Investigações da Guarda Costeira dos EUA revelam detalhes sobre o acidente com o submarino Titan, mas algumas perguntas sobre a tragédia persistem
Publicado em 20/09/2024, às 13h30
A Guarda Costeira dos Estados Unidos divulgou, nesta semana, imagens inéditas dos destroços do submarino Titan no fundo do oceano. O submersível da OceanGate implodiu em 18 junho de 2023, uma expedição ao Titanic. Todos os cinco ocupantes morreram.
Os restos da embarcação foram encontrados a cerca de 3.800 metros de profundidade, a cerca de 488 metros da proa do Titanic. Um veículo operado remotamente - algo como um drone aquático - foi o responsável pelos registros, feitos quatro dias após o acidente.
A divulgação das imagens do submarino Titan faz parte da audiência de autoridades dos EUA sobre o caso. Além da análise das imagens, a conferência recebeu depoimentos de ex-funcionários. Embora alguns detalhes tenham sido esclarecidos, ainda há muitos pontos sem resposta.
A seguir, AnaMarialista o que se sabe e o que falta saber sobre a implosão do submarino Titan.
1. Quem eram os tripulantes do submarino Titan?
A tripulação era composta por cinco pessoas, incluindo o CEO da OceanGate, Stockton Rush. Entre os outros ocupantes estavam o bilionário britânico Hamish Harding, o explorador e empresário paquistanês Shahzada Dawood, seu filho Suleman Dawood, e o especialista em mergulho profundo Paul-Henri Nargeolet. Nenhum deles sobreviveu à implosão.
2. Qual a causa da morte dos ocupantes?
As autoridades dos EUA confirmaram que o submarino Titan sofreu uma "implosão catastrófica, causada pela alta pressão externa. No caso do Titan, ocorreu em razão das profundezas do oceano. As investigações iniciais indicam que o submersível colapsou em menos de um segundo, o que resultou em morte instantânea para os tripulantes.
Inicialmente, acreditava-se que nenhuma parte do corpo dos tripulantes seria encontrada devido à implosão. No entanto, foram encontrados restos mortais Titan, e exames de DNA confirmaram a identidade dos passageiros.
3. Os tripulantes sabiam que algo estava errado?
De acordo com a análise de especialistas, a rapidez da implosão pode não ter deixado tempo para os passageiros da embarcação reagirem. Além disso, os tripulantes podem nem ter percebido o que estava acontecendo nos segundos que antecederam a tragédia.
Ao jornal britânico Daily Mail, o ex-diretor de medicina submarina e saúde de radiação da Marinha dos Estados Unidos, Dale Molé, explicou que as mortes provavelmente foram instantâneas e indolores: "Você está vivo em um milissegundo e no próximo milissegundo você está morto".
4. Defeito seis dias antes do acidente
O submarino Titan enfrentou dezenas de problemas durante viagens anteriores: foram 70 falhas de equipamento em 2021 e 48 em 2022, segundo as investigações. Porém, a que mais chamou atenção ocorreu seis dias antes do acidente.
Nesta quinta-feira (19), o ex-diretor científico da OceanGate, Steven Ross, explicou que uma imersão foi "interrompida" devido a uma "avaria na plataforma que levou muito tempo para ser corrigida". Ele estava na embarcação com outras quatro pessoas, mas ninguém se feriu. O piloto daquele dia, Stockton Rush, foi um dos cinco mortos na implosão.
1. O que causou exatamente a implosão?
Embora se saiba que a causa imediata da morte dos ocupantes foi uma implosão, ainda não está claro o que exatamente desencadeou esse colapso estrutural do Titan. A maior possibilidade é que o material escolhido em partes do submersível colaborou com a implosão.
O submarino titan usava fibra de carbono no casco, um material considerado inadequado para resistir à pressão de profundidades extremas. Normalmente, essas embarcações são revestidas de metais, como titânio. Os destroços recuperados mostram que a fibra de carbono foi destruída, enquanto o titânio resistiu.
2. O Titan foi inspecionado corretamente antes da expedição final?
A falha na embarcação seis dias antes do acidente que deixou os cinco tripulantes foi relatada por um ex-funcionário da empresa. No entanto, ainda não foi confirmado se essas falhas foram devidamente investigadas antes da partida ou se foram ignoradas.
David Lochridge, ex-diretor de operações da OceanGate, disse que a tragédia era "inevitável". Em depoimento, ele afirmou que “toda a ideia” da empresa era “ganhar dinheiro”. O profissional ainda afirma ter alertado sobre os riscos da fibra de carbono, mas foi ignorado.
Lochridge, demitido em 2018, e processado pela OceanGate por divulgar informações confidenciais. Ele recorreu e afirmou ter sido desligado por apontar as falhas no submarino Titan.
3. Quais serão as consequências legais e regulatórias?
A família de Nargeolet, que já tinha visitado os destroços do Titanic mais de 30 vezes, acusa a empresa de homicídio culposo, e pede uma indenização de US$ 50 milhões (cerca de R$ 275 milhões). Ainda não há uma decisão definitiva sobre as implicações legais para a OceanGate.
Ou seja, até o momento, a empresa responsável pelo submarino Titan não foi responsabilizada judicialmente pelas mortes. Por outro lado, a companhia afirma ter suspendido "todas as operações comerciais e de exploração", em uma mensagem disponível no site oficial da empresa, inativo desde o caso.