Nacionalmente conhecido pelo trabalho frente a população em situação de rua ou vulnerabilidade social, Padre Júlio Lancellotti se tornou principal alvo de uma proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A comissão pretende investigar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região da Cracolândia, na região central de São Paulo.
No entanto, diversas personalidades brasileiras saíram em defesa do Padre: Daniela Mercury, Bruno Gagliasso, Paola Carosella, Fafá de Belém, entre outros, prestaram solidariedade ao Padre Júlio, ao compartilharem em seus perfis do Instagram um banner, em apoio a Lancellotti, com a mensagem “Protejam o Padre Julio Lancellotti”.
A CPI das ONGs foi proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), cofundador do Movimento Brasil Livre (MBL) e ex-advogado do ex-deputado estadual e ex-integrante do MBL Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 2022 por quebra de decoro parlamentar, após vídeo misógino contra ucranianas que fugiam dos ataques russos.
NOTA DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
“Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua. Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral? Padre Júlio não é parlamentar. Ele é o Vigário Episcopal da Arquidiocese de São Paulo “para o Povo da Rua” e exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade. Reiteramos a importância do trabalho da Igreja junto aos mais pobres da sociedade.”, diz a nota oficial.
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QUEM É JÚLIO LANCELLOTTI?
Paulistano nascido no bairro do Brás, em São Paulo, Júlio Renato Lancellotti é também responsável pela Paróquia de São Miguel Arcanjo, da Mooca. Em 1986, começou o trabalho pastoral com populações em situação de rua, menores infratores e crianças portadoras do vírus HIV.
Aos 75 anos, o Padre, que também é pedagogo, é a principal voz contra a aporofobia, que se caracteriza como o medo, rejeição, hostilidade e aversão às pessoas pobres e à pobreza. O religioso também denuncia a ‘arquitetura hostil’ ou ‘arquitetura higienista’ da metrópole, que utiliza elementos para restringir e dificultar o acesso e a presença de pessoas, especialmente aquelas em situação de rua em espaços públicos.