nós não lembramos de como somos originalmente, e penso que deveríamos dar essa chance”, aconselha.

Confira!

QUANDO DECIDIU PASSAR PELA TRANSIÇÃO CAPILAR?
Confesso que não foi uma decisão minha, de livre e espontânea vontade. Isso aconteceu na época em que eu fazia a novela 'Da Cor do Pecado'. Além de passar relaxante em meus fios naturais, eu usava um aplique para a Preta, minha personagem. Daí um dia, quando fomos retocar o cabelo com o relaxante, o menino passou atrás, onde era usado o aplique, e caiu uma mecha. Na hora, falei: 'bom, então não vamos passar o relaxante, vamos só colocar esse aplique', que era aquele de cola, sabe? E foi aí que deixei de passar [química].

Taís como Preta na novela 'Da Cor do Pecado'. FOTO:Divulgação/ TV Globo

COMO FOI O INÍCIO DESTE PROCESSO?
Não aconteceu de forma muito consciente de questão identitária, não. Foi por necessidade mesmo, quando percebi que não poderia passar mais nada. Por um acaso, nesta mesma fase, conheci o Wilson Eliodorio, que é o cabeleireiro que trabalha comigo até hoje. Ao me ver, ele logo falou que meu cabelo não precisava de química. E eu nem sabia que não precisava, pois não lembrava de como meu cabelo era sem química. Ele, então, sugeriu deixar natural e eu fui deixando. Na novela seguinte, ‘Cobras e Lagartos’, eu interpretei a Ellen e precisava pintar o cabelo de loiro, uma loucura! Isso porque eu ainda tinha metade dos fios com relaxante e a outra metade sem, e ainda precisava fazer escova, mas eu fui nesse processo aí e tudo bem. 

Ellen de 'Cobras e Lagartos'. FOTO:Divulgação/ TV Globo

VOCÊ TEVE ALGUMA INSPIRAÇÃO?
Não! Até porque, na época, as pessoas não faziam isso. No entanto, se teve uma pessoa que me deu muita força e coragem para tomar a decisão, esse foi o [cabeleireiro] Wilson Eliodório. 

ACREDITA QUE A TRANSIÇÃO CAPILAR AJUDA A TRAZER ESSA Á TONA ESSA QUESTÃO DA IDENTIDADE?
Sim! No meu caso, foi a primeira vez que olhei pra mim com o cabelo que nasci. Eu sou original de fábrica deste jeito, e é ótimo! [risos] Porque, até então, ouvia dizer que não era legal [ter o cabelo assim]. Por isso, essa questão da identidade de gênero, de você se identificar com quem você é realmente é muito importante. E para nós, mulheres negras, mais ainda. 

VOCÊ CHEGOU A FAZER O BIG CHOP (GRANDE CORTE)?
Fiz duas vezes. Na sequência da Ellen, eu interpretei a Alícia, em ‘A Favorita’, que usava uma espécie de peruca costurada no cabelo. Para isso, eu fiz o Big Chop e costurei esse cabelo nele, deixando os fios naturais escondidos enquanto iam crescendo. Já na segunda vez, cortei meu cabelo bem curtinho para fazer uma campanha. Eu alisei mesmo para cortar e usar curtinho, No mês seguinte, ou dois meses depois, não me lembro bem, quando eu deveria alisar de novo, fui lá e cortei o que tinha de alisado, deixando o meu cabelo natural de novo. E aí ele foi crescendo. 

Taís cortou o cabelo bem curtinho para uma campanha FOTO:Juliana Coutinho / Divulgação

NA SUA OPINIÃO, POR QUAL MOTIVO É TÃO DIFÍCIL PARA ALGUMAS PESSOAS ACEITAREM ESSA TRANSFORMAÇÃO?
Penso que é por elas não estarem acostumadas a achar bonito o que já conhecem. É uma questão de educar o olhar mesmo, sabe? Sei lá, a pessoa te vê com o cabelo alisado e comprido uma vida inteira e, de repente, aparece com o cabelo crespo e curto. O olhar dela não está acostumado a isso, penso que é uma questão mesmo de costume.

E COMO É, PARA VOCÊ, SER CONSIDERADA UMA INSPIRAÇÃO E UMA REFERÊNCIA PARA OUTRAS MULHERES?
Hoje acho lindo quando as meninas falam isso pra mim, mas confesso que, no início, ficava absolutamente tímida, sem saber o que responder, justamente porque não entendia também esse lugar. Depois que fui voltando para a menina que era um dia, percebi que tinha essa lacuna que precisava ser preenchida também, de alguém que eu me identificasse, sabe? O mais legal de tudo é que toda relação é uma via de mão dupla. Elas também são muito importantes pra mim, pois cada palavra me dá forças para levantar e trabalhar duro igual eu faço todos os dias, desde que tinha 13 anos. Eu acho que em qualquer profissão se sentir útil é fundamental e um artista vive disso.

QUAIS DICAS VOCÊ DARIA PARA AQUELAS QUE DESEJAM PASSAR PELA TRANSIÇÃO CAPILAR?
Antes de mais nada, é preciso ter coragem. Mas, se você não gostar de cabelo curto, existem tantas opções! Tem gente que passa pela transição trançada, tem gente que passa o período fazendo escova no cabelo... Vale muito a pena ver como você é originalmente. Depois, se não gostar, e achar que tem que ter um cabelo alisado, vai e alisa. O negócio é que muitas de nós não lembramos de como a gente é originalmente, e penso que deveríamos nos dar essa chance.

Hoje, Taís ostenta cachos perfeitos FOTO: Instagram/ @taisdeverdade