Sua trajetória artística começou no teatro e passou pelo cinema. Depois, ganhou destaque na TV, onde fez o maior número de trabalhos, incluindo ‘Pega Pega‘ e ‘Salve-se Quem Puder‘, da Globo. Saindo da esfera profissional, João Baldasserini vem desempenhando seu melhor papel: o de pai. O pequeno Heleno, de 1 ano e 8 meses, transformou a vida do ator: “Quero ser seu melhor amigo, seu companheiro. Ser pai é o maior papel que eu já peguei”. Acompanhe o bate-papo.
Tornar-se pai mudou sua visão sobre o mundo?
Sim! Me tornou um homem mais maduro e, à medida em que vou ensinando meu filho, também vou aprendendo com ele. O Heleno traz o melhor do João: as melhores qualidades, alegria, amor, sorriso sincero. Estou aproveitando muito, vendo todo seu processo de crescimento e descoberta.
Você revelou que, na infância, seu pai não foi presente e, por isso, pretende ser o oposto para Heleno. O que faltou para você na época e hoje deseja passar a seu filho?
Tive um pai ausente, mas, em compensação, uma mãe que fez esse papel muito bem também. Com ela, eu aprendi muita coisa. Logo que o Heleno nasceu, eu me questionava: que pai eu seria para o meu filho? Isso me assustava. Mas, aos poucos, fui entendendo que eu tinha que buscar cada vez mais o autoconhecimento. Tenho 37 anos, sei o que é certo e errado, os princípios para educar e os valores que quero passar. Estou confiante em mim e em minha companheira. Estamos juntos fazendo o melhor para o nosso pequeno.
Defina João Baldasserini antes e depois da paternidade.
Antes da paternidade, o João pensava em si, era mais isolado. Depois, veio a descoberta de um amor muito louco, um instinto protetor, um zelo maior até pela minha própria vida, porque sei que o Heleno depende de mim.
Então, é possível dizer que ser pai é o seu melhor papel?
É maravilhoso ser pai. Muito desafiador. Saber se eu estou no caminho certo na educação e cuidados com o meu filho é muito mais complexo do que a construção de um personagem de ficção. Ser pai e ser ator são duas coisas que eu faço com muito amor. Ambos exigem minha entrega, respeito, cuidado e dedicação.
Dá para manter o equilíbrio num momento de tensão na pandemia?
Estamos vivendo um tempo realmente muito triste, com tantas perdas de pessoas. Um sentimento de luto amanhece comigo. Mas toda noite me debruço em um livro e tento me desligar um pouco da realidade pesada. Minha esposa, que é psicóloga, e minha família de forma geral, têm sido meu porto seguro e me ajudam a manter o equilíbrio.
Qual é a lição que devemos tirar disso tudo?
A pandemia devastou muitas famílias. O importante é aprendermos a nos levantar e tentar seguir em frente, acreditando na ciência e na compaixão do ser humano.
Você disse: “Eu sou um homem feminista, apoio o empoderamento. Fale a respeito.
Acho importantíssima a discussão sobre o feminismo e a desconstrução do homem machista do século XXI. Eu mesmo estou em desconstrução, revejo sempre meus conceitos e pensamentos. A mulher tem que ter o seu espaço de igual para igual, com os mesmos direitos. Não é possível que em tempos atuais ainda existam homens abusadores e preconceituosos. Eles precisam entrar em extinção.
O que você mais aprendeu com o personagem Zezinho, de Salve-se Quem Puder?
Eu adorei fazer o Zezinho. Já tinha vontade de fazer um personagem assim, tipo caipira. Aprendi com a pureza dele. O Zezinho é uma dessas pessoas difíceis de achar hoje em dia, com um coração bom, muito puro. É alguém que tem dificuldades, mas que não se deixa abalar, e persiste fazendo o que acha certo. Quero levar isso para a minha vida, e acho que todos deveriam levar também.
O Zezinho tem um lado rural muito forte. Você é mais urbano ou também tem ligação estreita com a natureza?
Realmente, ele é um homem que nasceu e cresceu na roça. O João nasceu em São Paulo e foi criado no interior. Gosto do movimento da cidade grande, das inúmeras coisas que a metrópole pode oferecer, mas também amo a simplicidade do interior, os pés descalços no chão…
O melhor e o pior de João Baldasserini…
Eu diria que o meu melhor é o meu desejo de melhorar sempre como ser humano, aprendendo e superando meus limites. Já o pior, creio que seja a insegurança emocional que, às vezes, me assombra. Porém, nada como a terapia, o autoconhecimento e a fé para me encorajar a seguir sempre em frente!