Jornalista e governador falavam sobre os efeitos da pandemia e a vacina contra coronavírus
Uma entrevista de José Luiz Datena com o governado do estado de São Paulo, João Doria, no 'Brasil Urgente', não saiu como o esperado na última quinta-feira (22). Isso porque ao debater os efeitos da pandemia e a vacina Coronavac, ambos acabaram discutindo.
Tudo começou quando Doria opinou sobre a declaração de Jair Bolsonaro de que não pretende comprar o imunizante chinês. Ele definiu a atitude como criminosa.
Datena, então, observou que a Coronavac "não está sendo aplicada em massa". "Não é verdade", interrompeu o governador. "Deixa eu terminar o meu raciocínio. Depois você diz se não é verdade", rebateu o comunicador. "Mas não é, estou dizendo a você que não é", repetiu João.
"Por que tanta briga por causa de uma vacina que não está aprovada? Se o senhor acusa Bolsonaro de estar usando politicamente isso. Bolsonaro está acusando o senhor da mesma coisa", disparou o jornalista.
"Negativo, Datena. Desculpa, mas eu sigo orientação da ciência. Eu nunca declarei para você nem para ninguém que era uma gripezinha", afirmou o governador.
"Mas você falou que o pior já tinha passado", contestou o apresentador. "O pior já passou mesmo. Estamos em fase de declínio [em São Paulo]. O Jornal da Band toda as noites reproduz isso. Pergunte ao Eduardo Oinegue, que apresenta todos os dias", falou Doria.
EMBATE
Nesse momento, Datena não gostou da fala do governador e rebateu. "Não estou aqui para perguntar para jornalista! Estou aqui para perguntar para o senhor! Você não precisa me mandar perguntar para companheiro meu. Eu estou perguntando para o senhor. Porque o senhor falou que o pior já passou e agora está brigando tanto pela vacina?"
"Porque nós precisamos ter. A situação pior em São Paulo já, de fato, passou. Mas nós ainda temos a pandemia. Precisamos controlar com a vacina ou com outras. Essa é a posição da ciência", replicou o entrevistado.
DISCUSSÃO TENSA
A discussão prosseguiu abordando o retorno das aulas. "São 20 médicos especialistas que cuidam disso. Não é uma determinação minha nem será sua, Datena. Com todo o respeito que você merece. Você não é médico nem infectologista", retrucou.
"Nem o senhor! Quantas pessoas morreram em São Paulo?", rebateu o jornalista, dando início ao ponto mais tenso da discussão. "Eu defendo a vida", disse Doria. "E o senhor acha que eu defendo o quê? Eu não sou médico, mas eu defendo a vida como jornalista. Essa é minha função", rebateu o apresentador, que foi avisado de que a assessoria do governador pedia para que a entrevista fosse encerrada.
Enfim, Datena pediu desculpas ao público e disse que "não queria chegar ao ponto de discutir". "Aprendi com o tempo, demorou mas aprendi, o que resta de informação é muito pouco. O entrevistado não fala, você fica discutindo, e o povo que queria ser esclarecido acaba não sendo. Essa foi uma das piores entrevistas que nós já fizemos, eu e o senhor [Doria]. Foi muito ruim. Não gostei do resultado final", declarou.
"Todos nós temos os nossos momentos bons e ruins. Somos seres humanos", pontuou o governador.