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Últimas Notícias / Entrevista

''Quero ser julgada pelas minhas verdades'', diz Mariana Xavier

Atriz abre o jogo sobre o lado cruel da fama e seu conceito inspirador de autoestima

Ana Bardella Publicado em 04/01/2019, às 18h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Mariana Xavier está em cartaz com a peça O Último Capítulo - Reprodução/Instagram
Mariana Xavier está em cartaz com a peça O Último Capítulo - Reprodução/Instagram

Cheia de personalidade: é assim que a atriz Mariana Xavier poderia ser descrita. Aos 38 anos, sua carreira é marcada por papéis de destaque, como a Marcelina da sequência de filmes Minha Mãe É uma Peça e a secretária Biga, da novela global A Força do Querer. 

Mesmo com a atuação forte no cinema e nas novelas, ela não deixa de lado outras de suas paixões: o teatro e a internet. 

No bate-papo a seguir, Mariana fala sobre as dificuldades da profissão, a ansiedade gerada por ser uma figura pública e sua relação com a beleza – tudo de um jeito sincero, como ela faz questão de ser.

Você está em cartaz com a peça O Último Capítulo. Qual o enredo desse espetáculo?
O texto conta a história de um casal: uma mulher batalhadora, que trabalha como diarista. Ela é forte como a maioria das brasileiras, mas ao mesmo tempo preserva ideais românticos. Acredita que pode ter um final feliz como o das novelas. Seu esposo, Dagoberto, é um vagabundo, encostado. Quando ela chega em casa, é o último capítulo do folhetim e, então, falta energia elétrica. Com isso, os dois são obrigados a conversar, olhar para a relação que está abandonada.

O que passou pela sua cabeça quando você leu o texto?
Trata-se de uma comédia sobre um relacionamento abusivo. Estou fazendo há dois anos e pouco, e isso ainda me vem à cabeça. Não posso julgar a personagem: como atriz, tenho que contar aquela história. Mas o cara está sendo muito escroto com ela!  A gente fica achando que relacionamento abusivo só se configura quando tem violência física, mas na verdade não é bem assim. A comédia é uma lente de aumento sobre a realidade.

Como é sua rotina?
Meu ritmo de trabalho é flutuante: às vezes muito intenso, às vezes dá uma acalmada. O ano passado foi maravilhoso, mas à beira da loucura. Fiz peça, Dança dos Famosos, novela [A Força do Querer].  Agora está mais tranquilo porque não estou na televisão. Fiz muitos eventos e publicidade. Tenho mais autonomia sobre o meu tempo, pois quando se faz uma novela, ela é prioridade.

Gostaria de interpretar uma vilã?
Acho que é o sonho de todas as atrizes. Eu encho o saco com isso, falo em várias entrevistas. Queria muito mais do que fazer uma mocinha! Geralmente, as vilãs são personagens riquíssimas e que poderiam desconstruir o estereótipo de que o gordo tem que ser gente boa. Tem gordo que é mau-caráter! 

Você tem um canal no YouTube[Mundo Gordelícia]. De onde tirou a inspiração para criá-lo?
Sempre fui aquele tipo de amiga conselheira, boa ouvinte. Gostava de motivar as pessoas. Decidi criar um lugar para falar sobre essas coisas. Senti essa vontade forte quando, chegando de uma viagem, descobri que minha mãe estava com câncer.  Ainda no aeroporto liguei para ela e quem atendeu foi nossa médica, porque ela estava aos prantos, não tinha condições de falar. De repente tudo virou, entendi que precisava falar de coisas relevantes e transformadoras. Não queria virar influencer para vender esmalte.

Você é uma das principais referências brasileiras plus size. O que exatamente a moda representa para você?
A moda é um jeito de expressar sua personalidade – e não ser refém de qual vestido te cabe. Abrir minha cabeça foi um processo, tive que experimentar coisas das quais não gostava. Eu não fui gorda a vida inteira. Mas sempre escutei que gordas não podem usar branco, listras... Ia me contaminando. Hoje minha relação mudou. Eu gosto, mas não me considero uma vítima. Sou  do conforto! Gosto de me arrumar às vezes, mas no dia a dia sou sossegada, tenho roupas velhinhas. É libertador! Posso estar de calça jeans ou de salto. Tudo bem, porque a minha essência não está naquela embalagem.

Autoestima é um assunto recorrente nas suas entrevistas. Em que momentos você se sente mais de bem consigo mesma?
Não sei se existe uma resposta para isso. Acho que não tem a ver com estar arrumada. Está mais relacionado com a felicidade – mas não um conceito mágico de felicidade. Uma vez ouvi que “estar feliz é não querer que aquele momento acabe”. Pensar “que bom estar aqui, que bom ser eu, com essas pessoas, neste lugar”. Isso é um pequeno milagre. Autoestima não tem a ver só com o corpo: é autocuidado, é saber que você merece amor, que merece “autoamor”. É sempre mais fácil se cuidar quando você se ama do que quando você se odeia.