A pandemia da Covid-19 vem testando a humanidade e desafiando a ciência. No meio de tanta dor, nos resta tentar viver da melhor forma possível, evitar a propagação do vírus e, especialmente, cultivar a empatia pelo próximo. O fato é que nada mais será como antes e os questionamentos sobre nossos hábitos e costumes são e continuarão sendo muitos. Mas, em meio a tantas dúvidas, Talita Younan experimentou a maior alegria de sua vida: a maternidade.
A atriz, de 28 anos, que esteve recentemente no ar na reprise de Malhação − Viva a Diferença, na Globo, descobriu a gravidez de Isabel, de quase 6 meses, em plena pandemia no ano passado, e deu à luz sua primeira filha, com o cineasta João Gomez, filho de Regina Duarte, em janeiro de 2021.
“Foi um susto! Com a primeira gravidez já é tudo novo e estávamos vivendo também um momento inédito para a humanidade. Ficamos em estado de alerta, até porque, com uma neném, tudo fica mais tenso. É um serzinho tão indefeso. Cuidado nunca é demais”, recorda.
Sensível, leoa, inspirada. É como a atriz se sente com a maternidade. Ela tem esbanjado felicidade com seu momento particular, curtido cada etapa e descobertas, mas admite que viver o puerpério num momento de tanta tensão não foi fácil. Muito chegada à família e aos amigos, ela salienta que uma das coisas que esse período ‘tira’ de quem gera uma nova vida é a possibilidade de partilhar esse amor de pertinho.
“É difícil querer estar junto das pessoas num instante tão especial e não poder. Tem gente que ainda não conhece a Bebel. A gente imagina um momento social quando um filho nasce, mas não rolou. Claro que sei que sou privilegiada, estamos todos bem e com saúde. Por isso, já sou grata a Deus todos os dias. Isso é o que é importante de verdade”, afirma Talita, que compartilhou com a AnaMaria a experiência como mamãe de primeira viagem!
UNIÃO ABENÇOADA
Ela e João estão juntos desde o fim de 2019 e casaram-se no civil em outubro de 2020, mas a atriz confessa que ainda sonha com uma cerimônia religiosa. “Casamos no meio da pandemia. Foi só a ida ao cartório e assinar a papelada, para concretizar nosso amor. Mas temos vontade de fazer uma cerimônia religiosa para amigos e família”, diz.
“Tenho um relacionamento grande com Deus, então quero muito ter alguém ali para oficializar essa relação: eu, João e Deus. A ideia também é a Bebel estar maior para entrar com os meninos (Antônio, 5 anos, e João Gabriel, 6, filhos do cineasta com a atriz Regiane Alves), em uma cerimônia tradicional. Quem sabe daqui a um ou dois anos?”, completa.
PUERPÉRIO SEM FANTASIA
“É realmente uma felicidade imensa, inexplicável. Tive uma gestação tranquila, minha filha nasceu com saúde, estamos a salvo, bem. Ter um serzinho que depende de você, que é metade você, metade o amor da sua vida é demais. Mas o puerpério não é fácil. Vivi um período cansativo, de adaptações”, conta Talita.
A atriz ressalta que o período pós-nascimento de um bebê tem suas dores e delícias: “É maravilhoso, porém, claro, há momentos desesperadores, como quando você já trocou a fralda, já deu de mamar, já viu se está com cólica, calor, frio, e nada resolve. Os primeiros 40 dias são muito cansativos. Não dormia nas primeiras semanas praticamente nada, às vezes deitava três horas por dia. Fiquei muito cansada. E teve a amamentação, que é difícil no período de adaptação também. Nos primeiros 15 dias, o peito fica machucado, sentimos muita dor. E já estamos com sono, então acho que os sentimentos ficam todos aflorados”.
“Acredito que, por isso, é um momento difícil. Juntam situações novas, complicadas, que pedem aprendizado rápido. Uma rede de apoio e a meditação me ajudaram bastante, para a cabeça ficar no lugar. Fazer orações e trocar ideias com mães que estavam passando pelo mesmo. Muitas delas sentem-se sozinhas e pouco acolhidas nesse momento. Uma dica que dou para elas? Mesmo com toda a atenção que o bebê pede, tire um tempo para você, nem que sejam 20 minutos… para tomar um banho gostoso, meditar, qualquer coisa que te faça bem. Também acho importante reservar um tempo para o casal. De resto, é só um momento novo, de adaptação, vai passar. E passa!”, termina.
Confira a entrevista na íntegra:
A maternidade implica em muitas mudanças na vida da mulher. Isso assustou você?
Sim! Não foi uma gravidez planejada, então tudo o que é novo e inesperado causa um pouco de medo e ansiedade. Fiquei assustada no início, até porque estamos vivendo um momento totalmente diferente também. Mas tudo foi se encaixando e sei que tudo acontece em um momento exato e perfeito. Foi da vontade de Deus e eu recebi como um presente. Tudo mudou, sim, mas mudou pra melhor!
E quais mudanças de fato vieram depois do nascimento de sua filha, Isabel?
A rotina mudou completamente. Hoje, tudo depende dos horários dela. Estamos na pandemia, então não estamos saindo de casa, mas, se estivéssemos em tempos normais, sei que não conseguiria fazer algo na rua por mais de duas horas porque estou amamentando no peito.
A cabeça muda também! O nascimento dela despertou, em mim, muitos sentimentos. Quero o melhor para ela. Para isso, desejo que as pessoas respeitem as diferenças e tenham mais empatia. As prioridades são outras.
Como era a Talita antes da maternidade e como é hoje, após a maternidade?
Antes, a Talita não tinha muita rotina. Cada dia era um dia diferente e sem muitas preocupações. Sempre deixei as coisas rolarem. Hoje, sigo regras, horários. Eu dormia muito tarde, agora durmo bem cedo [risos].
Sou uma mãe preocupada, fico olhando se a Isabel está respirando o tempo todo. Fiquei mais sensível e inspirada também. Quero fazer coisas diferentes, viver a vida. Isabel me inspira!
E como foi descobrir a gravidez no meio da pandemia?
Deu muito medo. Não sabia como seria estar grávida e não sabia como seria estar grávida em meio a uma pandemia. Eu sempre quis ser mãe e imaginava esse momento com minha família e amigos por perto. Nada disso foi possível. Essa foi a parte ruim. Mas também somos gratos por ter sido uma gravidez com muita saúde. Sei que teremos muito tempo para aproveitar e que, agora, é tempo de cuidar do próximo, mesmo de longe.
Você malhou durante toda a gestação. Teve medo de ficar com o corpo fora de forma?
Foi cuidado com a saúde mesmo! Queria ter parto normal e os exercícios ajudam bastante. A atividade física fazia bem para o corpo e a mente, me dava disposição. No dia em que Isabel nasceu, eu malhei, acredita? Além de malhar, eu fazia fisioterapia duas vezes por semana. Isso tudo me ajudou bastante a voltar a treinar quando minha filha estava com 40 dias. Estava só há 40 dias sem treinar, e não nove meses.
Não consegui o parto normal porque Bebel não virou de cabeça pra baixo, mas os exercícios foram ótimos para minha recuperação também. Você fez de tudo para ter um parto normal, porém precisou fazer uma cesárea. Conte como tudo transcorreu.
Fiz fisioterapia pélvica, exercícios físicos, caminhada, acupuntura, meditação, oração [risos], mas a Isabel não virou. Ela quis ficar sentadinha na barriga, daí não teve jeito, teve que ser parto cesárea. Foi lindo do mesmo jeito, emocionante. Hoje, vejo as fotos e sei que a Bebel veio do jeitinho que ela e Deus quiseram, e foi perfeito assim. Não poderia ter sido de outro jeito!
Aliás, quantos quilos você engordou durante a gestação?
Engordei 13 kg. Voltei a treinar com 40 dias da Bebel e estou amamentando. Perder peso não é a minha prioridade. Na verdade, não gosto de falar de peso porque cada mulher é uma mulher.
Acho que esse padrão de quantos quilos ganhou ou quantos perdeu é tão pequeno em um momento tão especial… Quero que Isabel esteja bem e saudável. Preciso me alimentar bem para ela e estar com bastante saúde. Os quilinhos a gente vai perdendo com o tempo.
É verdade que você começou a fazer terapia após interpretar K1 de Malhação −Viva a Diferença?
Verdade! Mexeu muito comigo o tema assédio sexual em casa. Recebi muitas mensagens de meninas que sofriam o mesmo, vítimas do pai, do padrasto, do vizinho, do tio… Precisava de um apoio para ajudar essas meninas. Comecei a terapia por mim, para me fortalecer e poder ajudá-las. Hoje não largo mais.
K1 abordou assuntos pertinentes e sempre atuais, como o assédio e o alcoolismo. Foi uma quebra de tabus falar sobre isso à tarde, para um público jovem? E como foi! E uma baita responsa também, né?
Falamos disso com muita verdade e transparência. É importante falar, os jovens estavam sedentos para ouvir sobre isso em Malhação. Era necessária a novela. Ajudou muita gente, tenho certeza.
O Cao e sua equipe escrevem muito bem para jovens, eles têm um dom de alcançá-los sem esconder fatos, sem ferir. E eu, inclusive, tenho alergia a álcool, acredita? Não tomo nem uma gota. Porém acho fundamental o tema para os jovens de hoje em dia.
Você já sofreu algum tipo de assédio?
Acho que todas as mulheres já sofreram algum tipo de assédio. Quando usamos uma roupa curta e um homem mexe com a gente na rua, quando não nos respeita por ser mulher, quando envia mensagens abusivas na internet… São muitos tipos de assédio, às vezes, até diários.
É isso que digo que quero que melhore. Espero que minha filha já possa vivenciar essas mudanças para melhor quando for adolescente, adulta. Que ela não tenha que viver isso. Que ela respeite o próximo e o trate como ela gostaria de ser tratada. Vamos conquistar isso, vamos, sim, tenho certeza!