Conforme os netos vão se aproximando da adolescência, fica mais difícil o diálogo
Minha cara leitora, conta pra mim, que ninguém nos ouça: você é mãe ou avó de adolescente? Não invejo nem um tantinho! Estou na categoria de vó de uma adolescente para pagar todos os meus pecados. Ela é daquelas que faz jus à fama de ser a adolescência
uma fase ultraconturbada.
Eu me pergunto: por que esses pentelhos vêm ao mundo com a missão de torrar a nossa paciência? Onde fabricam o repertório revestido de insolência e crueldade para amargar a vida da gente? Onde foi parar aquela adorável menina,
cabecinha aninhada no meu colo, ouvindo encantada as histórias que vovó contava? Onde está aquela menininha que apertava minha bochecha e me beijava com todo amor? Onde está aquela menina que apertava meu seio e dizia: “Vovó, posso mamar no seu ‘mole-murcho’? Por que não posso?”.
Onde está aquela menina com 10 anos, mãos dadas com a vó, voltando da escola toda animada contando as novidades? Virei o rosto e, quando olhei para frente, encontrei uma mocinha de 14 anos que raivosa, petulante, que só dá valor aos amigos.
Formou um mundo sem espaço para a avó. A palavra da turma é lei. E meus 80 anos bem vividos são coisas de uma velha chata, que não serve para nada. Tudo mudou de um dia para o outro. Sei que eles crescem, precisam se afirmar, entrar no mundo adulto... Mas é preciso amassar os nossos corações? Estou com tanta saudade da minha menina! Ela não volta mais?!