"Culturalmente eu fui educado para não me achar bonito mesmo", diz Samuel Assis
No ar como o advogado Ben, galã de 'Vai na Fé', Samuel de Assis deu entrevista para a Revista Caras e disse que, culturalmente, foi educado para não se achar bonito. "Foi toda uma construção. Haja terapia para a gente aprender a se olhar e se achar uma pessoa bonita", afirmou.
Para o ator, nunca ter se achado um cara bonito também veio da falta de representatividade sofrida pelas pessoas pretas, de não se verem em lugar nenhum. "Então, é muito natural que pessoas como nós cresçamos sem nos acharmos bonitos, porque a nossa cultura, o nosso País, fica o dia inteiro botando na nossa cara que ser bonito é ser outra coisa", lembrou Samuel.
"É ser heterossexual, é ser branco, magro e sem sotaque nordestino. E eu era um preto que vinha do Nordeste. Culturalmente eu fui educado para não me achar bonito mesmo. Então, foi toda uma construção. Haja terapia para a gente aprender a se olhar e se achar uma pessoa bonita", contou.
Apesar disso, ele disse achar o máximo ser visto como um galã dessa geração. "O que acho mais legal: o galã de hoje em dia não é aquele viril, branco e que não chora. O galã de hoje em dia é o homem de verdade, é o homem que está aprendendo a lidar com as suas emoções. E acho que por isso o Benjamin faz tanto sucesso, por isso que ele é um cara tão próximo das pessoas, que o público admira tanto", avaliou.
Segundo Samuel, seu personagem é um cara que lida com as suas emoções, bem ou mal, e está ali testando elas o tempo inteiro. "Porque a gente, quando nasce homem, é educado a não lidar com as emoções, suprindo todas essas emoções. É o famoso ‘homem não chora’. Por isso, acho que ser esse tipo de galã me interessa muito mais e acho muito mais legal", ressaltou.
Com vinte anos de carreira e trabalhos de destaque no currículo, como as séries 3%, da Netflix, além de Rensga Hits!, do Globoplay, o ator Samuel de Assis já se sentia realizado em sua profissão, mas o Benjamin da trama global das 7, 'Vai na Fé', veio para sacramentar essa trajetória. "Tenho a sensação de que eu trabalhei esses 20 anos para eclodir nesse momento. Acho que me preparei uma vida inteira para assumir esse lugar, que é muito difícil e importante", disse.
Para o ator, essa novela tem uma sucessão de revoluções que são importantíssimas. "A gente demorou muito tempo para ver personagens negros que não fossem marginalizados. 'Vai Na Fé' é a primeira novela com 70% do elenco negro, que não é uma novela de escravo, que os protagonistas pretos não são personagens marginalizados. É um advogado rico, uma vendedora de quentinha, uma estudante. São pessoas normais, como a gente sempre quis ser representado, como a gente é de verdade", disse.