Conflitos de gerações são inevitáveis, mas semelhanças aparecem entre avós e netos
Estávamos almoçando, eu e minha neta, e comentei algo sobre a bela produção da novela das 18h da Globo, Êta Mundo Bom! Ela me olhou curiosa e perguntou: “Vó, em que ano você nasceu?”. Respondi: “1936”. Cara leitora, você precisava ver o susto que a criatura levou! Claro que ela sabe minha idade, mas a realidade dos números a assustou.
Solidária, ela disse: “Agora eu entendo quando você diz que está cansada de viver. De 1930 a 2016? É uma estrada muito longa! Estamos muito longe uma da outra. Vivemos em mundos diferentes”.
Vivemos não, querida. A diferença entre nós é que eu vi as transformações acontecerem, o que me dá uma vasta experiência. Você está chegando agora nesse assustador mundo novo pelo qual eu já caminhei por 80 anos.
Tudo bem, me atrapalho com o controle remoto da TV e computador não fala comigo. Não chamo o táxi com aplicativo nem mando nude porque o meu nude está uma desgraça. Mas entendo bastante de gente, das dores de amores, prefiro ao vivo do que conversa virtual...
Digamos que você encontrou o mundo pronto em muitos setores, e isso facilita a sua vida. Mas, ao mesmo tempo, alimenta o tédio. Como boa adolescente, você curte o tédio e a rebeldia.
E eu, minha filha, apesar de todos os esforços pra controlar, sou uma velha rebelde. Veja você que temos pontos em comum. Aliás, mais do que você pensa. E quer saber? Topa fazer um protesto com a vovó? Porque eu, como você, ainda quero mudar o mundo.